Um jovem que entra no seminário não é uma paraquedista ou um ovni. É filho da sociedade actual. Transporta consigo vivências, aspirações, modos de estar, ideais (ou falta deles), sensibilidades do seu tempo. E é a partir desta base que o seminário é chamado a actuar, educando, aprofundando, vivenciando a Mensagem de Cristo de acordo com a orientação da Igreja.
Não sou, nem de perto nem de longe, um "expert" na matéria. Falo apenas do que penso, sinto e das expectativas que vou colhendo junto do Povo de Deus. Sei que é um humilde e pobre contributo, mas que partilho:
1. O padre do século XXI será alguém que sente profunda necessidade de gravitar na órbita de Deus. Atento e alegremente disponível para a oração, o encontro pessoal com Cristo, com uma humildade mariânica para escutar o Senhor e o Seu projecto. Alguém que antes de falar aos homens de Deus, fala a Deus dos homens.
2. Um padre muito próximo das pessoas, principalmente dos doentes, dos pobres, dos marginalizados da vida e da sorte. Se estes são os preferidos de Cristo, terão de o ser necessariamente do padre.
3. Alguém apaixonado pela dignidade da pessoa humana e, por isso, suja os pés na lama do sofrimento do homem para manter o coração limpo.
4. Alguém que sabe dialogar com a cultura do tempo e é capaz de transmitir razões para acreditar.
5. Um portador convicto da esperança. Num mundo mergulhado em crises, atolado em decepções, desenraizado dos valores, o padre é arauto convicto da esperança do Evangelho que não engana.
6. Uma pessoa de bem com ele mesmo, que aceita o barro de que é feito, mais confiante no amor e fidelidade de Deus do que nas suas qualidades.
7. Um arauto. Nunca se anuncia a si mesmo nem se auto-contempla na sua obra. Sabe que só Deus interessa e que é Seu humilde porta-voz.
8. Uma pessoa seduzida pela solidariedade e que sabe que só o amor imprime marcas indeléveis. Conhecedor da doutrina social da Igreja que procura que a comunidade conheça e vivencie cada vez mais convictamente.
9. Um apaixonada pela comunhão presbiteral.
10. Uma pessoa simples no viver, no estar, no falar, na convivência. Se há coisas que o povo de Deus não tolera é ver um padre agarrado ao dinheiro.
Quem arranja um padre destes para a minha paróquia:))) Nem precisava de tanto... Com todos os atributos aqui mencionados tinha que ser um super-homem! Bastava um sacerdote que nos momentos mais difíceis ajudasse a manter viva a presença de Deus nas nossas vidas. Apenas, e era tanto!
ResponderEliminarUm abraço
Fá
Fá
ResponderEliminarObrigado pela presença e pela reflexão.
Não falei de super-homens, falei de "barro".
Não era intenção declarar que o padre seja isto tudo e muito mais, mas a ideia era um "tender para...", sempre na linha da conversão evangélica.
Um padre pobre (no sentido de não agarrado ao dinheiro), simples, que faz das pessoas o caminho da Igreja, atento às angústias, pobrezas e marginalizações, arauto da esperança, dinamizador da comunhão, impusionador do trabalho laical, profeta dos que não têm vez nem voz, comprometido e fomentador de Uma Igreja pobre, solidária e atenta. Alguém que navega na órbita constante de Deus.
Claro que isto devidamente situado e contextualizado pelas suas reais capacidades, pelo temperamento, pela saúde, pela solidariedade empenhada da comunidade. Deus age, mas fá-lo através das pessoas, das suas limitações e capacidades.
Muita paz no único FILHO no qual todos nós somos filhos.