sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Jesus não pode nascer em (alguns sítios de) Portugal.

Pessoal, se alguém tiver o contacto do face ou whatsapp de S. José ou de Maria informem-Nos que, em Portugal, há várias maternidades fechadas. Esta Família, que tem o parto previsto para 25 Dezembro, deverá consultar o site do SNS para saber a que maternidade se pode dirigir. Há a hipótese de parto assistido no domicilio mas, encontrando-se em trânsito, não constitui uma alternativa, para além de, nesse caso, ser conveniente disporem de (um bom) seguro de saúde.
Será oportuno recomendar que usem o GPS e não se guiarem pelas estrelas, pois estas podem direcioná-los por caminhos inundados ou alagados. O melhor é mesmo usarem um bom GPS. Bom, se trouxerem Moisés pode ser que tenham sorte.
Ahh, avisem S. José para usar um casaquinho! Apesar de não estar frio, há muita humidade e como já não vai para jovem, pode apanhar um desses "birus" e ter que ir para a urgência, sujeitando-se a ficar 12h ou 16h com pulseira amarela. Alerto que, caso precise de internamento e a coisa se complicar, como a família não consegue dar reposta (nem tem rendimentos), será encaminhado para uma vaga da "rede" (pode demorar meses).
Acrescentem à nota informativa que Maria não deverá comer bacalhau, não vá encravar uma pequena espinha e nesse hospital não haver Otorrino de urgência.
Já agora, se tomam algum medicamento de forma crónica... tragam, poderá haver "ruptura de stock no hospital".
Eles não se preocupem, apesar de serem atendidos por profissionais cansados, desmotivados e sem reconhecimento... são pessoas altamente qualificadas para os cuidar.
Feliz Natal.
PS: texto escrito a 23/12/2022, não publicado nesse dia por cansaço do autor.
Pedro Miguel Pedrosa, Facebook

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

500 mil

Tenha a configuração jurídica que tiver, tenha a legalidade que tiver, tenha o acordo o que tiver, não há nada que justifique uma indemnização de 500 mil euros a quem trabalhou 2 anos na TAP e logo depois salta para novas funções de Estado.

Como pode a TAP pagar indemnização faraónica, quando está sempre a precisar de "injeções de capital" por parte do Estado? Como pode uma pessoas destas, com tal voracidade financeira, ainda ser Secretária de Estado do Tesouro?!
Não há "esperas estratégicas" para pronunciamentos politicamente corretos! Escusam de empurrar o problema com a barriga. Ou de dar tempo ao tempo para uma saída airosa.
Não há moralidade possível para uma coisa destas, num país como o nosso... cujas condições de vida não é aqui preciso descrever.
Por estas e por outras, a maior asneira do nosso Primeiro-ministro foi reverter a privatização da TAP! Que serviço público? Qual quê?! Que companhia de bandeira, qual quê? Que raio de empresa é esta de milhões de prejuízo a dar milhões em indeminizações e que parece ter mais tempo de greves do que trabalho?! Alguém pode aceitar isto?
Estes exemplos minam e arruinam a nossa esperança num país justo. Basta. 500 mil vezes "não", "não pode ser"!
Amaro Gonçalo, Facebook

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

A casa visitante e a cada amigo (a), Asas da Montanha deseja um Belo e Feliz Natal

 

TIRANIA, NÃO PASSARÁS!!!

Nada pode vencer a vontade de liberdade de um povo!
O sangue das crianças e inocentes que a tirania provoca tornar-se-á  semente de paz.
Tirania, 
podes bombardear infantários, hospitais e escolas;
podes destruir pontes, redes eléctricas  e prédios;
podes deixar um povo a tremer de frio e mergulhado na escuridão;
Podes impedir um povo de ter água putável  e pão para saciar o estômago;
podes desventar cidades, aldeias e vilas;
Podes encharcar valas comuns de corpos esfacelados e triturados;
podes escaqueirar um país...
Mas nunca calarás o grito de liberdade que brota do íntimo da dignidade humana.
Perderás, serpente infernal. A vida é sempre mais forte do que a morte.
Benditos os povos que não admitem ser governados por ditadores!
Rússia, já tinhas mais do que obrigação de não tolerares ditadores. Depois dos czares, os ditadores comunistas e agora o Putin? Um povo como tu, com tanta riqueza cultura, como continua a sujeitar-se a chicotes despóticos?

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

HOSSANAS AO SANTO PAGODE [também a respeito do Natal]

 “Ser um pagode ou andar no pagode” pode designar uma situação confusa, mas também uma situação divertida, divertimento ruidoso, folia, andar na farra, fazer vida desregrada de leviandade. No Brasil, o pagode é designação de um ritmo musical parecido com o samba e com a música sertaneja. Também há quem chame pagode às reuniões de sambistas, onde tocam, cantam e dançam pagode e outros ritmos populares.

