sábado, 31 de maio de 2014
sexta-feira, 30 de maio de 2014
Dia Mundial das Comunicações Sociais
Dia 1 de Junho. A Igreja celebra mais um Dia Mundial das Comunicações Sociais e foi publicada pelo Papa Francisco, como é habitual, uma mensagem para este Dia. Nela o Papa traça um retrato da nossa época: cada vez estamos mais interligados, mas grande parte das vezes muito distantes uns dos outros. E coloca o dedo em várias feridas deste tempo: a banalização dos enormes contrastes entre ricos e pobres; a velocidade da informação que supera a nossa capacidade de reflexão e discernimento; o desejo de conexão digital que tantas vezes acaba por nos isolar de quem está mais perto de nós; a exclusão de todos os que não têm acesso aos meios de comunicação social.
Na nossa época está a desenvolver-se uma nova cultura, favorecida pela tecnologia, e a comunicação é em certo modo ‘amplificada’ e ‘contínua’. Uma tal comunicação requer honestidade, respeito recíproco e compromisso para aprender uns com os outros, exige a capacidade de saber dialogar respeitosamente com as verdades dos outros.
Por isso o Papa convida cada católico a testemunhar "os valores nos quais acredita, a sua identidade cristã, a sua experiência cultural, expressa com uma nova linguagem, para se chegar à partilha".Num outro passo da sua mensagem, o Papa Francisco reforça a dimensão do verdadeiro diálogo, mostrando mais uma vez a firmeza do seu pensamento: "Dialogar não significa renunciar as próprias ideias e tradições, mas à pretensão de que sejam únicas e absolutas."
Em relação à presença cristã no mundo da comunicação, o Papa Francisco torna claro que é mais importante o testemunho pessoal do que o bombardeio de mensagens piedosas. E cita Bento XVI, sobre a forma como deve ser feito o testemunho cristão. Diz o Papa que deve ser através da disponibilidade para se deixar envolver, pacientemente e com respeito, nas suas questões e nas suas dúvidas, no caminho de busca da verdade e do sentido da existência.
Fonte: aqui
quinta-feira, 29 de maio de 2014
quarta-feira, 28 de maio de 2014
O primeiro obstáculo sou eu!
A afirmação epigráfica é do Papa
Francisco na ronda de questões lançadas pelos jornalistas aquando do regresso
da Terra Santa. Ela encimou a resposta a uma pergunta em concreto sobre os
obstáculos à reforma da Cúria Romana. Mesmo assim, ela dá-me azo a uma reflexão
mais alargada, embora sem me afastar muito da temática daquele encontro com os
jornalistas.
É óbvio que o Papa argentino, quando
esclarece os jornalistas sobre o panorama político e social que contextualiza
as eleições europeias, como aliás as grandes movimentações no mundo, tem como
subjacente que o maior obstáculo às reformas é sempre o homem que se deixe
dominar pelo “eu” eivado do egocentrismo, do egoísmo exacerbado, do egotismo.
Com a simplicidade já proverbial de
Francisco, temos a resposta a uma pergunta sobre o crescimento do populismo
manifestado nas recentes eleições europeias, estribada no facto de nos últimos
dias ter tido tempo para rezar um pouco o Pai Nosso, mas não haver disposto de
notícias. Mais: confessa que, ao ouvir falar de confiança ou desconfiança na e
da Europa ou mesmo da saída do Euro, disto não entende nada. No entanto, não
deixa de sublinhar aquilo que deve preocupar todas as pessoas, porque é
extremamente grave – o desemprego, a palavra-chave do momento. E a sua grande
causa explicita-se de forma muito simples: estamos num sistema económico
múltiplo que se centra exclusivamente no dinheiro, quando o centro do
verdadeiro sistema económico deve ser a pessoa humana – o homem e a mulher.
Ora, o grande obstáculo à centração
do sistema económico no homem é o outro homem, aquele que pensa e diz coisa
parecida com isto: o mundo sou eu, o Estado sou eu. Ah, pois, o grande
obstáculo sou eu! Não haja a menor dúvida de que o enunciado hobbesiano do homem como lobo do homem tem plena atualidade no hoje do mundo. E
os sinais não abrem para otimismos.
E o homem, enquanto obstáculo à
humanização das estruturas e dos sistemas, à verdadeira reforma, para manter o status quo sistémico do “lucro pelo
lucro”, ao mesmo tempo que faz o discurso da fala mansa da solidariedade e da
repartição equânime dos sacrifícios, empreende várias medidas de descarte, que
o Papa especifica: o descarte das crianças, como o indicam as taxas de
natalidade na Europa; e o descarte dos idosos. E chega ao ponto de afirmar que,
quando necessitam deles, remobilizam-nos para o trabalho, mesmo que estejam
jubilados/reformados. Porém, na ancianidade, descartam-nos, recorrendo a
situações de eutanásia, oculta em muitos países. E, ainda para mais,
negoceia-se escandalosamente com lares de idosos, saúde e funeral.
Mas o descarte estende-se aos jovens,
o que o Papa considera “gravíssimo”. E de cor lança dados sobre a desocupação
juvenil: 40%, em Itália; 50%, em Espanha (mas, na Andaluzia e Sul de Espanha,
60%). E refere que este sistema económico desumano produz a geração jovem de
nem-nem, isto é, de jovens que nem estudam nem trabalham. E assim se descarta
toda uma geração.
Este é um quadro traçado por um
Pontífice que diz não estar suficientemente informado, que mal teve tempo de
rezar o Pai Nosso nos últimos dias e que não entende nada de confiança e
desconfiança na e da Europa ou de vantagens e desvantagens da saída do Euro.
Que diria se tivesse tempo, papéis e o conhecimento que talvez desejasse.
Mas a afirmação referenciada em
epígrafe aplica-se a mais outros campos.
É o “eu” do homem pecador que impede
a reforma diária da Igreja (como diziam os antigos Padres da Igreja, Ecclesia semprer reformanda est – a Igreja deve reformar-se sempre) e
a sua purificação pertinente. E, como apostava Frei Bartolomeu dos Mártires,
também os cardeais! Ficou célebre a sua sentença: eminemtissimi
cardinales indigent eminentissima reformatione.
Por isso, em termos de reforma na postura,
ao mesmo tempo que se faz uma opção de Igreja preferencial pelos pobres e se
preconiza uma Igreja pobre e serva, surgem as contradições com a mensagem,
destacando-se as que vieram para as pantalhas da comunicação social: a alegada
festa opípara no dia das canonizações de João XXIII e João Paulo II e as
questões económicas protagonizadas pelo cardeal Bertone, atualmente sob estudo.
