segunda-feira, 24 de setembro de 2007

A IGREJA PODE CALAR-SE?

" Vós sois o sal da terra ... a luz do mundo ... fermento" - Jesus Cristo

"Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça porque deles é o reino do céus." - Jesus Cristo

"Temos dons diferentes, conforme a graça que nos foi conferida. Aquele que tem o dom da profecia, exerça-o conforme a fé. Aquele que é chamado ao ministério, dedique-se ao ministério. Se tem o dom de ensinar, que ensine; o dom de exortar, que exorte" - Carta aos Romanos
"O caminho da Igreja é o homem" - João Paulo II

"Para estabelecer uma vida política verdadeiramente humana, nada melhor do que fomentar sentimentos interiores de justiça e benevolência e serviço do bem comum e reforçar as convicções fundamentais acerca da verdadeira natureza da comunidade política, bem como do fim, recto exercício e limites da autoridade." Gaudium er Spes, cap.IV, 74

Uma das acusações mais repetidas contra a Igreja durante a vigência do Estado Novo foi a de cumplicidade, vivida através do silêncio e de um certo olhar menos simpático para com aqueles católicos que ousaram levantar a voz contra o então “politicamente correcto”.
Após o 25 de Abril, a hierarquia da Igreja sempre foi levantando a sua voz, apontando caminhos, denunciando desvios, quase sempre numa óptica de esperança que emana do Evangelho.

Acontece que, após as últimas eleições legislativas, o silêncio parece estar a ser o “eclesiasticamente correcto”. Será por nada haver a dizer? Será por medo? Será porque tudo caminha conforme a mensagem do Evangelho? Será por alguma conveniência?
De facto, é mais que necessário que a voz dos pastores se faça ouvir. Perante um governo arrogante, que não dialoga nem se explica e que trata por “conservadores” os que dele discordam ou o contestam; perante as fábricas que diariamente despejam no desespero multidões; perante um futuro sem perspectiva, nem para os mais velhos cuja maioria das reformas mal chega para os medicamentos (quando chega!) nem para os mais novos sobre quem paira desde logo a espada do desemprego, é importante que a Igreja seja voz e vez daqueles que não têm voz nem vez.
Há hoje, por parte de quem nos governa, uma lógica de intimação que urge denunciar. Sente-se que as pessoas têm medo de falar! Para a actual maioria, dialogar é reunir com as pessoas e dizer: “Isto é assim. Quem não estiver bem que se mude.” Nem Salazar diria melhor… O medo, fruto da arrogância sem limites daqueles que deveriam ser os servidores da causa pública, campeia hoje. O desespero, a falta de esperança, o pessimismo, a incerteza instalaram tenda entre o povo. O Estado, que deveria ser sempre pessoa de bem, quebra as regras a meio do jogo. Que o digam, por exemplo, os funcionários públicos.

E porque perguntar não ofende, porque anda tão calado D. Januário Ferreira? Porque é que o Senhor Patriarca que chamou – e bem – a atenção dos portugueses para a obrigação cívica e moral de serem pagos os impostos, não fala agora? E o Senhor Presidente da Conferência Episcopal?
Se nem a Igreja dá voz e vez às pessoas que as não têm, então quem o fará?

Pior ainda quando a hierarquia reage apenas quando os decisores políticos lhe "pisam os calos". Os "nossos capelães", as "nossas escolas", os nossos "lares", o vandalismo contra "os nossos bens", etc. Então cheira a "interesses corporativos" de que a Igreja deveria estar a milhas...

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