segunda-feira, 9 de abril de 2007

O percurso académico de Sócrates

Do Amigo, Dr. Abílio Louro de Carvalho, recebi, por email, a seguinte análise, que agora partilho com os outros amigos. Até porque se trata de um tema muito debatido na comunicação social ultimamente.

"Muita tinta vai correndo sobre as habilitações académicas do primeiro-ministro. E é pena, porquanto a discussão deveria centrar-se no essencial e não desviar a atenção do povo para horizontes de interesse restrito. Até foi, em tempo útil, corrigida no seu curriculum a menção de engenheiro para licenciado em engenharia civil! As assessorias alinharam na imprecisão corrente da banalização de títulos, tão somente isto.
Estão de acordo os comentadores que não seria relevante ser ou não ser licenciado o cidadão José Sócrates para o exercício do mais alto cargo da governação, mas acrescentam que o imbróglio, que circunda o caso da sua licenciatura, atingirá a credibilidade da sua função governativa e levantam alguns a suspeita de que a instituição de ensino superior privada, que lhe concedera o diploma, o haja favorecido.
Postas assim as coisas, teria que estar de acordo com aquilo que vem sendo enunciado. Todavia, parece que se deve raciocinar de outro modo. O cidadão em causa concluiu um bacharelato em engenharia civil num instituto de ensino superior politécnico que, ao tempo, não facultava a licenciatura. Terá feito, em instituição congénere, um curso superior de estudos especializados (CESE) e/ou uma pós-graduação.
Perguntam para que pretendia o cidadão uma licenciatura na mesma área em instituição universitária, se o CESE já é equivalente à licenciatura. Parece não oferecer dúvidas o facto de as licenciaturas não universitárias constituírem, em termos sociais, o parente pobre do grau académico de licenciado, o que é mau. Mas pode ter acontecido que o já diplomado pretendesse enriquecer o seu currículo e a sua bagagem cultural e académica, o que lhe poderia favorecer a posição política e profissional.
É normal que, sem qualquer situação de favorecimento, o candidato pretendesse a matrícula num estabelecimento que lhe oferecesse melhores condições em termos de burocracia, tempo e aprendizagem.
Mas o processo contém lacunas, imprecisões, contradições e coincidências, como tem sido badalado na comunicação social. Nem por isso deveria ficar afectada a imagem do ex-aluno. A responsabilidade de tais situações anómalas cabe inteiramente às autoridades académicas. Provavelmente muitas delas serão de fácil explicação ou até sanação.
Neste caso, vêm à tona factos que, por excessivamente frequentes em outros ambientes, aqui ganham uma gravidade estranha. Todas as universidades dão diplomas a alunos que faltaram, que tentam agradar aos professores ou ludibriá-los. Todas as universidades têm docentes que faltam, que se enganam, que estiveram ou vão estar em funções governativas ou de assessoria governamental. Provavelmente esta nem teve a habilidade de, ao sentir-se investigada, disfarçar algumas lacunas e contradições burocráticas.
Não interessando em especial a trama do diploma do governante, mesmo que datado de um domingo, importa salientar a gravidade do que se passa com as universidades. Por mais que tenham sido as acções de fiscalização e de avaliação das instituições do ensino superior privadas, algumas vão entrando no futuro às arrecuas. A UNI não é a primeira. E as vozes multiplicam-se a questionar como vai o ensino nos estabelecimentos de ensino superior público.
Ora a questão é grave, não tanto por afectar a credibilidade do primeiro-ministro, mesmo no quadro da sua área partidária. Não lhe faltam sucessores. O peso dos factos recai sobretudo sobre a credibilidade do ensino superior no tocante à qualidade intrínseca e no atinente à sua independência face ao poder político e ao gigantismo económico.
De resto, é dispensável que o primeiro-ministro, ao explicar-se ao país, eventualmente nos mace com a exibição dos certificados académicos.

- Abílio Louro de Carvalho, R. Luís de Camões, 275, São João de Ver (Santa Maria da Feira – BI n.º 5767295, tel 964379528
Louro de Carvalho"

2 comentários:

  1. alguém tem dúvidas que o sr tem um papel, certificado, que diz que é licenciado, pós-graduadao, etc, etc?
    -não.

    algúém tem dúvidas que o sr usou a sua influência política, o bem público para uso pessoal?
    -não

    PS-tenho dúvidas que o sr Carvalho não tenha de mudar de número. ele é que sabe
    alguém tem dúvidas que as graduações, posteriores a coimbra, do sr sócrates foram de favor e, por isso, irregulares (falsas)?
    -cada um que forme a sua convicção.

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  2. O autor desta análise devia ter uma maior preocupação na forma em que faculta os seus dados pessoais.

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