O Papa refere a advertência do Mestre sobre a inevitabilidade da existência dos
escândalos. Todavia, evoca o trabalho levado a cabo na reformulação da missão e
estratégia do IOR, acentuando que foram encerradas quase dois milhares de
contas tituladas por pessoas e entidades que não tinham direito a elas, bem
como o esforço de reordenamento das finanças vaticanas através da criação e
entrada em funcionamento da Secretaria de Economia, que levará por diante as
reformas aconselhadas pelas comissões de estudo das finanças. Mesmo assim,
Francisco alerta para a necessidade de atenção à continuidade das reformas e à
nossa condição de pecadores e de pessoas débeis.
Sobre a necessidade de purificação da
Igreja, a dificuldade é a mesma – a condição de pecadores e de débeis dos
homens da Igreja. Todavia, o fenómeno gravíssimo do abuso sexual de menores
constitui por parte de clérigos, segundo o Papa, uma traição, que ele
carateriza:
Atraiçoa o corpo do Senhor porque estes sacerdotes que
devem conduzir este menino, esta menina, este rapaz, esta rapariga à santidade,
e este menino e esta menina confiam. E estes sacerdotes, em vez de os encaminharem
à santidade, abusam. E isto é gravíssimo. É como… Far-vos-ei uma comparação: é
como uma missa negra, por exemplo: tu tens que levá-lo (ao menino) à santidade
e leva-lo a um problema que vai durar toda a vida.
Assegura o Papa que, nestas coisas,
não há “filhos de papá”. Todos têm de ser punidos – abusadores e encobridores –
há, pois, vários casos sob investigação e deve prestar-se toda a colaboração às
autoridades civis. Não deixa de sublinhar que se trata de um crime hediondo
existente em muitos lugares, mas que lhe interessa sobremodo o que se passa em
Igreja.
É também o homem manipulado pelo seu
egotismo, pelos interesses, que se tem tornado o grande obstáculo à paz, à paz
duradoura e também em Jerusalém. A isto, Francisco diz:
A Igreja Católica já estabeleceu a sua posição do ponto
de vista religioso: a cidade da paz, das três religiões. Porém, as medidas
concretas de paz devem resultar de negociação […] Creio que se deve negociar
com honestidade, fraternidade e muita confiança. Necessita-se de valentia para
isto e eu rezo muito para que estes dirigentes tenham a valentia de percorrer o
caminho da paz.
Provavelmente será o ego histórico de homens que
prefere a observância das regras burocráticas e rubricistas ou a multiplicação
das comunidades sem a celebração eucarística a atender ao essencial e a, por
exemplo, colocar com franqueza as cartas na mesa da discussão sobre a
obrigatoriedade do celibato eclesiástico como condição de ingresso no
sacerdócio na Igreja Latina. Se, como todos referem, se trata de questão
disciplinar (e não dogmática), estude-se a sério e passem-se das palavras aos
atos, evidentemente sem deixar de salientar as vantagens teológicas e
espirituais da opção também por sacerdócio celibatário, tal como em Igreja há,
tem havido e creio continuar a haver a abundância das pessoas (homens e
mulheres) consagradas na observância dos valores evangélicos da pobreza,
obediência e castidade
Evidentemente que o obstáculo à reforma contínua da
Igreja e do Estado será sempre um ou mais “eus”.
2014.05.27
Louro de Carvalho
terça-feira, 27 de maio de 2014
A Pia
Passei hoje pela minha terra natal. Além de visitar meu pai, estive no meu campito, no sítio da Pia, para ver as arvorezitas. Durante muito tempo, esteve abandonado e as silvas cresceram loucamente até ao ponto de se tornar praticamente impossível penetrar naquele espaço. Sentia-me envergonhado com o ar abandonado do campito e resolvi, com o apoio e a generosa ajuda do compadre Teixeira, tratar do espaço. Destruído o matagal, tratada a terra, foram ali plantadas algumas árvores a quem tem sido dispensada atenção. Só que os velhos hábitos do terreno estão sempre a irromper. As plantas nocivas crescem a um ritmo infernal, enquanto as boas o fazem lenta e titubeantemente .
Esta oliveira é uma desistente.
Das que mais crescera, mas ao primeiro obstáculo, desistiu e foi-se.
Bastou que um vento mais forte a tombasse, para ele deixar de quer viver.
Este kiwi foi uma decepção.
Parecia mostrar uma força de viver invencível
e de um momento para o outro finou-se.
Quem vê caras não vê corações...
Este castanheiro o rei do "poleiro".
Cresce, cresce! Mas castanhas nem vê-las!
Cresce-lhe o corpo mas diminui-lhe habilidade.
Muita parra e pouca uva...
Valente! Esta promete um vagão de azeitonas.
O melhor será negociar já com o exportador
antes que me faltem celeiros para recolher tanto fruto!|
Ahhhh
Está lindo o pequeno castanheiro e promete.
Aguardo para ver de que qualidade são as suas castanhas.
Serão longais? Pedrais? Judias?
Aleluia! Este meu limoeiro apresenta os primeiros limões da sua vida! Três.
Vá, amigo, nada de desanimar!
Espero que percas a vergonha e comeces a produzir como gente grande!
Alho, salsa e loureiro. Ingredientes da tradicional cozinha portuguesa.
Loureiro já tenho...
A figueirinha , embora novita, mostra a sua raça e diz ao que vem.
É assim mesmo. amiga!
De parasitas está o mundo cheio...
Esta desmiolada não tem vergonha. Só pensa nela!
Três vezes que foi podada e não apanha juízo.
Parece que quer levar os figos para o firmamento e deixar os mortais a penar...
Aterra, menina!
Valente, persistente, exemplar!
Foi arrancada e, por esquecimento, deixada abandonada.
Uma mão amiga replantou-a.
E ela agarrou-se à vida com todas as forças.
Esta nascente é de 8 ou de 80. Em pleno Inverno,
uma bela belga de água. Mal sopram uns pingos de calor,
vai-se até chegar a desaparecer quando mais era precisa.
Cheira a falso amigo...
Flores. Um convite à festa, um hino à vida, uma força de esperança.
Amigas árvores, amai a vida, porque no vosso campo há flores.
Um kiwi que é uma lição. Dos seus companheiros, bastantes secaram.
Nas mesmas condições e passando os mesmos suplícios da sede, este vive e floresce.
Dos fracos não reza a História...
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Pelourinho de Vila Nova de Souto d'El Rei
A antiga povoação de Arneirós é hoje uma aldeia integrada em Vila Nova de Souto d'el Rei, freguesia de Lamego. Chegou a ter a categoria de vila, como Couto dos Bispos de Lamego, criado pelo rei D. Dinis com territórios que até então pertenciam à Coroa, e extinto em 1836. Nunca teve foral, mas a sua equiparação a concelho garantiu-lhe o direito a levantar pelourinho, símbolo da relativa autonomia da jurisdição local.
