quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Por que razão as 40 horas no Carnaval?

"Pai, não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal" - Jesus Cristo

"Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar;tempo de chorar e tempo de dançar..." - Eclesiastes

Sempre me fez alguma espécie o facto de existirem as Quarenta Horas no Carnaval.
Que se celebrem as Quarenta Horas, acho óptimo. Tempo de encontro profundo, longo e sumamente enriquecedor com Jesus Sacramentado. A nossa condição de discípulos exige esta estada diante do Mestre que fala e nos aquece o coração, que oxigena a alma e nos fortalece na fé, que abrasa na caridade e nos seduz para a esperança que não engana.
Mas no Carnaval... isso custa-me a compreender.

Penso que historicamente as Quarenta Horas, muito ligadas à devoção ao Sagrado Coração de Jesus, se implantaram num contexto de desagravo ao Senhor pelos aspectos libertinos e libidinosos ligados aos festejos carnavalescos. Sem julgar a História, não teria sido melhor motivar os crentes para estarem lá, no palco dos acontecimentos, e aí fomentarem e promoverem a sã e verdadeira alegria? "Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal".
Depois, durante o longo e libertador tempo quaresmal, os cristãos têm espaço para essa indispensável adoração, acolhimento, reflexão, interioridade que os tempos de Exposição do Santíssimo Sacramento belamente propiciam. Há tempo para tudo...
Confesso que, quando vou ajudar colegas de outras comunidades em serviços que têm a ver com as Quarenta Horas no Carnaval, o faço com constrangimento. Soa-me a algo não natural, dessintonizado com a mensagem de Jesus... Quando os cristãos deveriam estar no mundo do Carnaval como sal, luz e fermento, fogem para as igrejas, deixando o mundo por evangelizar...
Estarei errado?

1 comentário:

  1. Se exceptuarmos os desfiles de Carnaval das nossas escolas - não os impostos em Paredes do Coura pela Directora Regional de Educação do Norte - dificilmente os cristãos evangelizarão no meio das folias carnavalescas. Também não será fácil estar nisto como Sal da Terra ou como Fermento na Massa. Talvez, por isso, alguém terá lançado a ideia das Quarenta Horas por ocasião do Carnaval para momento de desagravo e como reacção de seriedade à futilidade do século.
    Em minha opinião, os cristãos poderão dar um testemunho de alegria sensata e equilibrada.
    De resto, Quarenta Horas darão, à partida, mais fruto noutras ocasiões. No entanto, Deus escreve direito por linhas tortas. Nunca se sabe com certeza plena o bem que se semeia ou o mal que se evita. E também aqui é devida a atitude democrática da aceitação de outras visões, estratégias e tácticas.

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