A Ofensiva Maçónica
Decorreu nos dias 14 e 15 de Novembro de 2008, em Seia, organizadas pela Câmara Municipal deste concelho, as XI Jornadas Históricas, sob o tema “Maçonaria, Sociedade e Política”. Estas serviram como uma nova frente de batalha de uma vasta e importante ofensiva da Maçonaria que está em curso em território Luso. Simultaneamente, estas jornadas revelaram-se como a ponta do icebergue, visível e alcançável, deste secretíssimo e controverso “mundo” que é a Maçonaria (Regular ou Irregular). De facto, começam agora a tornar-se visíveis alguns dos pilares em que assenta esta ofensiva maçónica a larga escala.
Por um lado, temos a Criação da Fundação do Grande Oriente Lusitano, Fundação esta que vai servir como que a representante formal e legal do Grande Oriente Lusitano (GOL) perante o Estado e a Sociedade portuguesa. É curioso assistir-se ao processo de reconhecimento (obrigatório) desta Fundação por parte do Governo português, por subdelegação de competências do Ministro da Presidência ao Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Dr. Jorge Lacão. Este Secretário de Estado é, ainda, também por subdelegação de competências, o responsável pelo Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida. Alegadamente, o Dr. Jorge Lacão é um membro do GOL (de acordo com o Jornal de Notícias de 16/11/2008).
Por outro lado, estas jornadas foram uma espécie de manobra de marketing, provavelmente essencial a esta organização, nesta sua nova fase de pseudo abertura à sociedade portuguesa. Assistiu-se a uma autêntica manobra de charme e piscar de olho à plateia, constituída quase esmagadoramente por professores (de diversos graus e níveis de ensino), que aliaram a estas Jornadas Históricas a possibilidade de acumularem créditos para efeitos de progressão na Carreira Docente, por creditação pelo Conselho Científico Pedagógico de Formação Contínua. Bastava, para isso, assistirem a estas jornadas. Repare-se que esta questão da creditação não é meramente um pormenor insignificante nem, tão pouco, inocente ou obra do acaso. Isto constituiu uma manobra cuidadosamente planeada. Repare-se que, ao longo de doze anos, esta foi a primeira vez que estas jornadas puderam contribuir para efeitos de progressão na Carreira Docente, possibilitando, assim, uma vasta audiência repleta de professores. Deste modo, pretendeu atingir-se o coração da Sociedade portuguesa. Como? Os professores têm a notável capacidade de reproduzir, por gerações, as ideias e os ideais e de contribuir para a formação de consciências colectivas, para além de uma grande capacidade de intervenção cívica. Foi este, verdadeiramente, o objectivo (encapotado) destas jornadas (seguramente de um modo involuntário para a entidade responsável pela organização). Aqui, pretendeu passar-se a imagem de que a Maçonaria é um conceito moderno, com uma mensagem actual e social e que não tem nada a esconder. E que, por isso mesmo, pode e deve expor-se sem receios e sem rodeios. Que é uma “organização” que discute os temas e os assuntos actuais, preocupada com a Sociedade, e ainda, portadora de belos ideais de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Foi este o quadro que foi apresentado! Porém, esta autêntica acção de charme equipara-se, se permitem a comparação, a uma peça de roupa interior, a qual mostra quase tudo, mas esconde o essencial. Tratou-se, sim, de uma clara manobra de “recrutamento” de simpatizantes e de branqueamento das múltiplas acções destes cerca de 200 anos de influência da Maçonaria em Portugal. Nestes dois séculos assistiu-se, por parte da Maçonaria ou dos seus membros, directa ou indirectamente, a tentativas de subversões contra o Estado e a Igreja, a golpes de estado, ao regicídio, a mudanças de Regime por formas não democráticas ou amorais, à instigação de guerras civis, entre outras. Estes são factos reais e históricos, que não podem ser desmentidos. Atente-se a um dos seus lemas: “A soberania reside no povo maçónico” (In: sítio do GOL na Internet) – revelador! Nestas jornadas assistiu-se a uma pseudo abertura à sociedade, por exemplo, foi mostrada uma sala denominada “Templo Maçónico”. No entanto, e na realidade, o secretismo que envolve as reuniões de maçons quanto aos locais, datas e temas é absoluto, já para não falar na identidade dos participantes. Pelo átrio da exposição patente nas jornadas, estavam afixados dois placares com uma listagem contendo o nome de “Ilustres maçons” portugueses. Tratava-se, efectivamente, de ilustres cidadãos nacionais, embora e curiosamente, já falecidos há dezenas de anos. Nenhum nome de outras individualidades (ilustres, ou não) actuais foi referido. Avançou-se também com a indicação de sítios na Internet e de publicações (nomeadamente, a Revista Grémio Lusitano), tudo isto para mostrar que nada têm a esconder. Obviamente que não é assim! O facto é que muito pouco se sabe desta “organização”, onde quase todos os documentos que envolvem a Maçonaria, desde a sua fundação até hoje, são do desconhecimento público, ou