Para onde é que isto vai?
A derrota do sistema. A vitória de Marinho. A subida dos partidos anti-Europa. O pavor dos extremismos. E o medo de não perceber para onde é que isto vai.
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domingo, 25 de maio de 2014
Eleições Europeias: só cerca de 34% de votantes
3085 freguesias apuradas num total de 3092
1. Assina-se o baixo número de votantes que coloca Portugal entre os países europeus onde a abstenção foi maior.
2. Somando os brancos e os nulos, temos uma percentagem superior à quarta força política mais votada.
3. Existe um forte desencanto com os políticos que só aparecem na altura das campanhas eleitorais e que prometem uma coisa e depois fazem outra. Nota-se que, cada vez mais, os cidadãos confiam menos nos políticos.
4. A reforma do sistema político está por realizar. Interesses políticos instalados permanecem surdos aos apelos dos cidadãos que, de múltiplas formas, se fazem ouvir. Parece que só não os quer ouvir quem devia fazê-lo.
5. A campanha eleitoral é demasiado maçadora, repetitiva e enfadonha. Como dizem os mais novos, "não há pachorra!"
Ataques e mais ataques. Parece um lavadoiro! Confunde-se tudo e mais parecia uma campanha para as legislativas do que para as europeias. Ora se os portugueses pouco sabem sobre a Europa e os políticos não elucidam, que se quer depois? Indiferença...
6. A derrota do PSD/CDS era espectável, dadas também as medidas impostas pela troika e que o governo destes partidos teve de aplicar.
7. O PS ganhou as eleições, mas quer a vitória quer a diferença para a atual maioria são muito curtas, sinal de que o país ainda não esqueceu a "herança de Sócrates" e a atual direção do partido não dá grande confiança aos eleitores. Face à austeridade e ao desemprego, era suposta uma vitória folgadíssima.
8. O BE continua a descer nas eleições. Parece esfumar-se cada vez mais a ideia do BE como a voz da contestação. Parece que, em cada ato eleitoral, a gente lusa se afasta do projeto político bloquista.
9. Contestação por contestação, pensarão os eleitores, é preferível o PC, mais organizado, mais enraizado, com uma história de alguma coerência, goste-se ou não do projeto comunista. Além disto, não sendo um partido assumidamente europeísta, recolhe votos de muita gente descontente com a Europa.
10. O Partido da Terra beneficiou imenso com o seu cabeça de lista, Dr Marinho e Pinto, figura mediática em cuja contestação muitos cidadãos se reviram. Falar claro e olhos nos olhos tem os seus frutos. Não alinho com os que acusam este eleito de populismo. Ele apenas deu voz ao descontentamento popular, sem papas na língua, para dizer o que devia ser dito. Resta agora saber qual o seu projeto político e como se bate por ele. Contestar assertivamente é bom, mas construir é ótimo e desejável.
sábado, 24 de maio de 2014
Santa Helena vista por radioamador
A atividade das radiocomunicações feita pelos radioamadores tem vários cambiantes. Pode operar-se desde casa, no conforto do lar, colocando os radioemissores em cómodas secretárias e antenas montadas a preceito, ou trocar por ida às serras, pontos altos, de onde a propagação em frequências muito, muito elevadas, se faz quase só em linha reta.
A indispensável energia elétrica foi cedida pela Comissão Paroquial que gere o Santuário.
Na tarde de domingo, depois de ter acabado o concurso, aproveitei para desfrutar de toda a beleza que o local oferece, espraiando o olhar desde os confins da serra da Nogueira e do Marão, a Norte, até à meridional serra da Lousã.
Aproveitando o tempo soalheiro, apareceram muitos peregrinos e outros excursionistas para visitarem o lugar, trocando, e a meu ver bem, os abafados centros comerciais urbanos pelo respirar do ar puro deste local de oração e recolhimento, onde o espírito se eleva a Deus numa comunhão e simbiose entre os elementos da natureza.
Da rádio, a razão primeira desta crónica, fica a satisfação de ter podido comunicar em boas condições de propagação das ondas eletromagnéticas, com outros radioamadores em VHF/UHF Very high Frequency, Ultra High Frequency) ligando diretamente este lugar a pontos tão distantes como Madrid, Barcelona e, por dutos marítimos, para as ilhas Canárias, a mais de 1500 KM!
De Portugal, vários participantes, desde o Porto, até Faro, uns desde suas casas (Q.TH) e outros que também subiram montes em busca de uma participação mais apurada, no desejo de estar só mas em comunhão com todos.
Lá voltaremos no primeiro fim de semana de maio, dias 3 e 4.
Adelino Francisco, editor da QSP e radioamador CT1AL, in Notícias de Viseu
sexta-feira, 23 de maio de 2014
quinta-feira, 22 de maio de 2014
Escolarização, trabalho e população
A LBSE (Lei de Bases do Sistema
Educativo), na sua
versão de 1986, fixa como escolaridade obrigatória o 9.º ano de escolaridade (9
anos de ensino básico) e define como idade-limite da obrigação de frequentar a
escola os 15 anos de idade (vd Lei n.º 46/86, de 14 de outubro, art.º 6.º/1.4);
e, na sua versão de 2009, fixa como obrigatória a escolaridade de 12 anos (9
anos de ensino básico e mais 3 anos de ensino secundário) e como idade-limite
para a obrigação de frequência escolar os 18 anos de idade (vd Lei n.º 85/2009,
de 27 de agosto, art.º 2.º/1.4).
Os governos das últimas décadas, nas
suas opções programáticas, preconizam a qualificação dos portugueses, mormente
dos trabalhadores. Os alunos frequentam as escolas e multiplicam-se – em
escolas, empresas e centros de formação – os cursos profissionais, os cursos de
educação e formação, os cursos de educação e formação de adultos de
certificação escolar ou de dupla certificação (escolar e profissional), os
cursos de aprendizagem, os cursos de aprendizagem em alternância, os centros de
novas oportunidades (CNO), o sistema de reconhecimento, validação e
certificação de competências (RVCC) e, agora, os centros para a qualificação e
o ensino profissional (CPEQ). E todos propalam a produtividade e a
competitividade no trabalho e, a par da formação de emprego, com vista ao
trabalho por conta de outrem, muitos exaltam e enaltecem, como solução, o
autoemprego, o empreendedorismo.
