Conta-se que, enquanto os turcos otomanos estavam às portas de Constantinopla, precedendo a sua queda, os desta cidade discutiam a cor dos olhos de Nossa Senhora, o sexo dos anjos, e se uma mosca caísse numa pia de água benta, se seria a mosca a ficar benzida ou a água contaminada...Desde então a expressão discutir o sexo dos anjos ganhou o significado de perder tempo discutindo um assunto absolutamente inútil e impossível de ser determinado, quando existem problemas mais importantes.Diante de problemas de importância transcendente que o mundo hoje enfrenta, há alguns cristãos a discutir se a comunhão é na boca ou na mão.
1. Há uma clara e explícita indicação dos nossos Bispos no sentido de se comungar na mão durante a vigência da pandemia que nos atinge. Quando as decisões do episcopado agradam a certas pessoas, estas aplaudem intensamente; quando as decisões episcopais as contrariam, criticam, não cumprem, fogem...E o Mestre continua a dizer: "Quem vos ouve, a Mim ouve..."
2. Sem nos focarmos no concreto, podemos perguntar-nos: Quantas vezes as mãos são menos pecadoras do que a língua? Além disso, quem criou a língua não criou as mãos? E mais: na Última Ceia, Jesus deu a Comunhão à boca aos seus apóstolos?
3. Uma pessoa tem fome. Nega-se a comer porque a comida é servida em porcelana em vez de prata?
4. Quando seremos cristãos do importante, do essencial? Quando os problemas e desafios são mais do que muitos, alguns ficam presos à discussão sobre o "sexo dos anjos"?
5. Os olhos estão na testa para olharmos em frente e não na nuca para olharmos para trás. O esvaziar das igrejas, o indiferentismo religioso, a ausência dos valores cristãos na vida social e pessoal, o desemprego e a fome, a violência doméstica, o tráfego de pessoas, a desestruturação da família, a educação da juventude, a ausência de verdadeira consciência laical, a falta de sentido eclesial e sua pertença... Isto sim são desafios que deviam encharcar a atitude e envolvência dos crentes.