Diríamos, por isso, que a maioria dos católicos cultua o pagode: carnaval, páscoa, festas populares, romarias, halloween, natal, ano novo. Apesar de serem momentos (eventos) com origem e significado bem distintos, na prática, pouco ou nada os distingue. Uns de origem marcadamente pagã, outros intrinsecamente religiosos, unidos pelas mesmas motivações: cultuar o “santo pagode”.
Que tem sido o Natal para a maioria dos católicos? Um pagode. Alguns meses antes começa a azáfama: arranjar o pinheiro, iluminar casas e ruas, construir o presépio, comprar prendas, preparar refeições, escolher bebidas e músicas, organizar visitas e convívios. E, nos últimos tempos, escarrapachar tudo nas redes sociais, ávidos de louvores e massagens no umbigo. Certo. E o Outro, o Sujeito da festa?
Vou morrer sem entender – e Deus me mantenha lúcido – como alguém consegue celebrar/festejar uma efeméride (nascimento de Jesus) vivendo totalmente à margem d’Ele… Assisto diariamente a aberrações: pretensos católicos que não põem os pés na Igreja, não respeitam doutrina e orientações, totalmente alheios à vida da comunidade, consumidores de serviços segundo interesses próprios (entremeados com mentiras, encobrimentos, hipocrisia e malabarismos obscenos). Curiosamente (ou não…), são os primeiros a fazer pinheiros, iluminar as casas, montar presépios e até a postar nas redes sociais, vá-se lá saber porquê ou para quê!
Gosto de ver, pensar, registar. Antes da pandemia, diziam não “ir à Igreja” por não terem tempo, precisarem de trabalhar, e o domingo é importante para descansar e passear. Agora, dizem terem medo de ser contagiados, assistem pela televisão, só voltam quando isto passar. Falácias. Mentiras mascaradas. Fazer dos outros papalvos. Pior ainda porque empinados de razão, convencidos que facilmente levam os outros na cantiga com justificações e branqueamentos. O passado, não havendo “vontade” de conversão (mudança, inversão), clarifica o presente e adivinha o futuro.
Dá-me pena haver quem valorize mais bonecos e imagens que o encontro real com Ele na Palavra e no Pão. Dá-me pena a soberba mental não entender que «onde dois ou três se reúnem em Meu nome, Eu estou no meio deles». Dá-me pena que igrejas e santuários, sacramentos de Vida e Salvação, sejam trocados por modas e meios de consumo, alienação, libertinagem e arruinamento. Dá-me pena que o Vivente esteja a ser habilmente afastado da vida de pessoas e famílias nitidamente moribundas. Sinal dos tempos ou tempo de sinais? Hossanas ao santo pagode!
P. António Magalhães Sousa, aqui
Pode ser um desenho animado de texto que diz "PWHTLAVDES -No dia de Natal vamos todos à Missa -Não, mãe, vemos na TV. -Está bem... Também não preciso cozinhar.. Vemos o Masterchef."

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Os melhores jogadores? Os melhores treinadores? Um pouco mais de humildade só nos ficava bem...

 Grande decepção, Portugal eliminado frente a Marrocos. E toca a regressar a casa, sem sequer haver o bom senso de regressarem todos juntos, como se o povo português merecesse isto...


Uma das coisas qie me incomoda no futebol de que gosto é a gabarolice como embrulho de uma clubite cega ou de exibicionismos balofos. 

Os melhores treinadores? Mas olhem que o Benfica está a ganhar e a  jogar bem com um treinador estrangeiro. Coisa que, nos últimos anos, os treinadores portugueses não conseguiram. E mais, os badalados  treinadores Conceição e Amorim veem, meste momento, o Benfica a comandar o campeonato à distância.  Dirão que os encarnados conseguiram mais e melhores reforços. Até compreendo. Mas os outros treinadores já estão nas suas equipas há anos, conhecem muito bem o campeonato português e têm a obrigação de terem construído rotinas de jogo que quem chega ainda não tem.

Há treinadores portugueses que se distinguém no Médio Oriente ou no Brasil? Sim. Mas quantos  brilham  em Inglaterra, França, Espanha ou Alemanha? José Mourinho já brilhou, mas atualmente que feitos extraordinários tem conseguido no campeonato italiano? 

Não, não somos o supersumo em treinadores. Por mais que isso se apregoe nalguns programos televisivos onde muitas vezes têm assento comentadores- treinadores. 

Mesmo Fernando Santos que conseguiu para a selecção portuguesa êxitos nunca alcançados, não é, atualmente, consensual. De forma nenhuma. Aliás nas últimas competições internacionais, Portugal tem ficado aquém do esperado. Na minha opinião, já se deveria ter demitido há dois anos. Saber sair a tempo é um virtude.

Não gostei do clima reinante na seleção e muito menos do intriguismo jornalista e advindo das novas tecnologias. Não ajudou à concentração e à união entre os elementos da equipa. Cristiano Ronaldo, que tanto deu à selecção e ao nome de Portugal, pareceu-me que não esteve à altura. É preciso aprender a saber "envelhecer", futebolisticamente falando. É preciso aprender a ser importante quer se esteja no campo quer se esteja no banco. O mais omportante , não é o exibicionismo pessoal, mas o bem da equioa. Sempre.

A selecção não pode ser um festival de vaidades. Vale para o Ronaldo, para o Cancelo, para todos e cada um.  Senhor seleccionado, não pergunte à selecção o que pode fazer por si; pergunte a si o que pode fazer pela selecção.

E depois é assim, temos bons jogadores, mas não temos jogadores geniais. Tivemos o Ronaldo, mas como em tudo na vioda, a idade não perdoa. 

 A selecção precisa de ideias novas, projectos novos, tácticas novas, dinâmicas novas, espírito novo. Que se evite até ao tutano quaquer vedetismo individual. Que o jogador brilhe pelo que dá e trabalha em prol da equipa.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

O Papa e a Guerra Justa. Volumes de teoria e uma frase de realidade


O Papa tem falado frequentemente de guerra desde que foi eleito. Por exemplo, tem tido a clarividência para dizer – e bem – que estamos a viver uma “Terceira Guerra Mundial às prestações”, apesar de na Europa central e ocidental estarmos no maior período de paz da nossa história.

Tem também insistido na necessidade da paz e apelado ao fim de múltiplos conflitos em todo o mundo, incluindo os que já foram esquecidos pelo resto dos líderes mundiais.

Mas o Papa tem sido também criticado por estar a pôr em causa a tradição cristã da Teoria da Guerra Justa. Na encíclica “Fratelli Tutti”, Francisco diz o seguinte:

Nas últimas décadas, todas as guerras pretenderam ter uma ‘justificação’. O Catecismo da Igreja Católica fala da possibilidade duma legítima defesa por meio da força militar, o que supõe demonstrar a existência de algumas ‘condições rigorosas de legitimidade moral’. Mas cai-se facilmente numa interpretação demasiado larga deste possível direito. Assim, pretende-se indevidamente justificar inclusive ataques ‘preventivos’ ou ações bélicas que dificilmente não acarretem ‘males e desordens mais graves do que o mal a eliminar’. A questão é que, a partir do desenvolvimento das armas nucleares, químicas e biológicas e das enormes e crescentes possibilidades que oferecem as novas tecnologias, conferiu-se à guerra um poder destrutivo incontrolável, que atinge muitos civis inocentes. É verdade que ‘nunca a humanidade teve tanto poder sobre si mesma, e nada garante que o utilizará bem’. Assim, já não podemos pensar na guerra como solução, porque provavelmente os riscos sempre serão superiores à hipotética utilidade que se lhe atribua. Perante esta realidade, hoje é muito difícil sustentar os critérios racionais amadurecidos noutros séculos para falar de uma possível ‘guerra justa’. Nunca mais a guerra!

