segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

"Temos que baixar os salários"

Abri o "Jornal da Beira". Logo na primeira página, este título sonoro. Quem o afirmou? Mira Amaral, ex-ministro do governo de Cavaco Silva. Em Viseu.

"Embora Portugal tenha dos salários mais baixos da Europa, se queremos salvar o país, vamos ter que os baixar ainda mais."

Li e reli a reportagem. Mira Amaral não se referia aos ordenados de empresários e gestores. Mas falava dos vencimentos normais dos trabalhadores. Fiquei atónito. Como pode ser possível?

Se há correcções a fazer - e há claramente - estas têm a ver com os chorudos e escandalosos ordenados e mordomias de alguns empresários e muitos gestores. Mas a estes, quem tem a coragem de apontar? Que políticos e que políticas são capazes de o fazer?
Como se compreende, por exemplo, que Constâncio ganhe mais do que o Presidente da Reserva Federal norte-americana?
O caminho só poderá ser este. Começar por cortar nas altas mordomias de gestores públicos e privados. A não ser que vivamos na "república das bananas"...

No actual contexto de crise, os trabalhadores estão cada vez mais entregues aos caprichos e ganâncias dos empresários. Basta ouvir tantos e tantos relatos... Ainda agora vir alguém com responsabilidades pelo seu passado exigir que se cortem ainda mais rentes as unhas de quem quase as não tem, é incompreensível, intolerável e ultrajante.

1 comentário:

  1. Por mais que nos estafemos, quem paga as crises são os que têm alguma coisa. Os que não têm, não pagam porque não têm (sofrem muito, mas não pagam); os que têm demais, ou não declaram ou fogem ao pagamento ou têm quem os defenda ou as suas faltas prescrevem (parasitam-nos de várias maneiras e feitios).
    De resto, fica mais barato ao país pagar muito a pouquinhos que pagar o razoável a todos. É a injustiça instituída, tendencialmente quebrada, que eu me lembre, por Marcelo Caetano, cujo perfil político é deveras controverso e inaceitável a muitos títulos, e recentemente pela Ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite, de cuja gestão global discordo, mas que - e bem - congelou o aumento de salários a quem ganhava mais que mil euros.

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