Ao cair da tarde– visto ser a Preparação, isto é, a véspera do sábado – José de Arimateia, ilustre membro do Sinédrio, que também esperava o reino de Deus, foi corajosamente à presença de Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. Pilatos ficou admirado de Ele já estar morto e, mandando chamar o centurião, ordenou que o corpo fosse entregue e José.
José comprou um lençol, desceu o corpo de Jesus e envolveu-O no lençol; depois depositou-O num sepulcro escavado na rocha e rolou uma pedra para a entrada do sepulcro.
Entretanto, Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde Jesus tinha sido depositado. (Evangelho de São Marcos)
«Creio em Jesus Cristo… que foi crucificado, morto e sepultado; desceu aos infernos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos Céus.»
Que significa a expressão “desceu aos infernos”?
Que Jesus morreu “realmente”, que passou pela humilhação de estar morto, separado desta vida, excluído do resto do mundo que continuou a viver.
Por isso, quando os católicos confessamos, na nossa fé, que Jesus Cristo descendeu aos infernos, queremos simplesmente dizer que permaneceu no estado real de morte; que chegou ao limite extremo do seu abaixamento; que com ela tinha tocado no fundo.
Como diz São Paulo, Cristo é o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, o primeiro dentre os irmãos, o primeiro em tudo (Cl 1,18). Estavam todos nos “infernos” a aguardar que se realizasse a redenção de Cristo.
Quando Este morreu, desceu, pois, à sua procura para lhes dar a boa notícia e levá-los com Ele para o Paraíso. Cristo inaugurou o céu, e atrás dele entraram todos os que antes da sua vinda tinham sido dignos da salvação.
As cadeias que, segundo São Pedro no seu discurso de Pentecostes, retiveram a Cristo e a todos os defuntos no sheol (a morada dos mortos), foram partidas para sempre.
Na morada dos mortos, a vida
A “descida” de Cristo aos infernos tem, pois, uma mensagem imensa. Todos aqueles que tinham vivido antes de Cristo, aos quais o Evangelho nunca havia chegado, que nunca tinham ouvido falar de um Redentor, também puderam salvar-se.
Todas as épocas da História foram santificadas, começando por Adão. Por isso hoje, sabendo melhor do que antes quão antiga é a nossa humanidade, esta doutrina tem maiores dimensões.
E para os que viemos depois, o dogma afirma que Cristo passou pela porta daquilo que mais nos aterrorizava – a morte, que antes era “os infernos” – e destruiu-o. Todo o medo do mundo estava ligado a isso. Mas agora o sheol está superado. A morte já não é o mesmo que antes, porque a vida está no meio dela.
As portas da morte ficaram definitivamente abertas, tanto para os que vêm depois, como para os que morreram antes.
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