Segundo a tradição cristã os critérios para que uma guerra seja considerada justa são as seguintes:

  • Deve haver a certeza de uma ameaça duradora e grave por parte da entidade à qual se vai declarar guerra
  • Todos os outros meios para pôr fim ao conflito devem ter sido esgotados
  • Deve existir uma perspectiva séria de sucesso
  • O uso da força armada não deve produzir um mal maior do que aquele que pretende eliminar

A forma mais simples de entender o argumento do Papa Francisco é de que na era das armas nucleares estas condições nunca se cumprem, porque o risco de causar um mal maior do que aquele que se pretende evitar estão sempre presentes.

Francisco tem sido muito criticado por esta posição. Parece-me justa e equilibrada esta apreciação do jesuíta Francisco Sassetti da Mota, numa recensão que aparece nas páginas finais da edição de Novembro da revista Brotéria, a uma obra que reúne textos soltos do Papa sobre a temática da guerra:

É discutível que tudo o que o Papa Francisco afirma seja tecnicamente rigoroso. (…) o enamoramento por uma linguagem radicalmente pacifista é ingénuo, pouco fundado na tradição cristã e em muitos casos perigoso para o inocente oprimido. Mas essa falta de rigor em alguns pontos não pode condenar o que o Papa Francisco tem para dizer de mais fundamental: a violência perturba a ordem desejada por Deus.

Tem-se pensado muito nesta problemática desde que começou a guerra na Ucrânia. Em primeiro lugar, quantos de nós, quando a guerra começou, acreditavam que a Ucrânia tinha sérias perspectivas de sucesso no campo de batalha? Desse ponto de vista, devíamos ter defendido a rendição imediata. Uma das frases mais significativas desta década foi “não preciso de boleia, preciso de munições”, e com isso começou a desenhar-se o fantástico desempenho das forças armadas ucranianas que estão cada vez mais próximas de libertar o seu território todo.  

O Papa tem sido incansável a falar da guerra na Ucrânia, criticando sem margens para dúvidas a invasão russa. Tem sido por vezes criticado por recordar que do lado russo também há sofrimento, por exemplo, ou por apelar a negociações quando os russos não revelam qualquer intenção de devolver à Ucrânia a soberania sobre os territórios ocupados. Mas permaneceu sempre a dúvida. O Papa acredita que os ucranianos devem estar a fazer valer a sua posição pelo uso da força? Dito de forma mais simples: O ucraniano que parte para combater os russos nos territórios ocupados está a fazer bem, ou mal?

Depois de textos suficientes para encher um volume sobre a guerra e a paz, o Papa disse finalmente uma frase que parece dar-nos a resposta que procuramos. Na carta escrita ao povo ucraniano, por ocasião dos nove meses da guerra, Francisco diz: “Penso em vós, jovens, que, para defender corajosamente a vossa pátria, tivestes de pegar em armas em vez dos sonhos que nutríeis para o futuro”.

Reparem na escolha da palavra, nada acidental. “Tivestes”. Não “optastes”, não “quisestes”, mas “tivestes”. E mais, esse pegar em armas não é uma mera fatalidade, é um acto de coragem. 

É numa situação como a guerra da Ucrânia que toda a teoria sobre guerra, paz, justiça e injustiça cai por terra e temos de nos confrontar com a realidade. Uma nação poderosa, liderada por um tirano, invadiu uma terra estrangeira, sob falso pretexto, procurando subjugá-la, eliminar a cultura dos seus habitantes, espalhando terror, tragédia e morte. Perante isto não há teorias bonitas sobre espadas convertidas em arados, não há cálculos frios sobre se a defesa tem probabilidades de sucesso ou não, e daí ser ou não lícita. O que há é uma obrigação moral de defender o inocente, de travar o assassino, de fazer frente à injustiça.

Esteve bem o Papa em reconhecer a força desta realidade e de perceber quando escreve aos ucranianos – que tanto tem apoiado, e por quem tanto tem rezado – que eles precisam tanto de lições de guerra justa como precisam de boleias.

Fonte: aqui

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

sábado, 26 de novembro de 2022

terça-feira, 22 de novembro de 2022

Os três «agás» em dia de Santa Cecília

Um famoso pastoralista recorda três agás (H) essenciais à renovação das comunidades cristãs: Hospitalidade (acolhimento), Hinos (Música Litúrgica) e Homilia (pregação).
O primeiro «H» é uma preocupação  das nossas comunidades que procuram ser "comunidades de portas e janelas abertas" a quem chega.

O último «H» é um desafio enorme em tempos de frases curtas e de ouvidos pouco recetivos a discursos.

O «H» do meio tem a ver com a experiência fundamental do assombro, da harmonia e da abertura ao belo, à transcendência divina, virtualidades que a música desenvolve no espírito e na alma como nenhuma outra arte. 

Hoje é dia de Santa Cecília, padroeira da música. Este é o dia para agradecermos aos nossos cantores o seu ministério ao serviço da glória de Deus e da participação ativa dos fiéis na Liturgia.

Dias virão – digo eu – em que se perceberá que é mais decisivo o segundo «H» (Hinos - Música litúrgica) do que o terceiro. Mas até lá ainda temos de afinar as vozes e o ouvido.

