sábado, 27 de maio de 2023

Um justo vencedor

Eu sei que estou a ser "politicamente incorreto" em relação ao que pensa a maioria dos apaniguados do meu clube, o Futebol Clube do Porto. Para muitos  as arbitragens empurraram definitivamente o Benfica para o título. Não penso assim.  Seja quem for o clube que enraíze o seu insucesso nas arbitragens, está apenas "a enterrar a cabeça na areia."

O Porto perdeu este campeonato por culpa ou por debilidades próprias.  Especialmente pela dificuldade em ganhar aos chamados "mais fracos", já que quanto aos quatro primeiros classificados foi quem mais pontos ganhou. De maneira nenhuma esta situação se pode manter para a próxima época. É "crime" perder tantos pontos contra "os mais pequenos..."

O treinador Sérgio Conceição tem sido um gigante, como treinador e como portista, já que, não "tendo cão, tem caçado com gato".

Quem tem estado mal, muito mal é a estrutura dirigente do Clube e da SAD que ganhando loucuras, tem o Clube pelas ruas da amargura no especto económico e na falta de reforços condignos e à altura dos pergaminhos do Clube.

O Porto precisa de se reforçar muito em todos os sectores da equipa. Como não tem dinheiro, tem que ser muito cirúrgico.

Este ano desportivo, o Benfica mostrou melhor plantel, foi mais regular e praticou melhor futebol. Por isso, é justo vencedor.

    Podia não ter chegado? Podia. Bastava que o Porto cumprisse o seu dever e tivesse ganho ao Gil Vicente no Dragão...

sexta-feira, 26 de maio de 2023

P. Joaquim Dionísio nomeado bispo auxiliar do Porto

Papa nomeou D. Joaquim Dionísio como bispo auxiliar para a Diocese do Porto.
O bispo auxiliar foi nomeado com o título simbólico de Parténia, diocese histórica na atual Argélia.
A ordenação episcopal de D. Joaquim Dionísio vai ser celebrada no dia 16 de julho, na Catedral de Lamego, às 16h00.
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O cónego Joaquim Proença Dionísio nasceu em São Martinho de Cimbres, concelho de Armamar, na diocese de Lamego, a 11 de setembro de 1968, e frequentou o Seminário Maior de Lamego e foi ordenado sacerdote na Catedral de Lamego em 31 de julho de 1993.
Enquanto sacerdote, desempenhou várias missões como pároco, foi capelão das comunidades de língua portuguesa em Frankfurt, na Diocese de Limburgo, e acompanhou as comunidades de língua portuguesa presentes na Diocese de Evry-Corbeil-Essones, em França.
Foi professor no Seminário Maior de Lamego e no Instituto Superior de Teologia em Viseu, diretor do semanário diocesano “Voz de Lamego”, diretor da Comissão Diocesana para as Vocações e Ministérios, diretor pedagógico e diretor da Escola Profissional de Lamego e diretor do Centro de Estudos Fé e Cultura (CEFECULT) para a formação de agentes da pastoral.
O novo bispo estudou Teologia Sistemática na Faculdade de Teologia e Ciências Religiosas do Institut Catholique de Paris, onde obteve, em 1 de julho de 2002, o grau de mestre em Teologia.
De 2013 a 2020, foi reitor do Seminário Maior de Lamego e de 2020 até ao presente é reitor do Santuário de Nossa Senhora da Lapa e pároco de São João Baptista, em Quintela da Lapa, no município de Sernancelhe.
Em 2021, foi também nomeado pároco de Nossa Senhora das Neves, em Granjal, e de Nossa Senhora da Conceição, em Lamosa, ainda em Sernancelhe.
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O P. Joaquim foi meu aluno na Escola Secundária de Moimenta da Beira e foi igualmente meu paroquiano no tempo em que, juntamente com os padres Matias e Ramos, fui pároco da sua terra natal - Cimbres.
Mais tarde, nos seus dois primeiros anos de sacerdócio, trabalhámos em equipa nas paróquias que então nos estavam confiadas: Gouviães, S. João de Tarouca e Tarouca.
Homem de forte personalidade, intelectualmente brilhante, fé sólida, brincalhão e próximo das pessoas sem ser populista, comprometido com as tarefas que lhe eram pedidas, pessoa de trabalho, sabendo estar disponível, mas sabendo igualmente o momento de partir, demonstrando desapego e liberdade.
Parabéns, Joaquim!
Desejo e rezo para venhas a ser um Bispo feliz. Irradiando a graça, a alegria e a profecia do Evangelho.
Abraço de parabéns, amigo!

quinta-feira, 18 de maio de 2023

SELEM, POR FAVOR, AS ALBARDAS

 Cada cavadela sua minhoca”: Tudo o que envolva a Igreja tem de dar polémica. Não adianta a boa-fé ou a presunção de inocência. A trupe dos zeladores e delatores não dorme em serviço. Agora o cavalo de batalha é o selo da JMJ 23. Assim, os bentos paladinos da ética e moral da “res publica” – sem qualquer respeito pela liberdade criativa – disparam em todas as direções.

