segunda-feira, 13 de abril de 2009

O idiota

Conta-se que numa pequena localidade do interior, um grupo de pessoas divertia-se com o idiota da aldeia. Um pobre coitado de pouca inteligência, que vivia de pequenos biscates e sobretudo de esmolas.
Diariamente, eles chamavam o bobo ao bar onde se reuniam e ofereciam-lhe a escolha entre duas moedas – uma grande de 50 cêntimos e outra menor, de 1 euro.
Ele escolhia sempre a maior e menos valiosa, o que era motivo de risos para todos.
Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e perguntou-lhe se ainda não tinha percebido que a moeda maior valia menos.
'Eu sei' – respondeu o homem que afinal não era tão tolo assim – 'ela vale metade do valor, mas no dia em que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou ganhar mais nenhuma moeda.'
Podem tirar-se várias conclusões dessa pequena narrativa:
A primeira: quem parece idiota, nem sempre é.
A segunda: quais são os verdadeiros tolos da história?
A terceira: se você for demasiado ganancioso, acaba por estragar a sua possível fonte de rendimentos.
Mas a conclusão mais interessante é a seguinte:
A percepção de que podemos estar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa opinião a nosso respeito.
Portanto, 'o que importa não é o que pensam de nós, mas o que realmente nós somos.'
'O maior prazer de um homem inteligente é fazer de idiota, diante de um idiota que faz de inteligente'.
http://relances.blogspot.com/2009/04/o-idiota.html

2 comentários:

  1. A crónica-poema está cheia de moralidade acutilante. Também me dá um certo prazer passar por idiota diante de idiotas que se têm como inteligentes, melhor, mais inteligentes que os outros!
    No entanto, quero fazer um reparo. Porque será que estas histórias se dão sempre em pequenas localidades do Interior? É que há idiotas em tudo quanto é sítio (e também aqueles que só se fazem)! Não temos que ir para o Interior nem para lugares pequenos para ver idiotices.

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  2. Detalhe curioso. No interior, sempre. Porquê?
    Interessante. Tive essa mesma percepção quando publiquei esta historinha.
    Mas instintivamente, muitos de nós caem no mesmo cliché e situam as historietas e anedotas no interior...
    Talvez por a idiotice mais citadina ser de tal maneira idiota que nem piada mete...
    Abraço, amigo Dr. Abílio.É sempre bom detectar o rasto da tua presença e da tua sabedoria neste pobre blog.

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