(Texto de Amaro Gonçalo, com alguma modificação. Fonte: aqui)

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

*QUANDO A GENTE VAI EMBORA*

 “A GENTE VAI EMBORA... e fica tudo aí, os planos a longo prazo e as tarefas de casa, as dívidas com o banco, as parcelas do carro novo que a gente comprou pra ter status.
A GENTE VAI EMBORA... sem sequer guardar as comidas na geladeira, tudo apodrece, a roupa fica no varal.A GENTE VAI EMBORA... se dissolve e some toda a importância que pensávamos que tínhamos, a vida continua, as pessoas superam e seguem suas rotinas normalmente.
A GENTE VAI EMBORA... as brigas, as grosserias, a impaciência, serviram para nos afastar de quem nos trazia felicidade e amor.
A GENTE VAI EMBORA... e todos os grandes problemas que achávamos que tínhamos se transformam em um imenso vazio, não existem problemas. Os problemas moram dentro de nós. As coisas têm a energia que colocamos nelas e exercem em nós a influência que permitimos.
A GENTE VAI EMBORA... e o mundo continua normal , como se a nossa presença ou ausência não fizesse a menor diferença. Na verdade, não faz. Somos pequenos, porém, prepotentes. Vivemos nos esquecendo de que a morte anda sempre à espreita.
A GENTE VAI EMBORA... pois é. É bem assim: Piscou, a vida se vai... O cachorro é doado e se apega aos novos donos.
Os viúvos se casam novamente, andam de mãos dadas e vão ao cinema.
A GENTE VAI EMBORA... e somos rapidamente substituídos no cargo que ocupávamos na empresa. As coisas que sequer emprestávamos são doadas, algumas jogadas fora. Quando menos se espera...
A GENTE VAI EMBORA. Aliás, quem espera morrer?
Se a gente esperasse pela morte, talvez a gente vivesse melhor.
Talvez a gente colocasse nossa melhor roupa hoje, talvez a gente comesse a sobremesa antes do almoço. Talvez a gente esperasse menos dos outros...
Se a gente esperasse pela morte, talvez perdoasse mais, risse mais, saísse à tarde para ver o mar, o pôr do sol, talvez a gente quisesse mais tempo e menos dinheiro.
Quem sabe, a gente entendesse que não vale a pena se entristecer com as coisas banais, ouvisse mais música e dançasse mesmo sem saber.
O tempo voa. A partir do momento que a gente nasce, começa a viagem veloz com destino ao fim - e ainda há aqueles que vivem com pressa! Sem se dar o presente de reparar que cada dia a mais é um dia a menos, porque...
A GENTE VAI EMBORA o tempo todo, aos poucos e um pouco mais a cada segundo que passa.
O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO COM O POUCO TEMPO que lhe resta?!
Que possamos ser cada dia melhores, amorosos, humildes, e que saibamos reconhecer o que realmente importa nessa passagem pela Terra!!!
Até porque... A GENTE VAI EMBORA...”

Texto de Maria Augusta da Silva Caliari, aqui

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Unidades pastorais como comunidades pluriministeriais

A paróquia tem-se vindo a esgotar. Mais do que “comunidade cristã”, tem-se tornado um aglomerado de crentes, na sua maioria pouco ou nada praticantes, voltada para uma prestação de serviços religiosos. Tem aumentado o número de bancos vazios nas igrejas e o desinteresse em participar na comunidade paroquial. Também parece fazer cada vez menos sentido configurá-la como um território, pois residir numa povoação já não é sinónimo de fazer parte de uma paróquia. E a pandemia pelo novo coronavírus potenciou tudo isto, tornando necessário repensar as paróquias e a acção pastoral junto das pessoas. A paróquia ainda é a estrutura onde se faz mais prática e visível a acção da Igreja. É uma realidade pastoral necessária, mas tem cada vez maiores dificuldades para cumprir a sua missão. Por isso se tem falado muito na hipótese de se progredir para unidades pastorais como conjuntos agrupados de paróquias.
No entanto, para se fazer esse caminho, a reflexão não pode centrar-se nos padres ou nos eventuais párocos, mas nas potencialidades das comunidades como um todo. É que alguns bispos, para colmatarem as debilidades das paróquias, têm procurado quase exclusivamente soluções clericalizadas. Desenham unidades pastorais por causa das necessidades efectivas de párocos, que são cada vez menos para cada vez mais comunidades paroquiais. Fazem pacotes de paróquias para sacerdotes. Reagrupam paróquias de modos diferentes. Procuram soluções ou alternativas com padres vindos de fora, padres substitutos, ou outras figuras eclesiais similares, para se continuar a fazer as comunidades cristãs dependerem de uma única pessoa, o padre.
O ideal seria pensar e estruturar comunidades mais dinâmicas, menos ligadas a lugares, menos dependentes dos padres, mais animadas e confiadas a leigos e equipas corresponsáveis, comunidades a que poderíamos chamar de pluriministeriais. Uma unidade pastoral não pode ser um agregado de paróquias do padre para lhe facilitar a vida, mas uma comunhão de comunidades e cristãos que unem sinergias, capacidades, potencialidades, recursos, ministérios, numa diversidade corresponsável, aberta, dinâmica e participativa.
Fonte: aqui

sábado, 12 de novembro de 2022

9 coisas que afastam as pessoas da Igreja...

 
“Così non posso più fare il parroco”, da autoria do padre alemão Thomas Frings, figura entre os livros mais vendidos da Alemanha.

Este sacerdote, que foi pároco da cidade de Münster, Alemanha, por 30 anos, decidiu deixar a paróquia e passar um tempo de reflexão num mosteiro.

Padre Thomas faz uma lista de coisas que não funcionam na Igreja alemã, mas que podem referir-se a qualquer outra Igreja do mundo. São problemas que afastam as pessoas e enfraquecem a instituição eclesiástica, deixando-a estranha aos olhos de muitas pessoas.

Então veja aqui a lista de 9 coisas que afastam as pessoas da Igreja segundo este autor. 

A título exemplificativo, cito só este ponto: 

"8) Mau exemplo
O mau exemplo que os responsáveis pelas instituições dão no que diz respeito ao estilo de vida e à ostentação afasta as pessoas da Igreja. Escreve o Padre Thomas: “antes de administrar o sacramento da confirmação, um bispo quis dialogar em tom amistoso com os confirmandos. Ele pediu para que os crismandos perguntassem tudo o que eles queriam saber sobre um bispo. Ele lhes disse: ‘Sou um de vocês, podem perguntar tudo’. Então, um deles respondeu: ‘Senhor bispo, enquanto o senhor se vestir assim e andar nesse carro com motorista, o senhor não será um de nós’”
.