Talvez eu seja retrógrado, insensível, desinformado ou malformado, mas continuo a pensar que anda por aí, à solta, muito jerico sem albarda. Numa sociedade plural, onde a massa encefálica não servisse apenas para preencher o espaço físico do crânio, a leitura/interpretação do dito selo (sem malvadez ou freios ideológicos) poderia ser um belo exercício de pasmo estético.

Pelos vistos, veio despertar em virgens puritanas os seus traumas e fantasmas hibernados do antanho. Por certo, nada que um bom divã ou uma estadia em clínica de psiquiatria não resolva... Uma leitura ideologicamente despoluída da “informação/explicação oficial” poderia ser um belo começo, um sinal de esperança, augúrio de melhorias mentais.

«O selo comemorativo do Vaticano é inspirado no "Padrão dos Descobrimentos", o monumento que retrata a expansão além-mar de Portugal que fica às margens do rio Tejo, no bairro de Belém, em Lisboa. A estilizada caravela tem na proa o Infante D. Henrique, impulsionador da expansão marítima do país e outros protagonistas do império marítimo português. O monumento - de 56 metros de altura e 46 metros de comprimento - foi construído em 1960, 500 anos após a morte do Infante, para celebrar a Era dos Descobrimentos portugueses, como por exemplo, a chegada ao território brasileiro em 22 de abril de 1500, considerado um dos momentos mais marcantes das grandes navegações realizadas por eles durante todo o século XV.

Da mesma forma como o timoneiro D. Henrique lidera a tripulação na descoberta do novo mundo, assim também no selo do Vaticano o Papa Francisco conduz os jovens e a Igreja, representada pela barca de Pedro, na descoberta desta “mudança de época” - como afirmou o Pontífice por ocasião da Conferência Eclesial de Florença, sem se resignar a navegar apenas em águas rasas a ponto de ignorar a realidade do porto que os aguarda.

Desenhado pelo artista Stefano Morri, o selo retrata, assim, o Papa na proa de um barco, inspirado na caravela do Padrão dos Descobrimentos, que conduz os jovens para o futuro. No canto superior esquerdo encontra-se o logotipo do encontro feito pela jovem designer portuguesa Beatriz Roque Antunez. Este delineia, sobre o fundo de uma grande cruz, o dinamismo de Maria ao visitar Isabel, segundo o tema escolhido para o evento: “Maria levantou-se e partiu apressadamente”.

Numa mensagem em vídeo dirigida aos jovens em preparação para a JMJ de Lisboa, o Papa exortou: “neste encontro, nesta Jornada, aprendam sempre a olhar para o horizonte, a olhar sempre para além. Não levantem uma parede diante da vida de vocês. As paredes te fecham, o horizonte te faz crescer. Olhem sempre para o horizonte com os olhos, mas olhem sobretudo com o coração. Abram o coração a outras culturas, a outros rapazes, a outras moças que vêm também a esta Jornada.”»


(P. António Magalhães Sousa), aqui

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Dois casos que me tocaram nos últimos dias...

O P.e Georgino Rocha, da Diocese de Aveiro, morreu nesta terça-feira, 9 de Maio, aos 82 anos, na Casa Sacerdotal onde residia.
Conheci o P.e Georgino quando eu era seminarista e ele um jovem padre. Recordo especialmente um encontro de Verão no âmbito do Movimento por um Mundo Melhor.
Apreciava imenso a sua fé comprometida, a proximidade natural, a competência e bagagem intelectual, o Aggiornamento, a aragem e clareza das ideias e proposta, a sintonia com a Igreja (costumava dizer-lhe que ele citava documentos dos papas como quem bebe água...). Ontem como hoje, a minha admiração para quem puxa a Igreja para a frente. Permitam-me a franqueza. Entendo que o grande flagelo da Igreja atual são os movimentos ultraconservadores e fundamentalistas que teimam em trazer para os nossos dias o farisaísmo que empurrou Jesus para a morte... São porventura grupos minoritários a quem as novas tecnologias permitem super ampliar a gritaria.

