Foram ambos falar com a direcção do Lar. Era imperativo colocar o pai dele lá dentro. Mas avisaram de antemão que a reforma do "velho" era baixinha, que não podiam pagar loucuras, nada disso.
O director daquele Lar ficou de boca aberta. É que aquela família era mais do que conhecida na redondeza. Gente abastada, com uma vida folgada, filhos bem na vida, empregada doméstica. Enfim, gente rica.
Que não, que não podiam ter o "velho" em casa, que os prendia demais, que não lhes deixava tempo para sair, ver os netinhos, que estava muito chatinho, que eles já tinham trabalhado muito e que agora também mereciam descanso...
O director sentiu um suor frio a escorrer pela espinha. Era conhecida a vida de trabalho daquele idoso. Homem que do nada deixou uma fortuna àquele seu único filho. Pessoa sem vícios, vivera só para a família. Bom cidadão, nada lhe podia ser apontado. E agora o próprio filho a querer corrê-lo de casa! Mais, a regatear cada tostão pedido pelo Lar como se fosse um pobrezinho!
É o que temos hoje, conformam-se alguns. Eu não me conformo com este assalto constante, pertinente e frontal à família onde os idosos já não cabem porque dão trabalho, porque são chatos, porque incomodam, porque já não produzem, porque deram tudo aos filhos...
Mais, famílias desta estirpe não são famílias, são ajuntamentos de conveniência, sem estofo, sem profundidade, sem sentimentos, sem humanidade.
Não são só as leis que os políticos fazem que atentam contra a família. Hoje a própria família é muitas vezes loba da família.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.