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

EU SÓ QUERO PASSAR!

 



terça-feira, 1 de novembro de 2022

Os padres também são filhos de Deus!


"Mas os padres também são filhos de Abraão! Não precisam apenas de censura e acusação, mas de cura e de ternura, de proximidade e de atenção, de perdão e de compaixão, de apoio e de confiança no seu ministério. De entre os Doze, a quem Jesus chamou, não estavam 12 homens de ficha limpa! Nem um sequer. Estavam aqueles para quem Ele olhou com misericórdia!
Queres padres felizes? Não entres no coro desafinado dos gritos da multidão. Não fales mal do padre da tua paróquia. Fala com ele e por bem. Faz-te amigo dele (...). Esta é a melhor forma de descobrires, assumires e promoveres, com o teu testemunho, a beleza da vocação sacerdotal.
(Amaro Gonçalo)

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Tensões, preocupações e pedidos de mudança unem católicos do mundo inteiro

 Foi publicado esta quinta-feira, 27, o Documento de Trabalho da Etapa Continental do Sínodo (DEC), que servirá de “quadro de referência” para os trabalhos da segunda etapa do caminho sinodal lançado pelo Papa Francisco em 2021. Nele, sobressaem tensões, questões e pedidos de mudança transversais aos fiéis de todos os continentes. Entre os principais motivos de preocupação estão a falta de participação dos “exilados da Igreja”, os contínuos problemas relacionados com escândalos de abusos (sexuais e não só), as disputas litúrgicas e o clericalismo.

Apesar disso, o documento, intitulado “Alarga o espaço da tua tenda” (expressão do Livro de Isaías, capítulo 54), começa em tom de entusiasmo: “o sínodo segue em frente”, lê-se na introdução do texto de 56 páginas, onde se sublinha que “a participação a nível global – nesta primeira etapa – foi superior a todas as expetativas”.

À Secretaria do Sínodo chegaram as sínteses “de 112 das 114 Conferências Episcopais e de todas as 15 Igrejas Orientais Católicas, às quais se juntam as reflexões de 17 dos 23 dicastérios da Cúria Romana, além das que vieram dos superiores religiosos, dos institutos de vida consagrada e sociedades de vida apostólica, e ainda de associações e movimentos de fiéis leigos, sublinha o DEC. A somar a estas, “chegaram mais de mil contributos de pessoas singulares e de grupos” e foram também recolhidas sugestões nas redes sociais, graças à iniciativa do “Sínodo digital”.

“Não faltaram, contudo, dificuldades, que as sínteses não escondem”, salvaguarda desde logo o documento. Entre elas, “o medo que a ênfase sobre a sinodalidade possa fazer pressão para a adoção no interior da Igreja de mecanismos e procedimentos impregnados do princípio da maioria de tipo democrático” ou “o ceticismo sobre a real eficácia ou intenção do processo sinodal”.

Numerosas sínteses mencionam “os medos e as resistências da parte do clero, mas também a passividade dos leigos, o seu temor a exprimir-se livremente e o cansaço de articular o papel dos pastores com a dinâmica sinodal”, refere o DEC.

CONTINUE A LER aqui

terça-feira, 25 de outubro de 2022

Hollerich: a Igreja deve mudar, para não corrermos o risco de falar com alguém que já não existe

Numa longa entrevista com L'Osservatore Romano, o Cardeal Presidente da Comissão que reúne os episcopados europeus fala de como a fase de preparação para a próxima etapa do Sínodo está a trazer à tona a urgência de uma mudança de ritmo no trabalho pastoral: embora firmes no Evangelho devemos ser capazes de o proclamar ao homem de hoje, que na sua maioria o ignora, e isto implica uma prontidão para nos deixarmos transformar a nós mesmos.

Veja a entrevista aqui

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Estados Unidos da América: "Padres sob pressão, sem confiança nos bispos e com medo de falsas acusações"

Um estudo que afirma ser fruto da maior sondagem realizada a padres católicos nos Estados Unidos da América (EUA) nos últimos 50 anos concluiu que, apesar dos níveis de bem-estar e realização pessoal serem relativamente altos entre a classe, há uma percentagem significativa de sacerdotes com sintomas de esgotamento, desconfiança em relação aos seus bispos, e que receiam ser falsamente acusados de má conduta.

Leia aqui o artigo todo. 

terça-feira, 11 de outubro de 2022

11 de outubro - S. JOÃO XXIII

 
São João XXIII, Santo Óscar Romero e Santa Teresa de Calcutá formam o trio de santos modernos a que me sinto mais ligado afectivamente. 

São João XXIII, o Papa Bom. A fé profunda, a alegria serena, a simplicidade sábia, a abertura à esperança.

Santo Oscar Romero. O profeta. O homem de Deus que não tem medo. O compromisso até ao sangue com os pobres e injustiçados deste mundo.

Santa Teresa de Calcutá. Centrada no amor de Deus, descentrada no serviço amoroso aos irmãos. Uma vida a semear amor. 