Escreve António Marujo em "7Margens":
" A 12 de Março, numa das últimas publicações na sua página do Facebook, Georgino Rocha foi buscar uma citação do padre Vítor Gonçalves, de Lisboa: “Não é a cruz que salva, mas o amor que nela foi e é crucificado. Não nos especializemos em fazer cruzes, mas em viver do amor até ao fim, que é o de Jesus. Nas coisas simples e profundas de cada dia, na atenção ao essencial, no esforço e no trabalho que elevam, na dedicação e não na burocracia. Onde existem cruzes que merecem receber o amor que atrai!”
No livro Ao Serviço da Fé na Sociedade Plural (ed. Princípia, 2007), Georgino Rocha escreveu: “É indispensável atender à dimensão popular da salvação e ‘inventar’ caminhos de evangelização acessíveis. Há experiências bem alicerçadas e cheias de interesse pastoral. Deus quer salvar-nos como povo. (…) A opção por grupos e pequenas comunidades tem a função de fermento, a fim de levedar toda a massa. Embora em minoria, a Igreja jamais pode renunciar à missão universal, ao horizonte do para todos e com todos.” Movia-o a paixão pela renovação da Igreja feita a partir da base e capaz de entender os anseios da sociedade. Uma renovação que, como disse no ano passado num dos artigos que decidiu escrever para o 7MARGENS, estava a “necessitar de novos impulsos”.

Descansa em paz, P.e Georgino! Tenho a certeza que vais bater muitas vezes ao Coração de Deus para que envie o Espírito Santo a fim de empurrar e arejar a Igreja, despoluindo-a e embebendo-a na Pessoa e Mensagem de Jesus Cristo!
Uma vez  Igreja pelo Batismo, Igreja para sempre. Seja neste mundo, seja na Vida Eterna.

Ele dá  a comida à esposa
O senhor Bispo esteve na Santa Casa da Misericórdia, no âmbito da Visita Pastoral a esta Paróquia.
Tudo correra muito bem e estávamos a partilhar uma refeição com os idosos. Nisto olho para o lado e vi um homem a dar de comer a uma senhora. Com um carinho e delicadeza tocantes. Informei-me e soube que eram marido e mulher. Ela com uma das doenças mentais da moda.
Este gesto marcou-me e encharcou-me o dia de satisfação. Não resisti e fui ao encontro do casal. "Faço sempre isto" - disse convictamente o senhor. 
No tempo do casa e separa, separa e casa, é bom sentir, viver  o testemunho da alegria de um amor que não foge, mas que se torna  beleza do serviço até ao fim. Afinal "as mais belas rosas têm espinhos"... Então não acrescentemos espinhos às rosas, mas aumentemos o perfume e encanto das rosas para que notemos menos os espinhos.

sexta-feira, 5 de maio de 2023

Minha Mãe, Minha Mãe!

Minha mãe, minha mãe! ai que saudade imensa,
Do tempo em que ajoelhava, orando, ao pé de ti.
Caía mansa a noite; e andorinhas aos pares
Cruzavam-se voando em torno dos seus lares,
Suspensos do beiral da casa onde eu nasci.
Era a hora em que já sobre o feno das eiras
Dormia quieto e manso o impávido lebréu.
Vinham-nos da montanha as canções das ceifeiras,
E a Lua branca, além, por entre as oliveiras,
Como a alma dum justo, ia em triunfo ao Céu!...
E, mãos postas, ao pé do altar do teu regaço,
Vendo a Lua subir, muda, alumiando o espaço,
Eu balbuciava a minha infantil oração,
Pedindo ao Deus que está no azul do firmamento
Que mandasse um alívio a cada sofrimento,
Que mandasse uma estrela a cada escuridão.
Por todos eu orava e por todos pedia.
Pelos mortos no horror da terra negra e fria,
Por todas as paixões e por todas as mágoas...
Pelos míseros que entre os uivos das procelas
Vão em noite sem Lua e num barco sem velas
Errantes através do turbilhão das águas.
O meu coração puro, imaculado e santo
Ia ao trono de Deus pedir, como inda vai,
Para toda a nudez um pano do seu manto,
Para toda a miséria o orvalho do seu pranto
E para todo o crime a seu perdão de Pai!...

(...)

A minha mãe faltou-me era eu pequenino,
Mas da sua piedade o fulgor diamantino
Ficou sempre abençoando a minha vida inteira,
Como junto dum leão um sorriso divino,
Como sobre uma forca um ramo de oliveira!
Guerra Junqueiro
(Excerto do Poema «Aos Simples»)

quinta-feira, 4 de maio de 2023

Nomeações de bispos: «Este processo que temos não está a funcionar» – Presidente da CEP

D. José Ornelas afirma que «não é aceitável» ter dioceses há mais de um ano sem bispo e que o Sínodo vai indicar alterações no Direito Canónico em «questões novas»

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Lisboa, 30 abr 2023 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) afirmou que o processo de nomeação de bispos “não está a funcionar” e considerou “inaceitável” ter dioceses sem bispo há mais de um ano, sugerindo que o Sínodo vai alterar normas atuais.

