“Jesus disse-lhes de novo: ‘A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». (Jo 20, 21)
Cada baptizado é um enviado. Ora se todos somos baptizados, todos somos igualmente enviados. Cada um segundo os carismas que Deus lhe concedeu e segundo o serviço a que Deus o chama pela Igreja.
Sempre me impressionou a passividade da maioria dos nossos leigos. Para muitos, desde que “assistam à missa” e paguem a côngrua, pronto, acham que já cumpriram o seu dever. O resto é com os padres e “com os que andam à volta deles.”
Os leigos são uma maioria esmagadora na Igreja. Os leigos também são Igreja. É igualmente dirigida a eles a Palavra do Senhor: “ Eu vos envio a vós.”
Somos o povo de Deus em comunhão. Neste povo de Deus, há uma igualdade fundamental (todos filhos do Pai do Céu) e uma diversidade funcional (há diversidade de dons e serviços em ordem à edificação do Corpo Místico de Cristo).
É urgente que os leigos acordem para a sua missão eclesial. “Deixem de ser consumidores de religião” e se tornem apóstolos, enviados, testemunhas.
Nalguns fóruns, discute-se muito padres, bispos, a hierarquia, mas silêncio absoluto em relação ao papel dos leigos na vida da Igreja. E o que mais chama a atenção é que a grande maioria das pessoas que por lá anda são leigos. Parece que estão mais interessados naquilo que compete à hierarquia do que a eles!
O Decreto sobre o apostolado dos leigos (APOSTOLICAM ACTUOSITATEM) é um belíssimo documento conciliar que os leigos deviam conhecer, assimilar e viver.
O último referendo sobre o aborto, fala-nos eloquentemente do estado do laicado em Portugal. Por um lado, temos cristãos comprometidos, que anunciam coerentemente a sua fé, “dão a cara” pelos valores do Evangelho, estão em comunhão operante com a hierarquia. Por outro lado, temos uma enorme multidão laical, adormecida e entorpecida, que vive desfasada da Igreja, descomprometida, indiferente, amorfa, que não leva para a vida os valores evangélicos, que deixa a sua fé nas paredes das igrejas ou nos recintos dos santuários, esquecendo que é próprio dos leigos a secularidade. Viver no meio do mundo como sal, fermento e luz.
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