DECÁLOGO DA SERENIDADE (escrito pelo Papa Bom)
Fica aqui o decálogo da serenidade composto pelo bom Papa João. Trata-se de um texto mais oportuno que nunca. São, na verdade, dez sugestões de conduta para quem aspira à paz consigo, com os outros e com Deus.
1. Hoje, apenas hoje, procurarei viver pensando apenas neste dia, sem querer resolver todos os problemas da minha vida de uma só vez.
2. Hoje, apenas hoje, procurarei ter o máximo cuidado na minha convivência, serei cortês nas minhas maneiras, a ninguém criticarei, nem pretenderei melhorar ou corrigir à força ninguém, senão a mim mesmo.
3. Hoje, apenas hoje, serei feliz na certeza de que fui criado para a felicidade, não só no outro mundo, mas também já neste.
4. Hoje, apenas hoje, adaptar-me-ei às circunstâncias, sem pretender que sejam todas as circunstâncias a adaptarem-se aos meus desejos.
5. Hoje, apenas hoje, dedicarei dez minutos do meu tempo a uma boa leitura, recordando que assim como o alimento é necessário para a vida do corpo, a boa leitura é necessária para a vida da alma.
6. Hoje, apenas hoje, farei uma boa acção, e não direi nada a ninguém.
7. Hoje, apenas hoje, farei ao menos uma coisa que me custe fazer, e, se me sentir ofendido nos meus sentimentos, procurarei que ninguém o saiba.
8. Hoje, apenas hoje, executarei um programa pormenorizado, talvez não o cumpra perfeitamente, mas ao menos escrevê-lo-ei, e fugirei de dois males: a pressa e a indecisão.
9. Hoje, apenas hoje, acreditarei firmemente, embora as circunstâncias mostrem o contrário, que a Providência de Deus se ocupa de mim, como se não existisse mais ninguém no mundo.
10. Hoje, apenas hoje, não terei nenhum temor, de modo especial não terei medo de gozar o que é belo, e de crer na bondade.

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Que renovação (mudança) querem aqueles que a pedem/exigem à Igreja?

 Que renovação (mudança) querem aqueles que a pedem/exigem à Igreja? A que Igreja se referem? Entre as razões continua entranhada a ideia da Igreja ser o clero (papa, bispos e padres) e o resto “paisagem”. Por isso, quando pedem mudança exigem-na unicamente a pensar no clero. São públicas as mudanças (re)queridas, espelhadas e criticadas, sobretudo nas redes sociais. O Sínodo – pelos sinais e modos já evidentes – arrisca-se a embarcar na mesma onda: falar para fora, apontar para os outros.

A renovação “católica” (universal) só faz sentido se abraçada por todos os batizados, leigos e clero. Caso contrário, não passará de mais uma farsa (encenação), sempre usada como pedra de arremesso se querida/exigida só por uns ou só para uns. Há muito clero a precisar de “eminentíssima reforma”? Sim. Precisa a maioria dos leigos de urgentíssima mudança? Sim. Enquanto persistir a falácia de pensar e falar sempre para o outro lado da barricada não há renovação ou Sínodo que nos valham. Tem de começar pelos padres e bispos? Por que razão não podem os leigos “obrigá-los” à mudança através do seu compromisso sério e testemunho audaz? “Se a montanha não vai a Maomé, vai Maomé à montanha”…
(P. António Magalhães Sousa)
Pode ler o texto todo aqui

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

O MENINO POBRE

Era uma vez, há muitos anos, um menino muito pobre que frequentava a igreja, levando sempre uma roupa muito remendada e uns sapatos gastos. Certo dia, um homem sem fé, que o via passar todos os domingos diante da sua casa, quis brincar com ele. Quando regressava da igreja, perguntou-lhe:
- Olha lá, menino, tu acreditas mesmo em Deus?
A criança respondeu:
- Sim, acredito que Deus existe e que nos ama muito.
- E achas que Ele é mesmo teu amigo, que gosta muito de ti?
- Sim. É o meu maior amigo.
- Então, se Ele é teu grande amigo, por que é que não te dá uma roupa melhor e não te ajuda a comprar uns sapatos novos?
O menino, com um olhar de tristeza, olhou bem para esse homem e disse-lhe:
- Certamente que Deus encarregou alguém neste mundo de fazer isso para mim. Mas esse alguém ainda não me viu ou não me quis ver…

Fonte: aqui

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Finanças "atam fardos pesados e insuportáveis e colocam-nos aos ombros dos outros, mas eles não põem nem um dedo para os deslocar" (Mt, 23,4)

Chegou-me ao conhecimento esta situação.
Manhã do dia 19 de setembro. Tudo havia sido antecipadamente marcado, tendo em vista a celebração da escritura no Cartório Notarial.
Todos compareceram à hora marcada. Chega então a informação frustrante: O Portal das Finanças continua a não funcionar. Deste sexta-feira última que está inoperacional. E nem se sabe quando estará operacional.
Nos responsáveis havia esta perspectiva: as Finanças vão aproveitar o fim-de-semana para pôr o seu Portal em ordem. Engano.
Só que havia pessoas envolvidas na escritura que tinham vindo expressamente do estrangeiro para este efeito. E com viagem de regresso marcada. Enquanto outros, igualmente envolvidos na escritura, tinham vindo do sul do país. 
E agora? Quem pagaria as despesas, as faltas ao trabalho, as alterações nas viagens,  a angústia, a revolta, a decepção?
As Finanças - e outros organismos  públicos - são de extraordinária exigência para com os cidadãos, mas são de um laxismo confrangedor em relação a eles mesmos. Se um cidadão não paga no dia marcado, está tramado, sujeita-se a todas as contrariedades e penalizações. As Finanças falham, "lixam" a vida de multidões de portugueses e nada assumem nem reparam. Nem um explicação! É a ditadura dos órgãos do Estado.
Falta democratizar os serviços do Estado, para que o cidadão seja devidamente respeitado.
Mas não são só os serviços públicos que, muitas vezses, desrespeitam os cidadãos. Também há empresas privadas.  Cito, por exemplo, EDP, Seguradoras, Telecomunicações, etc.
Para pagar o seguro, a seguradora envia comunicaçãos imenso tempo antes. A cobrança tem que ser no dia marcado. Mas para a seguradora cumprir a sua parte... Ui! Eternidades de tempo, faz tudo para "fugir com o rabo à seringa..."
EDP. Nunca percebi porque esta empresa não assume os estragos que causa com os cortes na luz, quando a exigência, os preços quebrados e a pontualidade na cobranças são "à inglesa".
É assim, dando razão ao povo: Há uma medida para o Estado e para os grandes e outra bem mais estreita para os cidadãos. 
Senhores políticos, comecem já a democratizar o funcionamente dos serviços do Estado e ponham os cidadãos no centro das grandes empresas.

