segunda-feira, 30 de abril de 2007

Insegurança, um sinal dos tempos

Ontem visitei com outros amigos um amigo doente que vive nos arredores de uma cidade desta zona, num bairro de vivendas.
Logo que se tocou a campainha que dá acesso ao quintal da casa, apareceram dois grandes cães. Gosto muito destes animais, mas tenho por eles um respeitinho profundo. Será que fui mordido por algum em pequenito e ficou cá dentro este receio que ainda hoje me acompanha? Os donos da casa apareceram e muito simpaticamente garantiram que entrássemos sem receios.

Os cães eram enormes, revelavam estar muito bem tratados e conheciam regras de comportamento.

Mas o que me chamou a atenção foi o facto de um dos donos da casa nos ter dito que, naquele bairro, não havia vivenda que não tivesse um ou dois cães de guarda. E a explicação veio rápida: por um questão de segurança. E não estamos a falar de grandes urbes como Lisboa, Porto ou Setúbal. Tão só de uma cidade do interior.

É isto que me preocupa, a insegurança em que hoje se vive e que as estatísticas testemunham. Os assaltos e os roubos não cessam de aumentar em Portugal. Para onde vamos? Que democracia é esta que não garante a segurança das pessoas e dos seus bens?

Claro que assaltos sempre houve. Mas toda a gente recorda o tempo em que as pessoas não tiravam a chave da porta, nem quando saíam nem quando dormiam. Hoje a chava já não chega. Ele é alarmes, ele é fechaduras cada vez ais sofisticadas, ele é cães cada vez mais ferozes. Tristes sinais dos tempos!

Enquanto as desiguladades sociais continuarem a aumentar galopantemente entre nós, semeando na sua progressão manchas enormes de deserdados, famintos e marginalizados da vida e da sorte, estão criadas as condições para o aumento da violência.

Enquanto não nos decidirmos a apoiar incondicionalmente a família como "casa e escola de valores", a violência continuará a aumentar.

Enquanto não se prestigiar a escola e os que nela trabalham, de modo que aquela seja, não um mero local de entretenimento, mas um espaço exigente de aprendizagem e de crescimento na interiorização de valores, a violência aumentará.

Enquanto se continuar esta miserável poítica do abandono do interior, então este ficará menos protegido e mais entregue a si próprio, ao mesmo tempo que o cerco ao litoral irá criar focos imensos de deslocados e desenraizados que, de uma forma ou de outra, aumentarão o caudal da marginalidade nas grandes urbes e seus arredores.

É preciso que os agressores, invasores e ladrões sejam rápida e exemplarmente punidos por quem de direito e lhes seja proporcionado um amplo programa de recuperação.

É urgente fazer qualquer coisa. Uma sociedade assustada é uma sociedade potencialmente violenta.
A insegurança é inimiga do progresso e da convivência pacífica entre as pessoas.

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