Ora, a leitura dos resultados, como
adiante veremos, permite interrogarmo-nos sobre o que efetivamente se passa. As
crianças, adolescentes e jovens têm efetivamente frequentado a escola até aos
15 anos de idade, desde 1986 (27 anos)? Se sim, deveriam ter concluído o 9.º
ano de escolaridade, ou seja, ter concluído o ensino básico. Se não, como ou
porque é que não tiveram sucesso, uma vez que a retenção é uma medida
extraordinária e todas as pressões têm sido feitas e todos os expedientes têm
sido usados para o sucesso estatístico? As diretivas escolares estão a
abarrotar de medidas de acompanhamento dos alunos e de recuperação e/ou
desenvolvimento das aprendizagens. Terão os frequentadores da escola procedido
ao seu abandono ou saído dela precocemente, com a negligência ou a cumplicidade
de quem? Os poucos alunos abrangidos por regimes especiais de currículos
adaptados e currículos alternativos ou não deviam contar para as estatísticas
de insucesso ou serem tidos como dotados da escolaridade. Quanto ao ensino
secundário, as facilidades oferecidas para a sua frequência já eram quase uma
conquista antes da alteração à LBSE de 2009, que veio a impô-lo.
No entanto, as desconfianças e as
dificuldades existem e talvez tenham até aumentado. Quanto a desconfianças, as
empresas não creem nas competências fornecidas pela escola. É vulgaríssimo
tecerem-se as mais rasgadas loas ao sistema de ensino antigo (mais valia a 4.ª
classe antiga que o 9.º ano de hoje), chegando até a dizer-se que foi pena
acabarem, no âmbito da revolução abrilina com o ensino técnico-profissional das
antigas escolas industriais, comerciais e agrícolas. Ao contrapor-se a
existência hoje de cursos profissionais, logo objetam que estes cursos são
muito teóricos, como se os de antigamente fossem sempre exemplares. O próprio
Presidente da Comissão Europeia, um português, disse maravilhas do ensino que
frequentou no liceu a que entregou parte do prémio que recentemente lhe fora
atribuído. Quanto a dificuldades, elas são múltiplas. Por um lado, a
massificação e democratização do ensino trazem mais dificuldades e mesmo alguma
degradação, mercê das diversas heterogenias. Por outro lado, parece que tudo se
exige da escola, mesmo o que sociedade e família não podem, não sabem ou não
querem dar. E o hipercriticismo de alunos e pais, aliado a falsa devoção
pedagógica de quem entende dever imolar-se pelos alunos, em nome de teorias
psicopedagógicas falsas ou parcelares, provocou a instalação e o avanço da
preguiça escolar, da indisciplina e mesmo da violência. Não se estuda nem se
deixa estudar, não se aprende nem se deixa aprender. Tudo se espera do
professor, que, muitas vezes, se vê torpedeado por bloqueios, falta de
autoridade e também falta de motivação. A falta de autoridade do professor
acompanha o que eu designo por “arrapazamento” do Estado. E o preconceito
subvalorizou os cursos profissionais e técnico-profissionais de 1983, da
reforma de Mário Soares-José Augusto Seabra, até 1989.
Mas há outras variáveis. Muitas
escolas programam o ensino em função dos recursos humanos existentes e não em
razão do mercado ou da necessidade de formação. As altas classificações são a única
pedra de toque para ingresso em determinados cursos superiores, excluindo-se
outros critérios que deveriam ser relevantes, como, por exemplo, as relações
interpessoais, a formação cívica e a capacidade de aculturação. Os detentores
de cargos públicos desfazem das iniciativas de antecessores, perdendo-se tempo
no seu desmantelamento, sem que se encontrem sucedâneos melhores. Assiste-se à
castração dos projetos de escola pela sonegação da loada autonomia, não
autorização de criação de cursos, funcionamento de turmas ou pela exigência de
números mínimos. E funciona a guerra emulatória entre direções gerais, bem como
a discussão de competência para a lecionação de cursos: escolas, empresas,
centros de formação…
Outros fazem questão de clamar que os
portugueses trabalham pouco ou trabalham com falta de qualidade! Mas nada fazem
para inverter a situação, se ela é verídica. Conhecem-se situações de falta de
cumprimento de escolaridade. E que fazem as entidades responsáveis pelo
cumprimento das obrigações escolares: Instituto de Emprego e Formação
Profissional, Serviços da Segurança Social, Comissões de Proteção de Crianças e
Jovens, Ministério Público, autarquias, empresas e serviços junto de quem
solicitam emprego…?
Os resultados
E os resultados, que sintetizo,
veem-se (vd Público, de 20-5). Portugal
é o pior dos 28 países da UE no tocante à escolarização: 70,6% dos trabalhadores
por conta própria não passam do ensino básico e só 40% da população completou o
secundário, contra a média da UE de 75,2%.
Quanto a
tempo de trabalho e resultados, “trabalhamos muito mais horas, porém, estamos
em 21.º lugar em termos de produtividade e isso deve-se às baixas qualificações
dos portugueses”.
Ainda há
muito que fazer no país, sobretudo em matéria de educação, segundo o que refere
a demógrafa Maria João Valente Rosa no retrato de Portugal na Europa do Pordata, base de dados da Fundação
Francisco Manuel dos Santos, que compara os indicadores portugueses com os dos
28 países-membros da UE.
A mencionada demógrafa sustenta que “Portugal é o terceiro país com
níveis de abandono escolar mais elevados, apesar dos progressos significativos
das últimas décadas”. E pior do que Portugal, com uma taxa de abandono escolar
entre os 18 e os 24 anos de 19,2%, só a Espanha e Malta (23,5% e cerca de 20%,
respetivamente), que encabeçam uma lista cuja média se situa nos 11,9%. Entre os 25 e os 64 anos, só 40%
dos portugueses têm o ensino secundário completo, pelo que não se estranha que,
num quadro onde se mede a percentagem de trabalhadores por contra própria sem o
secundário completo Portugal, lidere pelas piores razões – 70,6%, contra a
média de 24,3%, como se referiu. Dos trabalhadores por conta de outrem, 50,4% dos
portugueses não completaram o secundário, contra 17,9% da UE.
O problema
era crónico. Com taxas de analfabetismo terríveis, só em 2008 é que a população sem qualquer nível de escolaridade ficou abaixo da população com
o ensino superior”, segundo a demógrafa, para quem, porém, a situação portuguesa se torna mais grave se nos lembrarmos de que os 15,1% dos portugueses que têm o ensino superior estão “em boa parte a ser empurrados para fora do país” pela crise. E, ao verificar que Portugal
se destaca pelo número de retenções em anos de escolaridade, entende que “somos
obrigados a concluir que algo está mal na escola portuguesa” e opina que “tanto
como prolongar a escolaridade obrigatória até ao 12.º ano, o país devia
repensar o seu sistema de ensino”.