O Modernismo e os tradicionalistas paranoicos

Leia aqui
 

terça-feira, 20 de setembro de 2022

A FAZER FÉ NOS CHICOS-ESPERTOS: TEMOS MAUS PADRES E BONS FIÉIS

Dizia-se que, após a pandemia, as pessoas iriam sair diferentes (melhores) e, no que respeita a Deus, mais convencidas da sua impotência (finitude) ao ponto de voltarem de novo às igrejas. Havia quem assinasse de cruz esta profecia. Sempre fui dizendo ser uma esperança infundada, porque os nossos “pios crentes”, debaixo da desculpa cínica e intrujona de “católicos não praticantes” rapidamente arranjariam outros motivos para a sua “fezada à distância” e usada somente “à la carte”, segundo “os interesses e costumes pessoais e sociais”.
Alguns dos mais velhos dizem que têm medo de voltar e, por isso, satisfazem-se a “ver a missa na televisão”. É o famigerado medo seletivo: vão de autocarro à praia, passeios e peregrinações; passam manhãs e/ou tardes em centros de saúde e convívio para idosos; visitam feiras, hipermercados e restaurantes e só têm medo de ir à Igreja! A maioria dos adultos ocupa-se a servir outros deuses: trabalho, desporto, caminhadas, lazer, festas e convívios. Não têm tempo (nem vontade) para Deus. Os jovens há muito que não querem nada com Deus, por razões óbvias: “não cabem dois galos no mesmo poleiro”…
Santa paciência! Mandam Deus, a Igreja e os padres às favas – e fazem-no de peito feito! – mas quando precisam de algum serviço, papel ou sacramentos são capazes de tudo: mentir, enganar, deitar mão a testemunhos falsos, manipular, ocultar, usar todos os meios ilícitos e desonestos e até “invocar o santo nome de Deus em vão”. E exigem que os pastores (padres e bispos) - quando precisados - sejam acolhedores, respeitadores, disponíveis, serviçais, simpáticos, isto é, lacaios e bonecos sempre ao dispor das suas intentonas.
No pensar da maioria, os padres não passam de saloios (néscios, burros, limitados, retrógrados) facilmente levados na cantiga (enganados) com “duas de retórica”. Cruzo-me diariamente com isto, seja nas lides diárias, seja nas publicações (comentários, gostos e partilhas) das redes sociais. E, por incrível que pareça, há quem esteja convencido levar-me na cantiga: “Às vezes finjo-me de burro que é para não ser incomodado pelos que fingem ser inteligentes!”. E insistem na lengalenga: “vou à Missa ao Alívio, à Abadia, ao Sameiro, ali ou acolá, mas nunca à paróquia...”; “não preciso de ir à Missa para ser católico”; “não vou à Missa porque quem lá vai é pior que eu”; “não estamos a viver juntos, só ao fim de semana”; “são padres como o senhor que acabam com a fé”! Olhe que não… acha mesmo que posso acabar com aquilo que há muito não tem?
(P. António Magalhães Sousa, Sopro e Vida)

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Novos bispos para Angra, Bragança e Setúbal estão para breve

 Vinte por cento dos padres em todo o mundo estão a recusar ser nomeados para bispos. E em Portugal também já houve pelo menos três casos, nos últimos meses. Uma situação que pode ajudar a explicar o atraso na nomeação de novos bispos para Angra, Bragança e Setúbal – que, finalmente, estará para breve.

Imagem do Senhor Santo Cristo, Ponta Delgada

Imagem do Senhor Santo Cristo, em Ponta Delgada: os Açores deverão ter finalmente um novo bispo, após um ano sem o principal responsável da diocese de Angra. Foto © António Marujo/7Margens

  

Está para breve, finalmente e após largos meses de espera, a nomeação de novos bispos católicos para as dioceses de Angra (há um ano à espera, quando João Lavrador foi nomeado para Viana), Bragança (desde Dezembro, com a nomeação de José Cordeiro para arcebispo de Braga) e Setúbal (desde Janeiro, com José Ornelas a ser nomeado para Leiria-Fátima.)

A concretizar-se, esta informação, vinda de fontes eclesiásticas, porá fim a uma espera de meses, que padres das três dioceses consideram excessiva, atribuindo responsabilidades ao núncio do Vaticano em Portugal, Ivo Scapolo. Mas o 7MARGENS sabe que a razão pode estar também noutro lado: em todo o mundo, há cerca de 20% de presbíteros a recusar ser nomeados para bispos, conforme terá confidenciado o prefeito do Dicastério para os Bispos, o cardeal Marc Ouellet, a vários clérigos; e em Portugal, há já pelo menos três – dois de dioceses do Norte e um de uma do Centro – que também disseram que não ao convite para serem bispos.

De acordo com as informações recolhidas, Angra pode ser a primeira a ter novo responsável máximo da diocese. Talvez ainda este mês, é a expectativa de vários padres na diocese. Mas há quem diga que já não acredita na brevidade da resolução: “Nunca houve uma demora assim e não há razão para que tal aconteça, porque já houve processos a correr”, diz um presbítero de uma das dioceses ao 7MARGENS. “Não se percebe o que o núncio está a fazer para que haja esta demora toda”, acrescenta outro. Sobretudo, diz, sabendo-se que o bispo João Lavrador já manifestara nos Açores a sua vontade de ir para Viana do Castelo, antes de ser nomeado; que o actual arcebispo de Braga chegou a manifestar em privado, em Bragança, o seu desejo de, após meia dúzia de anos, transitar para outra diocese; e que José Ornelas saiu de Setúbal e foi para Leiria muito pelo empurrão do cardeal António Marto. Acrescenta aquele padre: “Se é para ter soluções das quais já se falava há muito, não era preciso esperar quase um ano em cada um daqueles casos e demorar outra vez este tempo todo com Angra, Bragança e Setúbal.”

