Na Exortação Apostólica Pós-Sinodal “SACRAMENTUM CARITATIS”, Bento XVI, no nº 83 refre-se aos “… valores fundamentais como o respeito e defesa da vida humana desde a concepção até à morte natural, a família fundada sobre o matrimónio entre um homem e uma mulher, a liberdade de educação dos filhos e a promoção do bem comum em todas as suas formas.(230) Estes são valores não negociáveis.” Logo mais à frente acrescenta: “ …Os bispos são obrigados a recordar sem cessar tais valores; faz parte da sua responsabilidade pelo rebanho que lhes foi confiado.(232)”
No nº 89 O Papa frisa: “Precisamente em virtude do mistério que celebramos, é preciso denunciar as circunstâncias que estão em contraste com a dignidade do homem, pelo qual Cristo derramou o seu sangue, afirmando assim o alto valor de cada pessoa.”
(Os sublinhados são nossos)
Uma das acusações mais repetidas contra a Igreja durante a vigência do Estado Novo foi a de cumplicidade, vivida através do silêncio e de um certo olhar menos simpático para com aqueles católicos que ousaram levantar a voz contra o então “politicamente correcto”. Após o 25 de Abril, a hierarquia da Igreja sempre foi levantando a sua voz, apontando caminhos, denunciando desvios, quase sempre numa óptica de esperança que emana do Evangelho. Acontece que, após as últimas eleições legislativas, o silêncio parece estar a ser o “eclesiasticamente correcto”. Será por nada haver a dizer? Será porque tudo caminha conforme a mensagem do Evangelho? Será por alguma conveniência? E de facto, é mais que necessário que a voz dos pastores se faça ouvir. Perante um governo arrogante, que não dialoga nem se explica e que trata por “conservadores” os que dele discordam ou o contestam; perante as fábricas que diariamente despejam no desespero multidões; perante um futuro sem perspectiva, nem para os mais velhos cujas reformas estão atribuladas, nem para os mais novos sobre quem paira desde logo a espada do desemprego; perante uma função pública, “bode expiatório” de todas as desgraças deste pais; perante a lástima a que chegou a educação, é importante que a Igreja seja voz e vez daqueles que não têm voz nem vez. Há hoje, por parte de quem nos governa, uma lógica de intimação que urge denunciar.
Para a actual maioria, dialogar é reunir com as pessoas e dizer: “Isto é assim. Quem não estiver bem que se mude.” Nem Salazar diria melhor… O medo, fruto da arrogância sem limites daqueles que deveriam ser os servidores da causa pública, campeia hoje. O desespero, a falta de esperança, o pessimismo, a incerteza (será que os pobres e idosos vão continuar a ser penalizados por serem doentes? Há gente que gasta toda a reforma em medicamentos…
E porque perguntar não ofende, face à desfaçatez com que os políticos têm tratado a dignidade da pessoa humana e à falta de «sensibilidade social» demonstrada no mais variados sectores, porque anda tão calado D. Januário Ferreira? Porque é que o Senhor Patriarca que chamou – e bem – a atenção dos portugueses para a obrigação cívica e moral de serem pagos os impostos, não fala agora? E o Senhor Presidente da Conferência Episcopal? Se nem a Igreja dá voz e vez às pessoas que as não têm, então quem o fará?
De facto, como diz o padre José Maia, “A Igreja precisa de «mais adrenalina», porque já basta de «naftalina para conservar o antigo», e de «eleger causas e processos pastorais para intervir mais», seja no anúncio da mensagem de amor e perdão, seja na denúncia profética das situações.
No nº 89 O Papa frisa: “Precisamente em virtude do mistério que celebramos, é preciso denunciar as circunstâncias que estão em contraste com a dignidade do homem, pelo qual Cristo derramou o seu sangue, afirmando assim o alto valor de cada pessoa.”
(Os sublinhados são nossos)
Uma das acusações mais repetidas contra a Igreja durante a vigência do Estado Novo foi a de cumplicidade, vivida através do silêncio e de um certo olhar menos simpático para com aqueles católicos que ousaram levantar a voz contra o então “politicamente correcto”. Após o 25 de Abril, a hierarquia da Igreja sempre foi levantando a sua voz, apontando caminhos, denunciando desvios, quase sempre numa óptica de esperança que emana do Evangelho. Acontece que, após as últimas eleições legislativas, o silêncio parece estar a ser o “eclesiasticamente correcto”. Será por nada haver a dizer? Será porque tudo caminha conforme a mensagem do Evangelho? Será por alguma conveniência? E de facto, é mais que necessário que a voz dos pastores se faça ouvir. Perante um governo arrogante, que não dialoga nem se explica e que trata por “conservadores” os que dele discordam ou o contestam; perante as fábricas que diariamente despejam no desespero multidões; perante um futuro sem perspectiva, nem para os mais velhos cujas reformas estão atribuladas, nem para os mais novos sobre quem paira desde logo a espada do desemprego; perante uma função pública, “bode expiatório” de todas as desgraças deste pais; perante a lástima a que chegou a educação, é importante que a Igreja seja voz e vez daqueles que não têm voz nem vez. Há hoje, por parte de quem nos governa, uma lógica de intimação que urge denunciar.
Para a actual maioria, dialogar é reunir com as pessoas e dizer: “Isto é assim. Quem não estiver bem que se mude.” Nem Salazar diria melhor… O medo, fruto da arrogância sem limites daqueles que deveriam ser os servidores da causa pública, campeia hoje. O desespero, a falta de esperança, o pessimismo, a incerteza (será que os pobres e idosos vão continuar a ser penalizados por serem doentes? Há gente que gasta toda a reforma em medicamentos…
E porque perguntar não ofende, face à desfaçatez com que os políticos têm tratado a dignidade da pessoa humana e à falta de «sensibilidade social» demonstrada no mais variados sectores, porque anda tão calado D. Januário Ferreira? Porque é que o Senhor Patriarca que chamou – e bem – a atenção dos portugueses para a obrigação cívica e moral de serem pagos os impostos, não fala agora? E o Senhor Presidente da Conferência Episcopal? Se nem a Igreja dá voz e vez às pessoas que as não têm, então quem o fará?
De facto, como diz o padre José Maia, “A Igreja precisa de «mais adrenalina», porque já basta de «naftalina para conservar o antigo», e de «eleger causas e processos pastorais para intervir mais», seja no anúncio da mensagem de amor e perdão, seja na denúncia profética das situações.
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