quarta-feira, 18 de abril de 2007

Dá que pensar!


“Há tempos, a Associação promoveu dois cursos, um de canalizadores e outro de carpinteiros. Já se haviam firmado protocolos com entidades públicas e privadas, tendo em vista a parte prática do curso. Só não houve pretendentes. Apareceram apenas três inscrições em cada curso. E olhe que cada formando tinha garantido o ordenado mínimo e subsídio de refeição! E havia grandes possibilidades de empregabilidade após o curso.” – Disse o Presidente da Associação Empresarial de Tarouca ao Sopé da Montanha.

Dá que pensar! Então as pessoas queixam-se que não há emprego e não aproveitam estas oportunidades que dão garantias de empregabililade? Com estas regalias todas!? Como é possível?
E, felizmente, hoje estas profissões já têm ordenados interessantes. Trabalho não falta nestas áreas. Quem quiser mesmo trabalhar, só em “biscates” após o horário de trabalho, ganha muito dinheiro.
Somos um país de títulos. O que conta é ter um “canudo”, mesmo que se fique no desemprego ou se tire um curso para o qual não se tem vocação. O importante é ser médico, advogado, arquitecto ou engenheiro. Isso é que dá prestígio e deixa os paizinhos de “papo cheio”.

Parece-me que a questão é exactamente ao contrário. Toda a gente deveria estudar o máximo para ser bom naquilo que faz. Por que não há-de haver um “Dr.” que seja mecânico, electricista, pedreiro, agricultor, costureira?
Quando visitei os países escandinavos, eu e os outros companheiros ficámos de boca aberta quando a guia nos foi indicando que tal condutor do autocarro era licenciado nisto, que o garçon do restaurante tinha uma licenciatura naquilo, que o cobrador do parque turística era formado naqueloutro…E ninguém chamava ninguém pelo título académico, mas pelo nome.
Temos hoje muita gente que não quer nada, que se arrasta na vida, sempre disponível para cair nas garras da degradação. Temos outros que mendigam, através da malfadada “cunha” um emprego aqui ou acolá. Temos outros que se fiam na emigração, levados pelo sonho do parente ou vizinho que aqui aparecem nas férias em brutas máquinas. Temos alguns que trabalham, lutam, se esforçam, mas que são ultrapassados na vida pelo tráfego de influências. Temos um pequenino grupo que se lança, que aposta, que cria.

Dois colegas de Faculdade haviam-se licenciado em História. Claro, no fim da linha, apareceu-lhes o desemprego. Que fizeram? Pediram ajuda aos pais e começaram a fabricar e a vender “Tortas” numa acanhada lojinha da sua cidade. O negócio rapidamente prosperou, porque se dedicaram com empenho ao trabalho, e hoje dão donos da principal doçaria da sua cidade. Estes dois jovens, além da universidade, haviam frequentado, desde pequenos , a “faculdade da família”, onde se aprende a ser homem e mulher, onde se lançam as forças estruturantes da criatividade, do desenvolvimento de potencialidades.

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