Há mais de um mês, no dia 4 de Agosto, o 7MARGENS perguntou ao núncio, por correio electrónico, se seria possível ter uma perspectiva de até quando poderia haver novos bispos em cada uma das três dioceses, tendo em conta o ambiente de desânimo que reina entre boa parte do clero. Dias depois, ao insistir por telefone, uma das funcionárias da representação diplomática do Vaticano disse ao 7MARGENS que o núncio Ivo Scapolo dera instruções para que email não fosse respondido.

Para baralhar o problema, surgiu entretanto a questão de uma eventual mudança em Lisboa, conforme o 7MARGENS noticiou, caso o Papa decida antecipar a saída do patriarca, tendo em conta a proximidade da Jornada Mundial da Juventude, que decorre na capital de 1 a 6 de Agosto do próximo ano, aceitando a disponibilidade do cardeal para sair. 

Angra: “Temos fama de não sermos fáceis”
Nuno Almeida, bispo auxiliar Braga

Nuno Almeida, bispo auxiliar de Braga, um dos nomes de quem se fala para Bragança-Miranda. Foto: Direitos reservados.

Enquanto se espera pelas nomeações, faz-se a dança dos nomes que correm em conversas entre o clero ou entre alguns leigos com responsabilidade em dioceses.

Para Angra, tem aparecido o nome do actual administrador da diocese, Hélder Fonseca, mas um dos membros do clero açoriano diz que ele tem alguns “anticorpos” entre os padres da diocese. “Não é fácil ser bispo aqui nas ilhas”, diz um outro clérigo dos Açores. “A dispersão geográfica reforça os bairrismos, que infelizmente também existem na Igreja”. De qualquer modo, este presbítero está confiante que até final do mês surja a notícia da nomeação. “Talvez no dia litúrgico dos arcanjos”, a 29 de Setembro, diz.

Um outro padre diz que “a relação entre o clero e o bispo nunca é fácil”, mas que uma “condição essencial para se ser nomeado bispo deveria ser a de não o querer ser, ao contrário do que acontece com alguns que foram nomeados nos últimos anos”.

Outros dos nomes de que se fala nos Açores são os dos bispos das Forças Armadas, Rui Valério, e de São Tomé e Príncipe, Manuel António Mendes dos Santos – que é apontado também como hipótese para Setúbal. Mas comenta-se igualmente que poderá haver um jesuíta a ser nomeado ou António Manuel Saldanha, que trabalha em Roma, mas é visto por alguns padres como não estando na linha do Papa Francisco.

“Também sabemos que a alguns não agrada vir para os Açores”, diz um outro padre. “Temos fama de não sermos um clero fácil e a dispersão não ajuda.” Mas este clérigo acrescenta outras razões, mais históricas e de fundo: “No pós-Concílio [Vaticano II, na década de 1960], apareceu uma grande divisão teológica, pastoral e moral em toda a parte, mas aqui ela foi extremamente aguerrida. Alguns dos melhores abandonaram o ministério, por causa da [encíclica do Papa Paulo VI] Humanae Vitae [sobre o planeamento familiar].”

Desde essa crise, acrescenta, vários dos que têm um pensamento crítico abandonam o ministério, e por isso também o panorama de uma parte da hierarquia e do clero é “sofrível”, diz outro dos padres açorianos. “Angra é a segunda diocese com mais pessoas a estudar fora, depois de Braga”, acrescenta o mesmo clérigo. “E tínhamos um seminário aberto, onde se ensinava Psicologia, Sociologia, Nietzsche, Erasmo – não era ler sobre eles, éramos incentivados a ler autores como esses.”

Já para Bragança-Miranda, o actual bispo auxiliar de Braga, Nuno Almeida, é um dos nomes apontados, a par dos padres Joaquim Dionísio e João Morgado, ambos de Lamego, António Jorge Almeida (de Viseu, mas com o cargo de reitor do Seminário Interdiocesano em Braga) e Delfim Gomes, de Bragança. 

Desconforto entre bispos

Pelos vistos, adiantam fontes eclesiásticas da diocese, o processo terá ido directamente para Roma depois de feita a auscultação inicial. Ou seja, a nunciatura (embaixada) do Vaticano em Lisboa, que coordena estes processos, reuniu informação e, em vez fazer a lista com três nomes que sujeita depois à apreciação dos padres da diocese, terá enviado directamente a lista para Roma. Nessa auscultação inicial, vários presbíteros e outras pessoas são chamados a pronunciar-se, a propósito de um questionário que tenta averiguar as qualidades morais e a disciplina eclesiástica do candidato, mas que nunca fala do Evangelho, como o 7MARGENS já contou, quando publicou o questionário na íntegra.

Entre pelo menos alguns bispos portugueses, este método provoca algum desconforto, por concentrar toda a decisão nas mãos de uma pessoa só – no caso, o núncio. “Ele pode consultar quem entender na diocese ou fora e mandar a lista para Roma, sem que se saiba se ela corresponde às pessoas mais consensuais”, lamenta um deles.

Em Setúbal, finalmente, no quadro de “uma diocese sem rosto, sem liderança, em que cada um neste momento faz o que entende”, há um sentimento de “orfandade”, diz um padre ouvido pelo 7MARGENS. Outro pensa que, pelo contrário, a diocese “vai funcionando”. Fala-se, também aqui, dos nomes do bispo auxiliar do Porto, Armando Esteves, e do de São Tomé, Manuel Mendes dos Santos.

Mas um membro do clero setubalense também admite que não é fácil para alguém aceitar ser bispo na diocese: caracterizada por ter um importante grupo de padres ligados ao movimento Comunhão e Libertação, de pendor mais conservador, o clero está “muito dividido”, diz.

Um outro padre açoriano confirma a observação, contando que há cerca de dois anos esteve com um grupo de padres de Setúbal que visitaram a região, acompanhados do bispo Ornelas: “Só havia dois sem cabeção e um deles era o bispo. Um deles andava de cabeção e calções, não percebendo sequer o ridículo.” Mas este padre não se admira: “O que atrai hoje mais muitos seminaristas e padres novos é uma estrutura psicossocial única, uma orientação sexual que não se entende bem e um estilo tridentino”, lamenta.

In 7 Margensaqui. O negrito é nosso