As falhas nas qualificações dos
portugueses são a chave de explicação de outro dos indicadores em que Portugal
fica desconfortável: a produtividade laboral por hora de trabalho, pois, tendo 100
como valor de referência, Portugal fica-se pelos 65: “Nós trabalhamos muito
mais horas, porém, estamos em 21.º lugar em termos de produtividade”, o que, na
opinião da demógrafa, se deve-se às baixas qualificações: quase 71% dos trabalhadores
por conta própria têm apenas o ensino básico. E não é o volume populacional que
justifica a improdutividade ou o desempenho insuficiente, como defendem alguns,
já que “somos o 11.º país da União em termos populacionais”; quase tantos como
a Bélgica e o dobro da Dinamarca e Finlândia. E, em termos territoriais, somos
o 13.º. Ou seja, “o máximo que poderíamos dizer é que somos um país médio no
contexto da União Europeia”, esclarece.
Porém, no atinente à população, Portugal é o país
com menos filhos por mulher (1,28 contra os 1,58 da média da UE). A França, de
recente forte investimento na natalidade, sobressai com 2,01 filhos por mulher
em idade fértil, seguida da Irlanda e Reino Unido, não podendo afirmar-se que a
nossa baixa natalidade o seja por opção deliberada. No último inquérito à
fecundidade, o INE mostra que as pessoas têm em média 1,03 filhos, mas desejariam
ter 2,31 filhos, residindo o grande óbice nos “custos financeiros”. No concernente à população idosa, Portugal é o 6.º
país com mais idosos por cada 100 jovens: 129,4 (115,5 na UE a 28). No quadro
das despesas das famílias em saúde no total de despesas, Portugal surge em 1.º
lugar: os portugueses gastam 5,8% do seu orçamento em Saúde, face a uma média
de 3,5%. Porém, no campo da Saúde, um indicador coloca Portugal ao nível dos
países da Europa do Norte: a mortalidade infantil, fixa nos 3,4 por mil, abaixo
dos 3,8 da média da UE. “É uma das taxas mais baixas do mundo”, sublinha a
referida investigadora, “e isso torna-se ainda mais relevante se nos
recordarmos de que em 1960 éramos os piores”.
Quanto à capacidade de enfrentar despesas
inesperadas, quase 36% (muitas) das
famílias se dizem sem essa capacidade. Porém, a média da UE é de 40,2%,
enquanto Espanha Grécia ultrapassam essa linha. Porém, se olharmos para o ano
de 2007, temos o dobro das famílias portuguesas em tal situação, o que mostra o
grande impacto da crise na situação das famílias.
Concluindo
Muito a fazer nos campos da educação e formação, na
valorização do trabalho e na natalidade!
2014.05.20
Louro de Carvalho
quarta-feira, 21 de maio de 2014
Devolvem sofá com 30 mil euros
Os meios de comunicação trouxeram a notícia. Três estudantes norte-americanos deram uma lição de honra ao devolverem um sofá que haviam comprado, depois de descobrirem que havia dinheiro escondido no mesmo.Na mobília, que custara 20 dólares (pouco acima dos 14 euros) numa loja de usados do Exército da Salvação, alguém havia escondido num dos braços vários envelopes que, no conjunto, continham cerca de 30 mil euros.
"Eram envelopes e mais envelopes. Pusemos todo o dinheiro em cima da cama e começámos a contá-lo e a gritar. De manhã, os nossos vizinhos disseram que pensavam que nos tinha saído a lotaria", contou Cally Guasti, ao Telegraph.
Depois da inusitada descoberta, Cally, Reese Werkhoven e Lara Russo pensaram no que deviam fazer com o dinheiro. A decisão foi unânime: contactar o anterior proprietário, tanto mais que o nome constava no recibo do depósito.
Quando ligaram, atendeu uma senhora de 91 anos que contou a história do sofá. Num momento em que teve problemas de saúde, alguém da família dela resolveu ‘livrar-se’ da mobília velha.
Os três estudantes resolveram devolver o sofá com o dinheiro, tanto mais que a nonagenária "precisava muito dele". "No fundo, não era nosso. Se algum de nós o tivesse usado, não nos sentiríamos bem. Seria errado", argumentou Cally Guasti.
Fonte: aqui
terça-feira, 20 de maio de 2014
A despedida do padre
Vamos rir e descontrair. Tristezas não pagam dívidas. Dizem que a troica se foi embora… Não dei pela diferença.
No jantar de despedida, depois de 25 anos de trabalho à frente da paróquia, o padre discursa:
- A primeira impressão que tive desta paróquia foi com a primeira confissão que ouvi. A pessoa confessou ter roubado um aparelho de TV, dinheiro dos seus pais, a empresa onde trabalhava, além de ter tido aventuras amorosas com as esposas dos amigos. Também se dedicava ao tráfico de drogas e tinha transmitido uma doença venérea à própria irmã. Fiquei assustadíssimo. Com o passar do tempo, entretanto, conheci uma paróquia cheia de gente responsável, com valores e comprometida com a sua fé.
Atrasado, chegou então o Presidente da Câmara para prestar a homenagem ao Padre. Pediu desculpas pelo atraso e começou o discurso:
- Nunca vou esquecer o dia em que o Padre chegou à nossa paróquia. Como poderia? Tive a honra de ser o primeiro a confessar-me...
Seguiu-se um silêncio assustador...
Moral da história: NUNCA SE ATRASE!
Mas quando se atrasar... FIQUE DE BOCA FECHADA!
Li aqui
segunda-feira, 19 de maio de 2014
Os privilégios dos políticos e o Túnel do Marquês
VERGONHA é comparar a Reforma de um Deputado com a de uma Viúva....
VERGONHA é um Cidadão ter que descontar 35 anos para receber Reforma e aos Deputados bastarem somente 3 ou 6 anos conforme o caso e que aos membros do Governo para cobrar a Pensão Máxima só precisam do Juramento de Posse.
VERGONHA é que os Deputados sejam os únicos Trabalhadores (???) deste País que estão Isentos de 1/3 do seu salário em IRS.
VERGONHA é pôr na Administração milhares de Assessores (leia-se Amigalhaços) com Salários que desejariam os Técnicos Mais Qualificados.
VERGONHA é a enorme quantidade de Dinheiro destinado a apoiar os Partidos, aprovados pelos mesmos Políticos que vivem deles.
VERGONHA é que a um Político não se exija a mínima prova de Capacidade para exercer o Cargo (e não falamos em Intelectual ou Cultural).
VERGONHA é o custo que representa para os Contribuintes a sua Comida, Carros Oficiais, Motoristas, Viagens (sempre em 1ª Classe), Cartões de Crédito.
VERGONHA é que s. exas. tenham quase 5 meses de Férias ao Ano (48 dias no Natal, uns 17 na Semana Santa mesmo que muitos se declarem não religiosos, e uns 82 dias no Verão).
