SEM JUSTIÇA HÁ LIBERDADE?
O ideal de Abril é belo, é cristão. Não o deixemos amordaçar. Nem adiar.
1.Ocorre amanhã mais um aniversário do 25 de Abril. Parece-me oportuno reflectir sobre a liberdade.
A liberdade é um tema essencialmente bíblico e marcadamente cristão. Se amputássemos da Sagrada Escritura o vocabulário relativo à liberdade ficaríamos, seguramente, com menos de metade do texto sagrado.
O Antigo Testamento oferece-nos a narrativa da libertação do povo eleito da opressão do Egipto. Fica claro que Deus está do lado dos oprimidos, comprometendo-se com a sua libertação.
O Novo Testamento é uma história de liberdade. Cristo é o libertador. Como refere S. Paulo, «foi para a liberdade que Cristo nos libertou» (Gál 5, 1).
Cristo é o paradigma da liberdade porque é o paradigma da verdade. Só na verdade há liberdade (cf. Jo 8, 32)
Uma vida de mentira não é uma vida livre. Pelo contrário, é uma vida oprimida e opressora.
Jesus pagou um alto preço por causa do Seu compromisso com a verdade. Nunca seguiu a corrente. Nunca pactuou com interesses. Era verdadeiro. Era livre.
2. Em nome de Cristo, a Igreja nunca se pode calar quando a liberdade está em risco.
A Igreja nunca pode estar do lado dos opressores. E o silêncio, como é óbvio, pode ser interpretado como conivência com os opressores.
A liberdade está ameaçada quando os direitos não são respeitados e quando as injustiças são promovidas.
Não havia liberdade em Portugal antes do 25 de Abril. Mas será que, hoje, há liberdade?
Haverá liberdade quando uma parte significativa da população é impedida de aceder ao trabalho, à saúde e à educação?
Haverá liberdade quando o delito de opinião dá sinais de ter regressado, quando uma pessoa é estigmatizada por assumir o que pensa e por dizer o que sente? Não será, por isso, altura de, também em Portugal, libertar a liberdade?
3. Em nome de Cristo, a Igreja não se pode limitar a dar o pão aos famintos. Tem de ser também a voz dos espezinhados, dos explorados.
A Igreja não pode ter medo das reacções. Só há reacção perante uma acção. Antes a crítica por causa da intervenção corajosa do que a censura por causa do silêncio cúmplice.
Em nome de Cristo, a Igreja não pode pairar sobre a vida. Tem de aterrar na vida. Na vida das pessoas, especialmente das pessoas pobres.
Na hora que passa, a Igreja tem o dever de ajudar a reconduzir a liberdade ao seu ambiente natural.
É preciso recolocar a liberdade na verdade, na justiça e no desenvolvimento.
Necessitamos de liberdade para procurarmos a verdade. E necessitamos da verdade para crescermos em liberdade. Sem liberdade não há verdade. Sem verdade não há liberdade.
Enquanto esta associação não estiver bem assimilada, a corrupção continuará a crescer. Por muitas leis que se façam, só quando a consciência estiver predisposta para a verdade é que a vida será lisa, limpa.
A justiça é, porventura, o domínio onde mais temos falhado. Falo da justiça processual e sobretudo da justiça existencial.
A nossa justiça é lenta, não estimula o cumprimento do dever. Pior, quase incentiva o seu incumprimento.
Quem tem princípios, parece não prosperar. Há que apostar na transparência de métodos e na equidade de tratamentos.
Hoje em dia, Portugal é um país muito injusto. As assimetrias entre o litoral e o interior são mais que muitas. O desnível entre classes é aflitivo. A disparidade de salários é chocante. Um país injusto é um país livre?
4. O desenvolvimento é visto numa perspectiva prioritariamente física, estrutural. Há, de facto, obra feita: estradas, edifícios, serviços.
É importante, mas não basta. É imperioso apostar nas pessoas, na sua qualificação.
O desenvolvimento é, sobretudo, abrir oportunidades. Que desenvolvimento há num país onde o salário médio é tão baixo, onde as listas de espera na saúde são tão extensas, onde ainda há pessoas que não sabem ler, onde o consumo de jornais e de livros é tão reduzido?
O 25 de Abril não está concluído. É preciso que todos peguemos nele.
O ideal de Abril é belo, é cristão. Não o deixemos amordaçar. Nem adiar.
