sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Tensões, preocupações e pedidos de mudança unem católicos do mundo inteiro

 Foi publicado esta quinta-feira, 27, o Documento de Trabalho da Etapa Continental do Sínodo (DEC), que servirá de “quadro de referência” para os trabalhos da segunda etapa do caminho sinodal lançado pelo Papa Francisco em 2021. Nele, sobressaem tensões, questões e pedidos de mudança transversais aos fiéis de todos os continentes. Entre os principais motivos de preocupação estão a falta de participação dos “exilados da Igreja”, os contínuos problemas relacionados com escândalos de abusos (sexuais e não só), as disputas litúrgicas e o clericalismo.

Apesar disso, o documento, intitulado “Alarga o espaço da tua tenda” (expressão do Livro de Isaías, capítulo 54), começa em tom de entusiasmo: “o sínodo segue em frente”, lê-se na introdução do texto de 56 páginas, onde se sublinha que “a participação a nível global – nesta primeira etapa – foi superior a todas as expetativas”.

À Secretaria do Sínodo chegaram as sínteses “de 112 das 114 Conferências Episcopais e de todas as 15 Igrejas Orientais Católicas, às quais se juntam as reflexões de 17 dos 23 dicastérios da Cúria Romana, além das que vieram dos superiores religiosos, dos institutos de vida consagrada e sociedades de vida apostólica, e ainda de associações e movimentos de fiéis leigos, sublinha o DEC. A somar a estas, “chegaram mais de mil contributos de pessoas singulares e de grupos” e foram também recolhidas sugestões nas redes sociais, graças à iniciativa do “Sínodo digital”.

“Não faltaram, contudo, dificuldades, que as sínteses não escondem”, salvaguarda desde logo o documento. Entre elas, “o medo que a ênfase sobre a sinodalidade possa fazer pressão para a adoção no interior da Igreja de mecanismos e procedimentos impregnados do princípio da maioria de tipo democrático” ou “o ceticismo sobre a real eficácia ou intenção do processo sinodal”.

Numerosas sínteses mencionam “os medos e as resistências da parte do clero, mas também a passividade dos leigos, o seu temor a exprimir-se livremente e o cansaço de articular o papel dos pastores com a dinâmica sinodal”, refere o DEC.

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terça-feira, 25 de outubro de 2022

Hollerich: a Igreja deve mudar, para não corrermos o risco de falar com alguém que já não existe

Numa longa entrevista com L'Osservatore Romano, o Cardeal Presidente da Comissão que reúne os episcopados europeus fala de como a fase de preparação para a próxima etapa do Sínodo está a trazer à tona a urgência de uma mudança de ritmo no trabalho pastoral: embora firmes no Evangelho devemos ser capazes de o proclamar ao homem de hoje, que na sua maioria o ignora, e isto implica uma prontidão para nos deixarmos transformar a nós mesmos.

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sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Estados Unidos da América: "Padres sob pressão, sem confiança nos bispos e com medo de falsas acusações"

Um estudo que afirma ser fruto da maior sondagem realizada a padres católicos nos Estados Unidos da América (EUA) nos últimos 50 anos concluiu que, apesar dos níveis de bem-estar e realização pessoal serem relativamente altos entre a classe, há uma percentagem significativa de sacerdotes com sintomas de esgotamento, desconfiança em relação aos seus bispos, e que receiam ser falsamente acusados de má conduta.

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terça-feira, 11 de outubro de 2022

11 de outubro - S. JOÃO XXIII

 
São João XXIII, Santo Óscar Romero e Santa Teresa de Calcutá formam o trio de santos modernos a que me sinto mais ligado afectivamente. 

São João XXIII, o Papa Bom. A fé profunda, a alegria serena, a simplicidade sábia, a abertura à esperança.

Santo Oscar Romero. O profeta. O homem de Deus que não tem medo. O compromisso até ao sangue com os pobres e injustiçados deste mundo.

Santa Teresa de Calcutá. Centrada no amor de Deus, descentrada no serviço amoroso aos irmãos. Uma vida a semear amor. 

DECÁLOGO DA SERENIDADE (escrito pelo Papa Bom)
Fica aqui o decálogo da serenidade composto pelo bom Papa João. Trata-se de um texto mais oportuno que nunca. São, na verdade, dez sugestões de conduta para quem aspira à paz consigo, com os outros e com Deus.
1. Hoje, apenas hoje, procurarei viver pensando apenas neste dia, sem querer resolver todos os problemas da minha vida de uma só vez.
2. Hoje, apenas hoje, procurarei ter o máximo cuidado na minha convivência, serei cortês nas minhas maneiras, a ninguém criticarei, nem pretenderei melhorar ou corrigir à força ninguém, senão a mim mesmo.
3. Hoje, apenas hoje, serei feliz na certeza de que fui criado para a felicidade, não só no outro mundo, mas também já neste.
4. Hoje, apenas hoje, adaptar-me-ei às circunstâncias, sem pretender que sejam todas as circunstâncias a adaptarem-se aos meus desejos.
5. Hoje, apenas hoje, dedicarei dez minutos do meu tempo a uma boa leitura, recordando que assim como o alimento é necessário para a vida do corpo, a boa leitura é necessária para a vida da alma.
6. Hoje, apenas hoje, farei uma boa acção, e não direi nada a ninguém.
7. Hoje, apenas hoje, farei ao menos uma coisa que me custe fazer, e, se me sentir ofendido nos meus sentimentos, procurarei que ninguém o saiba.
8. Hoje, apenas hoje, executarei um programa pormenorizado, talvez não o cumpra perfeitamente, mas ao menos escrevê-lo-ei, e fugirei de dois males: a pressa e a indecisão.
9. Hoje, apenas hoje, acreditarei firmemente, embora as circunstâncias mostrem o contrário, que a Providência de Deus se ocupa de mim, como se não existisse mais ninguém no mundo.
10. Hoje, apenas hoje, não terei nenhum temor, de modo especial não terei medo de gozar o que é belo, e de crer na bondade.

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Que renovação (mudança) querem aqueles que a pedem/exigem à Igreja?

 Que renovação (mudança) querem aqueles que a pedem/exigem à Igreja? A que Igreja se referem? Entre as razões continua entranhada a ideia da Igreja ser o clero (papa, bispos e padres) e o resto “paisagem”. Por isso, quando pedem mudança exigem-na unicamente a pensar no clero. São públicas as mudanças (re)queridas, espelhadas e criticadas, sobretudo nas redes sociais. O Sínodo – pelos sinais e modos já evidentes – arrisca-se a embarcar na mesma onda: falar para fora, apontar para os outros.

A renovação “católica” (universal) só faz sentido se abraçada por todos os batizados, leigos e clero. Caso contrário, não passará de mais uma farsa (encenação), sempre usada como pedra de arremesso se querida/exigida só por uns ou só para uns. Há muito clero a precisar de “eminentíssima reforma”? Sim. Precisa a maioria dos leigos de urgentíssima mudança? Sim. Enquanto persistir a falácia de pensar e falar sempre para o outro lado da barricada não há renovação ou Sínodo que nos valham. Tem de começar pelos padres e bispos? Por que razão não podem os leigos “obrigá-los” à mudança através do seu compromisso sério e testemunho audaz? “Se a montanha não vai a Maomé, vai Maomé à montanha”…
(P. António Magalhães Sousa)
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