“Nós termos neste momento duas dioceses que já há um ano e tal estão sem bispo, uma já quase há um ano e meio, isto não é aceitável a meu ver”, afirmou D. José Ornelas, acrescentando que não tem elementos para afirmar se o atraso na nomeação decorre da “recusa” por parte de quem é escolhido.

Em entrevista conjunta à Agência Ecclesia e à Agência Lusa, após ter sido reeleito presidente da CEP para o triénio 2023-2026, o bispo de Leiria-Fátima sustentou que é necessário “rever” processo de nomeação dos bispos “para agilizá-lo e para o tornar mais participativo”.

D. José Ornelas considera o papel do Papa na nomeação dos bispos de todo o mundo “muito importante”, assim como a participação alargada “em termos de consulta de pessoas”, nomeadamente “leigos, padres, bispos”, mas defende uma organização “de outra forma, agilizando melhor, tornando mais rápido e eficiente o processo de escolha”.

O presidente da CEP valorizou o “caminho de sinodalidade” que está a acontecer “em toda a Igreja”, lembrando que há “questões novas” que “precisam ser repensadas e ajustadas”.

“Hoje temos questões novas que o Papa Francisco diz ‘não busquem simplesmente soluções do passado para os problemas de hoje’, não vai dar certo”.

A respeito de casais em segunda união ou uniões homossexuais, o presidente da CEP sublinhou que a Igreja não pode “simplesmente ignorar” a situação de “grande parte dos casais” que “acabam em separação” e disse que, no seguimento dos “caminhos que o próprio Papa Francisco foi abrindo sobre as questões de matrimónio”, é preciso ajudar as pessoas “a fazer um caminho de verdade e discernimento sobre a sua própria vida”, lembrando que “Jesus nunca recusou ninguém”.

Foto Diocese do Porto/JLC

“A Igreja não é só gente perfeita! É de gente que, às vezes, vive situações onde uma solução normal não chega!”, referiu.

D. José Ornelas referiu-se também a temas que “estão em franca discussão”, nomeadamente a ordenação de padres casados, lembrando que “é uma questão disciplinar, não é dogmática, que deve ser discutida, aceite e implementada pela Igreja no seu todo e não simplesmente porque cada um”.

O bispo de Leiria-Fátima considera que, pessoalmente, o sacerdócio das mulheres “é um tema que está em cima da mesa”, mas “não se põe ao mesmo nível dos outros” por razões “culturais”, sendo necessário não olhar apenas para a Igreja na Europa, mas “para a Igreja que está em todo o mundo, em diferentes culturas”.

“Não é simplesmente uma questão de moda, mas de ir ao encontro de uma sociedade que mudou e de uma cultura que está a mudar e encontrar a linguagem e caminhos novos para ir ao encontro dessa cultura. Foi sempre assim na Igreja”.

Questionado sobre a abordagem destes e de outros temas na síntese nacional do Sínodo, enviada para Roma em agosto de 2022, D. José Ornelas lembra que as mudanças suscitam “opiniões diversas” e que o “contraditório é muito importante”.

“Quando nós pensamos em Igreja, temos de aceitar esta discussão e depois temos de ter a coragem profética de dizer: agora é preciso ir para a frente!”

D. José Ornelas referiu-se a um “grupo de canonistas que está a seguir o Sínodo” para indicar “alterações que se devem fazer no próprio Direito” a partir das sugestões que vão sendo feitas e tornem possível o que já acontece só após ser pedido à Santa Sé.

“O Direito também tem de acompanhar isto, promover o que já está a acontecer e dar-lhe normas de direito de funcionamento”, afirmou.

Na entrevista conjunta à Agência Ecclesia e à Agência Lusa, D. José Ornelas referiu-se à sua reeleição para presidente da CEP e disse que chegou a pensar não aceitar um segundo mandato porque tem “uma diocese para cuidar e a diocese também se ressente se o bispo está muito tempo fora”.

O presidente da CEP diz que o último ano foi “desafiador e que exigiu tempo e muitos contactos”, considerando que “vale a pena”.

A respeito do trabalho da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas disse que é necessário um “secretariado mais organizado” e promover um “trabalho mais assertivo do ponto de vista comunicativo”, lembrando que “estão a dados passos nesse sentido, com a participação de leigos e de leigas competentes”, possível também no cargo de secretário da CEP.

PR, aqui