quarta-feira, 20 de maio de 2009

Virtudes públicas, vícios privados

Há dias assisti a uma conversa. Alguém, tido em muita consideração pelos interlocutores, havia-os decepcionado. Que não esperavam aquilo daquela pessoa, que era tida por uma referência, que era um modelo ...E as pessoas diziam isto não para denegrir, para calcar, para rebaixar. Faziam-no sofridamente.
Neste tipo de conversas, muitas vezes o pensamento vem embrulhado nos comprimidos dos ditados populares.
- Fiar em Deus que é bom Senhor...
- As aparências iludem...
- Dinheiro e santidade, onde se pensa, não há metade...
- Virtudes públicas, vícios privados...
- Nunca digas: "desta água não beberei"...
O desalento era grande.
Um idoso, que assistia à conversa em silêncio, disparou:
- Então por essa pessoa falhar uma vez vez, vamos deixar de a estimar, de a apoiar, de a ajudar? Ora, ora, quem não tiver pecados que atire a primeira pedra! Cá por mim, continuará a gozar da mesma consideração...
E teceu um rosário de gestos e atitudes nobres sobre a pessoa em causa. Todos o ouviam embatucados. E o ancião perguntou:
- Então será que um erro pode passar um esponja por cima de todo o bem que essa pessoa tem feito? Não será a nossa vez de lhe estendermos a mão quando ela precisa? Olhai, ninguém pode dizer desta água não beberei. Por isso, que a queda de alguém sempre nos ensine a ser humildes diante de nós, da vida e dos outros.
As cabeças abanavam em sinal de concordância com as palavras do idoso. E senti naquele momento que a pena e os desgosto pela fraqueza da referência, se tinham transformado em atitudes mais humildes e solidárias.
Exactamente. Precisamos de corações sábios que saibam aquecer o mundo com a temperatura do amor.

1 comentário:

  1. As pessoas com mais idade são sabias, porque já passaram por muito, e tudo que sabem, aprenderam com a Vida!

    É sempre bom ouvir-mos os mais velhos.Eles sabem!

    Céci

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