Há muito poucos anos, raramente se via um estrangeiro por estas bandas. Hoje basta sair à rua e logo aparecem gentes de outros povos e de outras raças que aqui vivem e trabalham.
Por outro lado, sempre fomos um povo de emigrantes. Um quinto da população portuguesa anda por esse mundo fora. Então esta zona é marcada por uma forte corrente migratória, a ponto de, em algumas aldeias mais pobres e isoladas, ficarem por cá praticamente só os velhos e uma ou outra criança. Claro que o movimento migratório não se realiza só para o estrangeiro, mas também para o litoral do país, mormente Lisboa.
É justo salientar a importância que têm para a economia portuguesa as remessas de abundantes devisas. Hoje toda a gente reconhece a importância vital que essas remessas tiveram em épocas mais conturbadas da nossa vida colectiva, como por exemplo, a seguir ao 25 de Abril. Nessa altura, foi o dinheiro dos emigrantes que evitou que o país mergulhasse no naufrágio financeiro.
Os actuais governantes sofrem da psicose mórbida de encerrar tudo o que acarrete encargos. E vários consulados foram obrigados a encerrar as portas. E a febre é tal que o Presidente da Répública sentiu a obrigação de, na véspera das comemorações do Dia de Portugal, vir chamar a atenção do Governo, em acto solene, para a situação complicada e grave que estava a ser criada a milhares de emigrantes. Até o "Porte Pago" aos jornais regionais cortaram! Esses mesmos jornais que fazem a ligação afectiva dos emigrantes com o seu torrão natal.
Mas, dada a crise que o país atravessa, o fenómeno migratória tem-se reforçado. Migrações silenciosas, aos milhares. Às vezes com situações de trabalhadores portugueses mantidos em semi-escravidão, como os jornais têm abundantemente noticiado. "Empresários" sem escrúpulos valem-se da miséria e sofrimento de muita gente para a enganarem, a usurparem e depois a colocarem em situações desumanas. Temos que estar alerta, a começar pelos governantes, seguindo pelos interessados e terminando na sociedade. Cuidado com certas ofertas de trabalho no estrangeiro!
Aos imigrantes, a todos os que vindos de outro país vivem e trabalham em Portugal, a receita parece simples: assim como queremos que os nossos sejam bem tratados no estrangeiro, também devemos acolher e tratar bem os estrangeiros que aqui vivem e trabalham. Se há povo que tem obrigação de perceber bem o fenómeno migratório, esse povo é o português. Sempre fomos "uma pátria pelo mundo repartida".
Nesta "aldeia global" em que o mundo se transformou, a terra é cada vez mais a pátria comum de toda a humanidade.
Os migrantes, por esta altura do Verão, visitam, em merecidas férias, as suas origens. É um momento de alegria para eles, suas famílias e suas terras. O Verão permite-nos, assim, uma tomada de consciência do povo que somos, através do reencontro com os nossos que partiram. Desejo a todos os migrantes óptima viagem, retemperadoras férias e feliz reencontro com o torrão natal.
Por último, penso que quem nos governa devia facilitar a residentes e migrantes, todo o esclarecimento em relação a investimentos. Ouve-se muitas vezes a queixa, sobretudo dos emigrantes: "queria investir umas poupançazitias, mas não sei onde nem como..." Por falta de orientação e de esclarecimento de quem de direito, acontece que muitas vezes ou não investem ou investem em negócios que depois têm que encerrar por serem inviáveis.
Caros migrantes, saudo-vos com alegria. Que na VERDADE e na HUMILDADE, sejais no mundo testemunhas daqueles valores pátrios que moldam a nossa cultura e são sustentáculo da verdadeira civilização com rosto humano.
Boas Férias!
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.