VERGONHA é s. exas. quando cessam um Cargo manterem 80% do Salário durante 18 meses.
VERGONHA é que ex-Ministros, ex-Secretários de Estado e Altos Cargos da Política quando cessam são os únicos Cidadãos deste País que podem legalmente acumular 2 Salários do Erário Público.
VERGONHA é que se utilizem os Meios de Comunicação Social para transmitir à Sociedade que os Funcionários só representam encargos para os Bolsos dos Contribuintes.
VERGONHA é ter Residência em Sintra e Cobrar Ajudas de Custo pela deslocação à Capital porque dizem viver em outra Cidade.
VERGONHA é os privilegiados, de que se fala, não pensarem na existência dos inquilinos do Túnel do Marquês!
(Recebido por email)
domingo, 18 de maio de 2014
17 de maio: sem troika, mas com rédea
Há oito dias, o governo assinalou, em
Conselho de Ministros alargado aos Secretários de Estado e, em parte, à
Comunicação Social (realmente um megacomício legal, mas ilegítimo), a fabulosa
decisão da saída limpa do programa de ajustamento. Alguns
dos nossos policratas pré-saudaram o dia de hoje – 17 de maio – como o dia da
restauração da soberania, o dia da independência – o novo 25 de Abril. Acabara
a colonização europeia; tornáramos a ser um povo livre… Que discurso miserável,
por clara inobservância da verdade!
Até alguém instalou algures em
contexto de sede partidária relógio de contagem decrescente para o dia da saída
da troika (segundo Portas, de recuperação: de salários, progressivamente; de
pensões, substancialmente; e de rendimento, necessariamente com prudência
orçamental e determinação política), que me faz lembrar os relógios do programa
“pólis”, da era de Guterres.
Quase paralelamente ao referido solene
megacomício de rosto protoinstitucional, soube-se que o FMI lançara alertas
sobre o rumo não sustentável da economia e das contas e que não abre mão de
compromissiva carta de conforto da parte do Estado português sobre a disciplina
orçamental e da dívida. O próprio primeiro-ministro anunciou para hoje a
aprovação, em Conselho de Ministros extraordinário, de um documento com as
medidas de médio prazo. O Ministro das Finanças de Merkel saudou o feliz dia da
tríplice recuperação apregoada por Paulo Portas. Durão Barroso ficou feliz por
Portugal, que afinal cumpriu, mas acenando com o espantalho de possíveis
decisões do Tribunal Constitucional (TC) a contragosto do governo. Marques
Mendes, só cá entre nós, acha (é o seu “achismo”) que de facto o TC exagera. E
Santana Lopes preconiza a abolição da fiscalização preventiva da
constitucionalidade dos normativos legais.
Já todos falaram das novidades
gravosas inscritas no DEO. O PIB decresceu e o ritmo das exportação abrandou; o
défice orçamental contrai à custa de habilidades financeiras e burocráticas; a
dívida aumentou em termos percentuais com relação ao PIB; e, se o TC
inviabilizar o orçamento do estado e orçamento retificativo, teremos mais
impostos.
Nas vésperas do dia em que se
assinala o fim oficial do programa de ajustamento financeiro, um representante
da Comissão Europeia avisa que, se o governo não tiver juízo, scilicet, se ceder a tentações de
facilidades eleitoralistas e não cumprir o compromisso orçamental e da dívida,
não bastará mesmo um programa cautelar, mas será necessário um segundo resgate.
É mais um sintoma da índole de limpeza do fim do programa! A troika vai-se
embora, mas não diz “adeus” a Portugal. Continua a fazer avaliação periódica de
180 em 180 dias (em vez de 90 em 90 dias). Quer dizer, ficamos sem troika, mas
continuamos freados pela rédea e pelo cabresto!
***
Hoje, o Governo reafirmou o
compromisso de redução do défice até 2018 e da continuidade do ritmo das
reformas nos próximos anos, mas assegurou que as principais medidas concretas
apresentadas no âmbito da “estratégia de reforma de médio prazo” não vão além
de 2015, o último ano da legislatura. O documento aprovado na manhã de hoje no
Conselho de Ministros extraordinário denomina-se “Caminho para o Crescimento” e
constitui-se como agregador das diversas reformas já feitas, as que se
encontram em execução e as que terão de ser feitas nos próximos anos. É um “piscar
de olho” aos parceiros europeus e aos investidores internacionais, redigido em
português e em inglês, mas onde o Governo não assume compromissos concretos para
lá de 2015. A exceção acontece nos objetivos para o défice e para a dívida, que
vão até 2018, e já constam do Documento de Estratégia Orçamental (DEO)
apresentado no fim de abril.
As “principais medidas previstas”
formam uma lista que o Governo entende não ser exaustiva e que gravita em torno
de três eixos ou metas globais: para “fomentar a competitividade”; para
“promover o capital humano e o emprego”; e para “racionalizar o setor público”.
Ademais, o que o Governo assume para
depois de 2015, ano de eleições legislativas, são objetivos abrangentes já
conhecidos, como: redução da dívida tarifária até 2020; aumento do crescimento
das exportações; implementação do novo quadro comunitário de apoio (Portugal
2020); continuidade da Estratégia Nacional para o Mar, aumentando o peso do
setor no PIB até 2020; e garantia da aplicação do Plano Estratégico dos
Transportes e Infraestruturas.
***
Todavia, em resposta aos jornalistas
que o confrontaram com o facto de Passos Coelho ter prometido a apresentação da
estratégia de médio prazo e o documento conter apenas medidas até 2015, o
ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares esclareceu que o documento
“claramente tem um fôlego de médio prazo” e que “coisa diferente é o anexo onde
vêm as medidas previstas”, já que o Governo apenas se compromete com as medidas
que pode executar “no seu mandato” e o executivo que sair das próximas
legislativas “terá de elaborar o seu roteiro”. Além do horizonte da
legislatura, mantêm-se as “intenções e os objectivos a alcançar”.
Por seu turno, no prefácio do documento, Passos
Coelho elogia o esforço dos portugueses e os resultados que o Governo alcançou
e diz apostar nesta “ambiciosa estratégia de médio prazo com convicção e
credibilidade”, advertindo que “há, no entanto, ainda muito a fazer. Reformar é uma tarefa contínua; a
disciplina orçamental uma responsabilidade diária”.
Reconhecendo, à La Palisse, que “os
tempos difíceis passam, mas os países fortes perduram”, afirma que “Portugal
foi determinado e soube reerguer-se”. E sentencia: “Devemos prosseguir os
esforços para garantir uma economia equitativa, equilibrada e dinâmica,
geradora de emprego, e que privilegie a excelência e a inovação, mas
acompanhada por uma verdadeira rede de proteção social, sob a forma de um Estado
social justo e eficiente”. Como crer nisto?
