segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Figos "pingo de mel"


Dois funerais em locais distintos da paróquia. Um ao início da tarde e outro ao fim da tarde.

Quando regressava do último, olho casualmente para a quinta de uns amigos e apercebo-me que a "minha amiga" figueira pavoneava os seus figos "pingo de mel" à luz clara e suave da tarde. Sim, amiga, porque todos uns anos lhe faço umas visitas de cortesia por esta altura.

Cheguei a casa, resolvi algumas situações rotineiras e pensei: "Vou aos figos". Se bem o pensei, melhor o realizei. Fui à garagem, peguei no "gerico" e ala que se faz tarde.

Passei por casa de um casal amigo, disse ao que vinha e toca para a figueira. No caminho encontro a esposa, transportando nos braços uns figos pretos. Mal me viu, exclamou:
- Ao que ides, vamos!

Bom, não fui logo aos pretos, queria mesmo era os "pingo de mel." A noite, que começava a semear sombras, também arrefeceu os figos. Estavam mesmo no ponto do rebuçado! Malandros! Ainda não estavam tão maduros como aparentavam. Há que apalpá-los. Já havia alguns bem bons. Deu para saborear.

Saborear os figos e saborear a amizade. Pensei nisso enquanto os ia comendo. Fantástica mesmo é a amizade que gera este avontade de entrar por ali dentro, sentir-me em casa e saber que, com a minha atitude, deixava felizes os meus amigos. Sois maravilhosos. Obrigado por existirdes.

Passo depois pela "figueira preta". Oh! Muito mais torcidinhos, gustosos, com aquele agridoce a fazer cócegas na garganta. Comi poucos. Mas quem não come por já ter comido...

Uns passos mais abaixo, estava um pessegueiro a quem os pêssegos haviam causado reumatismo agudo. Todo dobradinho! Tento aliviá-lo, colhendo um pêssego maduro. Uhm! Que sabor! É um pessegueiro vindimo, daqueles que dão nesta altura. Tipicamente nacional.

Não há pêssegos que igualem o sabor dos autóctenes. Os pessegueiros que agora infestam os pomares vieram de fora e os seus pêssegos não possuem, nem de perto, nem de longe, a excelência dos nativos.

Muitas vezes tenho pensado se não seria importante um esforço colectivo na preservação e promoção das fruteiras autóctenes. Penso, por exemplo, na maçã. Há lá maçã que iguale o sabor da nossa "costa"!? Qual golden, qual carapuça!

Tanta gente preocupada com espécies em extinção. O Ministério da Agricultura tão despreocupado com as fruteiras em extinção! Enigmas da política...

1 comentário:

  1. Maravilhoso este seu comentário, amigo e bom Padre Carlos, pois eu assisti a tudo o que acabou de escrever. Adoro o seu blog, todos os dias passo por ele, para ver se há novas postagens. Obrigado Padre Carlos.

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