O ideal de Abril é belo, é cristão. Não o deixemos amordaçar. Nem adiar.
1.Ocorre amanhã mais um aniversário do 25 de Abril. Parece-me oportuno reflectir sobre a liberdade.
A liberdade é um tema essencialmente bíblico e marcadamente cristão. Se amputássemos da Sagrada Escritura o vocabulário relativo à liberdade ficaríamos, seguramente, com menos de metade do texto sagrado.
O Antigo Testamento oferece-nos a narrativa da libertação do povo eleito da opressão do Egipto. Fica claro que Deus está do lado dos oprimidos, comprometendo-se com a sua libertação.
O Novo Testamento é uma história de liberdade. Cristo é o libertador. Como refere S. Paulo, «foi para a liberdade que Cristo nos libertou» (Gál 5, 1).
Cristo é o paradigma da liberdade porque é o paradigma da verdade. Só na verdade há liberdade (cf. Jo 8, 32)
Uma vida de mentira não é uma vida livre. Pelo contrário, é uma vida oprimida e opressora.
Jesus pagou um alto preço por causa do Seu compromisso com a verdade. Nunca seguiu a corrente. Nunca pactuou com interesses. Era verdadeiro. Era livre.
2. Em nome de Cristo, a Igreja nunca se pode calar quando a liberdade está em risco.
A Igreja nunca pode estar do lado dos opressores. E o silêncio, como é óbvio, pode ser interpretado como conivência com os opressores.
A liberdade está ameaçada quando os direitos não são respeitados e quando as injustiças são promovidas.
Não havia liberdade em Portugal antes do 25 de Abril. Mas será que, hoje, há liberdade?
Haverá liberdade quando uma parte significativa da população é impedida de aceder ao trabalho, à saúde e à educação?
Haverá liberdade quando o delito de opinião dá sinais de ter regressado, quando uma pessoa é estigmatizada por assumir o que pensa e por dizer o que sente? Não será, por isso, altura de, também em Portugal, libertar a liberdade?
3. Em nome de Cristo, a Igreja não se pode limitar a dar o pão aos famintos. Tem de ser também a voz dos espezinhados, dos explorados.
A Igreja não pode ter medo das reacções. Só há reacção perante uma acção. Antes a crítica por causa da intervenção corajosa do que a censura por causa do silêncio cúmplice.
Em nome de Cristo, a Igreja não pode pairar sobre a vida. Tem de aterrar na vida. Na vida das pessoas, especialmente das pessoas pobres.
Na hora que passa, a Igreja tem o dever de ajudar a reconduzir a liberdade ao seu ambiente natural.
É preciso recolocar a liberdade na verdade, na justiça e no desenvolvimento.
Necessitamos de liberdade para procurarmos a verdade. E necessitamos da verdade para crescermos em liberdade. Sem liberdade não há verdade. Sem verdade não há liberdade.
Enquanto esta associação não estiver bem assimilada, a corrupção continuará a crescer. Por muitas leis que se façam, só quando a consciência estiver predisposta para a verdade é que a vida será lisa, limpa.
A justiça é, porventura, o domínio onde mais temos falhado. Falo da justiça processual e sobretudo da justiça existencial.
A nossa justiça é lenta, não estimula o cumprimento do dever. Pior, quase incentiva o seu incumprimento.
Quem tem princípios, parece não prosperar. Há que apostar na transparência de métodos e na equidade de tratamentos.
Hoje em dia, Portugal é um país muito injusto. As assimetrias entre o litoral e o interior são mais que muitas. O desnível entre classes é aflitivo. A disparidade de salários é chocante. Um país injusto é um país livre?
4. O desenvolvimento é visto numa perspectiva prioritariamente física, estrutural. Há, de facto, obra feita: estradas, edifícios, serviços.
É importante, mas não basta. É imperioso apostar nas pessoas, na sua qualificação.
O desenvolvimento é, sobretudo, abrir oportunidades. Que desenvolvimento há num país onde o salário médio é tão baixo, onde as listas de espera na saúde são tão extensas, onde ainda há pessoas que não sabem ler, onde o consumo de jornais e de livros é tão reduzido?
O 25 de Abril não está concluído. É preciso que todos peguemos nele.
O ideal de Abril é belo, é cristão. Não o deixemos amordaçar. Nem adiar.
Magnifico texto!
ResponderEliminarÉ esta a liberdade que quero! A liberdade de Cristo:)
Um abraço
Fá