Também Carlos Moedas afirma que o
documento integra um acervo de medidas e reformas já apresentadas para diversas
estratégias setoriais, e até o guião da reforma do Estado. E justifica a elaboração
da versão inglesa sob o título de The road to
growth com
o facto de estes planos já conhecidos, em boa parte, pelos portugueses serem
“praticamente desconhecidos fora de fronteiras, pelos parceiros internacionais
e os investidores”. E adita que “podíamos acabar o programa de ajustamento
dizendo que o trabalho estava feito. Mas não o podíamos parar”. Uma parte do
documento configura uma retrospetiva das medidas cumpridas (e não das que
precisam de concretização) durante os três anos da troika. Antes de identificar
a sua estratégia global para o lançamento das “bases sólidas para o
crescimento”, o Governo recua no tempo para reler os “antecedentes da crise”. E
Moedas conclui que “aquilo que realmente é fundamental é que haja uma
irreversibilidade de todas estas reformas estruturais. Em Portugal ninguém quer
voltar para trás. Os portugueses não querem voltar para trás”, mas também é
imperioso compreender que o Governo precisa de “falar para o mundo” e explicar
a sua estratégia.
***
Dada a premência da matéria e a
importância estratégica do momento, não posso passar em silêncio a posição de vários
dos responsáveis católicos e especialistas que a Agência Ecclesia questionou e que assentam na afirmação de que “o programa
de assistência económica e financeira a Portugal, que se conclui hoje, deixou
um país mais pobre e ainda sujeito a riscos”. Trata-se de entidades com a
autoridade que lhes advém dos relevantes cargos que ocupam e/ou do
significativo teor da intervenção intelectual sobejamente reconhecida.
Assim, o presidente da Cáritas
Portuguesa opina que “foi um tempo violentíssimo para as pessoas que já viviam
em situações vulneráveis e arrastou para a pobreza gente que nunca pensaria
chegar à condição de privação de bens básicos para a sua subsistência”.
Por seu turno, D. Jorge Ortiga, arcebispo
primaz e presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana,
faz o balanço dos três anos de troika advogando que se impõe como necessário “recuperar
um ambiente de sobriedade”, na vida pessoal e coletiva, evitando “desperdícios
e desigualdades sociais, escandalosas”.
O Professor Adriano Moreira,
subscritor do ‘manifesto dos 70’ apelando à reestruturação da dívida,
especifica que não se exige o “perdão”, mas “a extinção da ganância”,
sublinhando que “o credo do mercado precisa de ser limitado e regulado por uma
ética”. Para o especialista, “há muito sacrifício que ainda vai ser enfrentado”,
pois o país assiste à saída dos “empregados da troika”, e não ao fim da
vigilância internacional ou da austeridade. É o que eu digo: ficamos sem
troika, mas não sem rédea e cabresto, ou seja, somos travados na mesma, mas de
longe!
Na ótica do economista João César das
Neves, docente da Universidade Católica Portuguesa, a ‘saída limpa’, editada
pelo Governo após a última avaliação da troika, comprova a “rápida” recuperação
do país, o que permite pensar em “exemplo de sucesso”. Porém, o professor não
deixa de alertar para algum excesso de otimismo por parte de alguns nesta fase.
Também Graça Franco, diretora de
informação da Rádio Renascença, destaca a “apetência” dos mercados pela dívida
portuguesa, observando, no entanto, que “essa apetência pode desaparecer de um
momento para o outro”, levando a aumento das taxas de juro. A especialista
recorda ainda os números ligados ao desemprego em Portugal, um problema
“gravíssimo”, advertindo que haverá “pessoas que ficaram de fora do mercado de
trabalho com esta crise e que não vão voltar a ele”, o que, “do ponto de vista
da estrutura social, é muito grave”.
O sociólogo João Peixoto, coordenador
do projeto de investigação ‘Regresso ao Futuro: a Nova Emigração e a Relação
com a Sociedade Portuguesa’, rotula de “trágico” o impacto dos últimos anos no
plano demográfico, induzindo uma “mudança de paradigma” do ângulo dos fluxos
migratórios, a evocar a década de 60 do século XX. “Hoje não temos excesso de
população na agricultura, não temos população iletrada, antes pelo contrário.
Se as saídas na altura provocavam preocupações, hoje provocam outras, talvez
maiores”.
***
Se eu fosse supersticioso, sugeriria
que fizessem figas para que este dia de libertação não redunde em PREC
(processo de retração económica continuada). Como não o sou, postulo juízo e
negociação aguerrida dos governantes e trabalho com oração e posição crítica
dos portugueses.
2014.05.17
Louro de Carvalho
sábado, 17 de maio de 2014
sexta-feira, 16 de maio de 2014
" Que projetos acalenta a Paróquia?"
Nesta semana cruzei-me com uma pessoa desta comunidade tarouquense com quem dá gosto trocar dois dedos de conversa, pois, não tendo grandes estudos, é alguém que gosta de sonhar e perspetivar a sua terra. Não se perde com as miudezas tão comuns aos mortais, mas procura ver ao longe e ao largo.
Nem sempre estamos de acordo, pois alguns dos projetos que propõe parecem-me verdadeiramente irrealistas. Mas reconheço-lhe a importância de esvoaçar do imediatismo mesquinho para a amplitude que enquadra o concreto e imediato.
Às tantas, durante a conversa, lança-me a pergunta: " Que projetos acalenta a Paróquia?"
"Então, o senhor sabe..." - respondi como quem quer mais ouvir do que falar.
"Bem, não bata mais no ceguinho... Bem sabe que apareço poucas vezes na Igreja. Não que o senhor não tenha razão, mas..."
E expus:
- Concluir a 2ª parte do Centro Paroquial;
- Realizar obras de restauro no interior da Igreja das quais o templo está carente;
- Construir a capela do Castanheiro do Ouro;
- Em Santa Helena muito que fazer e em Cristo Rei também;
- A casa paroquial necessita de obras de restauro.
- As capelas dos povos vão precisando de alguma conservação...
Ele ia acenando em sinal de concordância. Mas Santa Helena! E falou entusiasticamente do hotel, do campo de golf, dos bangalôs, da arborização, do parque das merendas e de convívio, da melhoria das estruturas religiosas, etc, etc.
Pois - e nisso concordámos claramente - mas o grande problema é o económico. É que sem ovos não se fazem omeletas. E com a crise, as coisas pioram. Menos apoio estatal, menos vontade de as empresas se envolveram em projetos, menos colaboração das pessoas...
"Somos uma paróquia com muita gente, aqui e no estrangeiro. Se fôssemos mais generosos e cultivássemos mais o sentido do bem comum, muito se poderia fazer, sem estarmos sempre à espera de apoios do estado..."- disse o meu amigo, soltando um suspiro profundo.
