A riqueza produzida em Portugal vai cair 3,5 por cento neste ano. Os efeitos da crise económica, a pior desde o 25 de Abril, vão custar ao País 5,6 mil milhões de euros. Em média, por cada dia que passa, são 15,3 milhões de euros que são retirados à riqueza nacional. Tudo somado, o que vamos perder este ano pela contracção da economia, dava para pagar o novo aeroporto, o TGV e a 3ª travessia do Tejo.
O Boletim da Primavera do Banco de Portugal revela que o último trimestre foi desastroso para a economia mundial e atingiu em cheio o nosso país, com uma queda do Produto Interno Bruto de 1,8 por cento, uma redução das exportações de 8,9 e do investimento de 8,4 por cento. A procura externa dirigida à economia portuguesa passou de um crescimento positivo de 2,5 por cento para uma projecção negativa de -13 por cento.
Com este cenário é inevitável o aumento do desemprego, a diminuição do consumo e a descida da inflação.
'O desemprego não deverá aumentar tanto como a dimensão da recessão pareceria indicar, uma vez que o comportamento normal das empresas é o de tentar conservar os seus trabalhadores na expectativa de a quebra de crescimento ser temporária', afirma Constâncio, que faz um apelo ao Governo: 'Responder à crise actual deve ter, assim, como principal preocupação tentar minorar o desemprego e os seus efeitos humanos e sociais. Isso é particularmente importante para evitar um aumento da pobreza em Portugal.'
O governador aconselha o Executivo a ter 'prudência' na adopção de medidas que possam colocar em causa a sustentabilidade das finanças públicas. Recusando-se a comentar sobre quais os efeitos que estas novas projecções terão no défice público, Constâncio refere que, se o aumento do défice resultar da diminuição da receita fiscal, 'não é necessário um orçamento rectificativo'.
Mas nem tudo são más notícias. A recessão traz consigo um maior aforro das famílias, proporcionado por uma redução do consumo, em particular dos bens de consumo duradouro (carros e electrodomésticos) que sofrem uma queda de 17 por cento. 'Prevemos um aumento real de cerca de dois por cento do Rendimento Disponível médio das famílias portuguesas', refere Constâncio, adiantando que este facto supõe 'uma forte subida da taxa de poupança dos particulares (de 6,2 para nove por cento do rendimento disponível).
Correio da Manhã
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