Acabara a celebração da Eucaristia. Saio, vou cumprimentando as pessoas e dirijo-me para o carro. Sinto que alguém me chama. Volto-me. Ela pergunta-me se pode falar um bocadinho comigo. Era muito importante.
Conta-me então que há muitos anos fez a mesma promessa a duas "santas", a Senhora de Fátima e a Senhora da Lapa. Prometera ir a pé. Só que se fora descuidando e agora as suas "atrósias" já não lhe permitiam realizar as promessa. Que à "santa" da Lapa, vá-que-não-vá, agora à outra "santa", nem pensar. Mas andava preocupada, que isto de ter dívidas para com os santos não é brincadeira nenhuma...
Calmamente, fui-lhe dizendo que Nossa Senhora da Lapa, Nossa Senhora de Fátima, das Dores, das Necessidades, dos Remédios, da Ajuda, da Saúde, da Graça, etc, etc, é sempre Maria de Nazaré, Mãe de Deus e Nosssa Mãe. Chamemo-la pela invocação que chamarmos, é sempre a Virgem Maria. E dei muitos exemplos para a ajudar a perceber. Ficou de boca aberta. Não sabia. Pensava que eram diferentes.
E então como é que havia de fazer? Desejava viver com a consciência em paz. Queria "pagar a promessa". Naqueles olhar cansado ressoava alguma angústia, mas percebia-se que se tratava de uma pessoa humilde e bem intencionada.
Fui-lhe dizendo que Deus não é comerciante. Ele é a Bondade e Misericórdia puríssimas. Tudo o que d'Ele recebemos é dom, gratuitidade, obra do seu imenso Amor. Portanto, nunca se poderá falar de "pagar", mas de agradecer, louvar, glorificar, acolher.
Procurei ajudá-la a encontrar maneiras de agradecer a Deus. Preocupei-me em que fosse ela a decidir, em consciência, livremente, como filha bem-amada do Pai. Mas qual quê!? Queria que fosse eu a dizer-lhe taxativamente o que devia fazer e ela executaria.
Já no carro, pensava para mim mesmo que estaria ali uma das alavancas do sucesso de tantos movimentos de índole tradicionalista/fundamentalista. O que as pessoas querem, não é pensar, decidir em consciência, mas que alguém decida por elas. Que lhes digam "a metro" o que podem e não podem fazer.
Mas se "Cristo nos libertou, foi para sermos realmente livres!"
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