Falámos ainda de outros projetos, para mim prioritários (ele torceu o nariz!). Têm a ver com as gentes. Os compromissos litúrgicos, pastorais e sócio-caritativos. A atenção da comunidade a cada pessoa e de cada pessoa à comunidade. O crescimento e amadurecimento na fé, a dinâmica no apostolado, a consciência de ser Igreja por parte de cada e de todos os batizados...
Nem sempre estamos de acordo, pois alguns dos projetos que propõe parecem-me verdadeiramente irrealistas. Mas reconheço-lhe a importância de esvoaçar do imediatismo mesquinho para a amplitude que enquadra o concreto e imediato.
Às tantas, durante a conversa, lança-me a pergunta: " Que projetos acalenta a Paróquia?"
"Então, o senhor sabe..." - respondi como quem quer mais ouvir do que falar.
"Bem, não bata mais no ceguinho... Bem sabe que apareço poucas vezes na Igreja. Não que o senhor não tenha razão, mas..."
E expus:
- Concluir a 2ª parte do Centro Paroquial;
- Realizar obras de restauro no interior da Igreja das quais o templo está carente;
- Construir a capela do Castanheiro do Ouro;
- Em Santa Helena muito que fazer e em Cristo Rei também;
- A casa paroquial necessita de obras de restauro.
- As capelas dos povos vão precisando de alguma conservação...
Ele ia acenando em sinal de concordância. Mas Santa Helena! E falou entusiasticamente do hotel, do campo de golf, dos bangalôs, da arborização, do parque das merendas e de convívio, da melhoria das estruturas religiosas, etc, etc.
Pois - e nisso concordámos claramente - mas o grande problema é o económico. É que sem ovos não se fazem omeletas. E com a crise, as coisas pioram. Menos apoio estatal, menos vontade de as empresas se envolveram em projetos, menos colaboração das pessoas...
"Somos uma paróquia com muita gente, aqui e no estrangeiro. Se fôssemos mais generosos e cultivássemos mais o sentido do bem comum, muito se poderia fazer, sem estarmos sempre à espera de apoios do estado..."- disse o meu amigo, soltando um suspiro profundo.
Falámos ainda de outros projetos, para mim prioritários (ele torceu o nariz!). Têm a ver com as gentes. Os compromissos litúrgicos, pastorais e sócio-caritativos. A atenção da comunidade a cada pessoa e de cada pessoa à comunidade. O crescimento e amadurecimento na fé, a dinâmica no apostolado, a consciência de ser Igreja por parte de cada e de todos os batizados...
quinta-feira, 15 de maio de 2014
Notícias de toda a parte
Azeite – Na última campanha, "o Alentejo produziu 64 mil toneladas de azeite, o que representa 71% do volume de 90 mil toneladas produzido em Portugal", disse à agência Lusa Henrique Herculano, do Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo (CEPAAL).
Tendo em conta que uma tonelada de azeite virgem extra indiferenciado pode valer cerca de dois mil euros, as 64 mil toneladas produzidas no Alentejo poderão ter rendido "um volume de negócios estimado em 128 milhões de euros, considerando apenas a venda de azeite a granel e excluindo o valor acrescentado pelo embalamento e pela marca e toda a economia adjacente ligada a factores de produção e serviços",
Os bancos da Suíça vão passar a efectuar a troca automática de informações bancárias, para fins fiscais, com os outros membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Este é o fim do segredo bancário na Suíça, anunciou a OCDE.
A troca de informações só entra em vigor em 2017.
Transfusões de sangue – Uma equipa de investigadores da Universidade de Stanford, nos EUA, liderada por Tony Wyss-Coray, descobriu que a injecção repetida de sangue de um rato jovem de três meses num de 18 meses pode melhorar as suas capacidades de aprendizagem e memória. E vão fazer experiências para ver se o mesmo acontece com as transfusões de sangue jovem nos humanos.
Os investigadores aqueceram o sangue jovem antes de injectá-lo nos ratos mais velhos, a fim de alterar a estrutura de proteínas, o que permitiu travar os efeitos prejudiciais da idade no nível estrutural, molecular e funcional do cérebro.
Interdição de idosos – Há cada vez mais idosos declarados incapazes pela Justiça de gerir a sua pessoa e património. Os processos quase triplicaram em 10 anos, sobretudo por causa do aumento de diagnóstico de doenças mentais.No ano de 2012 foi ultrapassada a fasquia dos dois mil processos de interdição e inabilitação – 2103 no total – o que representa um aumento de 11,3% em relação a 2011. Mas o mais significativo é que o número tem vindo a aumentar a ritmo idêntico desde 2002, segundo estatísticas da Direcção-Geral de Política de Justiça.
Fonte: aqui
quarta-feira, 14 de maio de 2014
Novos ditos populares
1. Austeridade é quando ...
" O Estado nos tira dinheiro para pagar as suas contas até deixarmos de ter dinheiro para pagar as nossas ".
2. País desenvolvido...
"Não é onde o pobre tem carro, é onde os políticos usam transporte público ”.
3. Os partidos...
"Tomaram conta do Estado e puseram o Estado ao seu serviço.”...
4. O maior castigo...
"Para quem não se interessa por política é que será governado pelos que se interessam.”
5. O cigarro adverte...
"O governo faz mal à saúde !”
6. Errar é humano...
"Culpar outra pessoa é política.”
" O Estado nos tira dinheiro para pagar as suas contas até deixarmos de ter dinheiro para pagar as nossas ".
2. País desenvolvido...
"Não é onde o pobre tem carro, é onde os políticos usam transporte público ”.
3. Os partidos...
"Tomaram conta do Estado e puseram o Estado ao seu serviço.”...
4. O maior castigo...
"Para quem não se interessa por política é que será governado pelos que se interessam.”
5. O cigarro adverte...
"O governo faz mal à saúde !”
6. Errar é humano...
"Culpar outra pessoa é política.”
terça-feira, 13 de maio de 2014
13 Maio: NOSSA SENHORA DE FÁTIMA
No ano 1917, quando o mundo se debatia ainda nas violências e atrocidades da guerra, a Virgem Maria apareceu seis vezes em Fátima a três pastorinhos, Lúcia, Jacinta e Francisco. Por meio deles, a Santa Mãe de Deus recomendou insistentemente aos homens a firmeza da fé e o espírito de oração, penitência e reparação. O culto de Nossa Senhora de Fátima, depois de ter sido aprovado pelo Bispo da diocese e mais tarde confirmado pela Autoridade Apostólica, foi especialmente honrado com a peregrinação do papa Paulo VI ao local das aparições no ano 1967 e João Paulo II nos anos 1982 e 1991. (aqui)
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