alegadamente, não existem. Portanto, quanto à alegada transparência e abertura, não vale a pena dizer mais nada!... Revelador, foi também a circunstância de no programa destas jornadas constar uma mesa redonda com a presença simultânea dos três Grão-Mestres das três organizações maçónicas portuguesas (GOL, Maçonaria Feminina e Maçonaria Regular) – apesar de a Grão-Mestre da Maçonaria Feminina ter um imprevisto de última hora e não ter podido comparecer (foi representada, no entanto, por um membro da sua “organização”). Este facto revela-se de enorme pertinência, pois, historicamente, só em situações absolutamente excepcionais é que se assistiu à reunião dos três Grão-Mestres. Por outro lado, os oradores, salvo raríssimas excepções, eram quase todos maçons. Para além disso, mesmo aqueles que declararam expressamente não ser maçons, a grande maioria mostrou uma “colagem” quase perfeita às ideias defendidas pela Maçonaria, fazendo também suas, as críticas às adversidades sofridas por esta organização ao longo da história. Foi passada uma imagem altamente favorável do movimento maçónico e invocadas as conquistas anticlericais. Foram igualmente criticadas algumas das posições públicas da Igreja Católica (foram criticadas a Encíclica Humanum Genus do Papa Leão XIII, a "Declaração sobre a Maçonaria", de 26 de Novembro de 1983, assinada pelo então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Joseph Ratzinger – actual Papa Bento XVI –, assim como a posição pública do Bispo Emérito de Aveiro, D. António Marcelino, no Jornal de Opinião e Correio do Vouga, de 24 de Maio de 2007. Nestas circunstâncias, não houve, porém, qualquer direito ao exercício do contraditório, fundamental em democracia e essencial para um melhor entendimento do assunto em causa e esclarecimento da verdade. Estiveram ausentes diversas entidades ou individualidades, civis ou religiosas, que pudessem exercer o dito contraditório, nomeadamente: sociólogos, jornalistas de investigação, historiadores independentes (como, por exemplo, o Prof. Doutor José Hermano Saraiva) e não ligados directa ou indirectamente à Maçonaria, politólogos, entre outros. Seria também pertinente estarem representadas oficialmente, repito, oficialmente, as três grandes Igrejas monoteístas, em particular a Igreja Católica (por representar cerca de 90% da população portuguesa).
Outro factor desta ofensiva ficou bem patente com a declaração pública, nestas jornadas, por parte de António Reis, Grão-Mestre do GOL. Este afirmou que “Nos últimos 10 anos duplicou o número de iniciações de membros do GOL”, existindo já “70 Lojas e 10 Triângulos, espalhadas por quase todos os distritos do País” (Continente e ilhas). “O GOL tem entre 1500 a 2000 membros”. Se prestarmos um pouco de atenção nestes números, para lá da sua dimensão, verifica-se que há algo de incoerente nestas afirmações. A incoerência é esta: numa “organização” em que as admissões são raríssimas e passam por um sigiloso, rigoroso e apuradíssimo processo de admissão e selecção pessoal, e em que tudo é absolutamente registado e controlado, havendo até uma ou várias “Listas” próprias para o efeito – daí o conceito de “Regular” – não é de estranhar que o seu Grão-Mestre não saiba exactamente com quantos membros conta nas suas fileiras? Trata-se de uma diferença de 33% e, em número absoluto, de cerca de 500 pessoas. Tudo isto nos revela que, para lá desta eficiente manobra de marketing, comunicação e imagem, continua a ser muito o que a Maçonaria esconde da Sociedade, ou seja, dos “Profanos” (como são intituladas as pessoas que não pertencem à Maçonaria).
Por último, fica claro que esta ofensiva maçónica está já a dar os seus frutos, senão, vejam-se as consequências na Sociedade, em nome dos supostos ideais de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”: violentos ataques contra a família (facilitação da dissociação familiar – divórcio – e a tentativa de legalizar e generalizar os casamentos homossexuais); contra as entidades religiosas, através de um laicismo redutor e atroz; contra a vida humana (legalização e liberalização do aborto, tentativa de introdução da eutanásia assistida). A última investida está a ser conduzida contra a comunicação social e as liberdades civis, nomeadamente com a tentativa, em curso, de fazer “calar” – extinguindo ou enfraquecendo – a Rádio Renascença, através da proposta de Lei sobre a não-concentração dos meios de comunicação social. Esta medida traduzir-se-á, também, num óbvio e claro ataque contra a Igreja Católica (curioso é que esta Lei praticamente só penalizará a Rádio Renascença – Canal 1 e RFM) e ainda, contra as liberdades civis (nomeadamente a liberdade de imprensa).
Luís Barros Pereira
a propósito da proposta de lei sobre os meios de comunicação social publiquei no meu blogue em 14/11 um post mostrando uma certa perplexidade pela forma subreptícia como estas coisas se fazem assobiando para o lado. só estranho que quase ninguém fale disto...ou não!
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