terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Deve um padre "reformar-se"?

Uma vez sacerdote, sacerdote para sempre.
A idade não perdoa, é a lei da vida. Por isso, a partir de que idade se deve um sacerdote "reformar"?
Neste caso, "reforma" não significa abandonar o ministério, mas exercê-lo de outra maneira, sem estar preso a um cargo específico. E que extraordinários serviços não oferecem à Igreja tantos sacerdotes "reformados"! Serviço de confissão, atendimento a pessoas, auxílio aos párocos, dedicação mais profunda à oração...
Ouvi muitas vezes dizer que "até aos setentas, és tu que mandas; a partir daí, é a idade que manda em ti." Querendo dizer que, a partir de certa idade, as pessoas se agarram ao cargo, já sem discernimento que os anos vão retirando, tantas vezes comandadas por uma questão natural de afirmação, como que justificando que estão vivas...
Claro que, quando se trata de pessoas, estas coisas têm muito pouco a ver com o "dois e dois são quatro". Há padres já bem idosos e perfeitamente lúcidos e com enorme capacidade de adaptação e de resposta às situações. Sacerdotes enquadrados na dinâmica pastoral, queridos das suas comunidades, exercendo um óptimo serviço. Mas, pela lei da vida, isto não poderá ser a regra geral.
Penso que, por norma, a partir dos setenta, somos mais úteis à Igreja como "eméritos" do que como "titulares". E se os 75 anos contam para os bispos, por que não hão-de contar para os sacerdotes?
E quando um sacerdote se dedicou uma vida inteira ao serviço dos outros, sem horários e sem férias - ou com umas mini-ferias, sempre controladas - não terá, no fim da vida, direito a viver o sacerdócio de uma forma diferente, sem responsabilidades de maior, num serviço mais espontâneo e de acordo com as suas forças? Quantas vezes o prolongar para além do razoável no tempo a sua acção numa comunidade não é prejudicial à mesma comunidade?
Penso que os Bispos devem estar muito, muito atentos a esta situação plenamente humana dos seus padres e, quando for preciso, tomarem a iniciativa de lhes propor o merecido descanso, fazendo-lhes ver quanto isso é importante para eles e até para as comunidades e propondo-lhes um serviço mais de acordo com a etapa da vida em que se encontram. Claro que muitas vezes é estruturalmente importante não mexer, já que num tempo de escassez de vocações, enquanto lá estiver o velhinho, é menos um "buraco" para tapar. Mas será isto humano? Será cristão?

2 comentários:

  1. Na minha humilde opiniao, os padre devem ter a opção de se reformar, aos 65 anos.
    Estes passaram a sua vida toda dedicada aos outros e a idade deixa marcas, o cansaço físico e muitas vezes o mental.
    RED ANGEL

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  2. Sobre a matéria não devem ser tomadas decisões únicas, muito menos, rígidas.
    No entanto, regra geral, os padres com encargos pastorais, sobretudo se penosos, devem ser dispensados a partir de uma idade consensualmente estabelecida. Nada deve impedir que voluntariamente possam continuar no seu múnus habitual, se a saúde não o contraindicar ou se as populações parecerem comprazer-se na sua prestação.
    E as tarefas fundamentais que enformam o ser do presbítero devem ser mantidas, bem como as possibilidades de intervenção frequente no devir eclesial.
    Lembro-me de que o recém falecido Padre Anselmo Fernandes de Freitas, quando atingiu a idade de 75 anos, pedia a dispensa da paroquialidade, alegando, além dos motivos de saúde, o facto de que também os bispos se tornavam eméritos aos 75 anos.

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