domingo, 8 de abril de 2007

Descobrindo a vocação

O Zé acabara a licenciatura e veio trabalhar para a Eurogestão. Ficou hospedado na casa paroquial.
O Zé não praticava. Tinha em relação à Igreja preconceitos vários, tão comuns à gente da sua idade, embora fosse uma pessoa recta, com enorme disponibilidade para ajudar os outros, sincero e amigo. Fomos conversando. Nunca procurei impor nada, apenas ajudei na procura.
Por sua livre iniciativa, voltou à Igreja e sentia-se cada vez mais inquieto. Queria participar mais, colaborar mais, dar mais de si à comunidade. Um dia, resolveu apresentar-se ao seu pároco, na disponibilidade de ajudar. O pároco recebeu-o de braços abertos e, entre outras tarefas, pediu-lhe que fosse catequista. Após um curso básico, ei-lo entregue à missão de catequista de alma e coração. Durante a semana, preparava com entusiasmo as sessões de catequese, uma vez ou outra solicitando o meu apoio na abordagens dos temas.
Certa altura lanço-lhe o desafio: “E se Deus te chamar ao sacerdócio?” A primeira reacção foi de recusa. Que não, que tinha namorada, que não tinha jeito para essas coisas…Continuamos a falar, sempre como quem ajuda, nunca como quem impõe, manipula ou exaspera. Algum tempo depois, deixa que a dúvida se instale dentro de si. Por fim, aceita, no âmbito de um quadro de honestidade, colocar a questão da vocação.
Vai ter com o seu pároco e coloca o problema. Este apoia-o, aconselha-o e acompanha-o. Depois de alguns percalços, o senhor Reitor do Seminário Maior da sua diocese recebe-o, apoia-o e entusiasma-o.
O Zé tem agora um novo desafio. Como colocar a questão aos pais? Como iriam reagir? Será que estariam dispostos a custear mais um curso universitário? Com jeitinho e delicadeza, consegue que os pais não obstaculizem o seu projecto de vida.
Volta à universidade, agora para cursar Teologia. Fica, como alguns na sua diocese, como seminarista externo. Tem quarto no seminário, onde fica em alguns momentos que os superiores entendem importantes para os candidatos. Está a concluir o 2º ano de Teologia, sempre com boas notas. Para o ano, se Deus quiser e a Igreja também, será aluno interno.
O Zé revela-se um rapaz feliz. Cada dia que passa, melhor se sente, mais entusiasmado por Cristo, mais apaixonado pela Igreja. A juventude é assim. Então o último retiro quaresmal marcou-o profundamente.
Apesar do trabalho que não lhe deixa muito tempo para os estudos, o Zé sabe já o que quer e mostra-se disponível para superar todos os obstáculos em vista da vocação que Deus lhe deu.
Neste tempo pascal, projecto de vida nova que nos convida à abertura de coração diante da novidade de Deus, quantos jovens não esperarão uma palavra amiga que os ajude a discernir a vocação? Diante do sono do mundo, que sejamos TODOS despertadores de Deus.

1 comentário:

  1. Aqui está uma eloquente afirmação do espírito apostólico do meu preclaro Amigo.
    Santa Páscoa. Escreva sempre.
    Seu em Cristo
    Padre João António

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