sábado, 7 de abril de 2007

Tarouca - Santa Helena: o percurso da nossa Via-Sacra

Muita gente! O percurso é íngreme. Muitas vezes, dava a ideia que os queixos tocavam nos joelhos. O coração batia mais forte. Os músculos rangiam. As pernas suplicavam por descanso.
Mas fomos. Com ordem, com serenidade, com mútua ajuda. Rezando, cantando, meditando.
Os nossos escuteiros foram formidáveis. Os nossos jovens inultrapassáveis. Tudo prepararam com cuidado, a todos ajudaram com solicitude. Não faltaram mesmo os garrafões de água e a caixa dos medicamentos. Os responsáveis pelos cantos e leituras estiveram à altura.
Ao ver as pessoas a ajudar-se, a apoiar-se, a incentivar-se, pensei comigo: "Meu Deus, que maravilha seria se na vida, tantas vezes caminho íngreme, as pessoas se apoiassem assim!"
Custou-me muito este ano. Tive mesmo que recorrer, a partir de certa altura, à ajuda de um pau para caminhar. Obrigado, pinheiro, porque um braço teu, foi meu cireneu.
Terminámos no altar campal de Santa Helena. O friozito da serra fez-nos companhia, mas não nos fez debandar antes do terminus da celebração.
Falei para mim e para as pessoas do Sofredor e dos algozes. O Sofredor é o mesmo, os instrumentos do suplício é que são diferentes. Talvez mais sofisticados, mas nem por isso menos triturantes.
E lembrei que Cristo continua a sofrer nos leitos dos hospitais, nos esfomeados do mundo - 2 milhões à beira da fome em Portugal -, nos que ficam à margem da vida nas estradas do mundo, nas vítimas da droga, da guerra e do comércio da carne, nos escravizados do nosso tempo, nos injustiçados, nos caluniados, nas vítimas da feroz injustiça social que o neo-liberalismo semeia por toda a parte...
E tantos instrumentos de flagelação continuam a flagelar Cristo nos irmãos! O racismo, os comerciantes de pessoas - dezenas delas descobertas há dias em trabalho quase escravo em Espanha -, os traficantes de "carne humana", de drogas e de armas, as injustiças nos salários, a os traficantes de influências, os corruptos, os violadores de crianças, os promotores de falsidades e de mentiras, o indiferentismo religioso, o individualismo e egoísmo grassantes, a má língua que destroça e aruina...
"Senhor, foi na Tua Morte que todos fomos salvos! Permite que nos apaixonemos por Ti, que só Tu sejas o Senhor das nossas vidas! Que o Teu Espírito nos areje o coração e nos catapulte para a Montanha do Teu Amor! Que vivamos de acordo com a fé que professamos."
Seguiu-se a saudação individual da Cruz.
Regressámos cansaditos, mas felizes.

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