“... a Igreja não tem sabido entender este mundo e acompanhá-lo”. “... deve vir para a praça pública, porque mesmo que lhe criem dificuldades ou lhe tirem o seu lugar, como acontece, deve assumir corajosamente e sem medo o seu papel”.
A Igreja descura e cala os valores humanos, “e a situação do trabalho em Portugal é disso exemplo”. A Igreja tem de pronunciar-se “mas de forma a ser ouvida, não é com papeis ou documentos” de forma a que “o desenvolvimento seja acompanhado de solidariedade e manifeste a preocupação de considerar o homem como elemento responsável na construção da história”.
A situação actual do país “merece uma atenção tão grande que nos devíamos pronunciar de uma forma mais visível”.
O trabalho, a economia “acente numa filosofia neo liberal”, a flexisegurança “considera cada vez menos o homem”, conferindo-lhe uma posição “exclusiva de produtor” e acrescente ser “repugnante ouvir falar em flexisegurança e na mobilidade, quando sabemos que o essencial não é garantido”.
As questões da vida são outra preocupação para o Bispo emérito. Em contexto da lei do aborto, D. Manuel Martins ironiza a importância “vital de uma lei, quando 80% dos médicos vão invocar objecção de consciência”, destaca. A cultura da morte toma conta da sociedade “mesmo quando uns quantos se reúnem para apregoar o valor da vida e para discutir questões ambientais”, evidencia, referindo-se ao encontro do G8.
“Mas a Igreja é essencialmente política na medida em que prega os grandes valores humanos e a dignidade do homem”, porque considera que a dignidade humana “se situa numa posição política que não tem nada a ver com a forma como actualmente é encarada”.
A política “que é tão nobre tornou-se em algo evitável”. Porque a verdadeira está “só ao serviço do homem, coisa que agora não acontece”, pois os direitos e valores estão “ausentes”, afirma.
D. Manuel Martins, ecclesia, hoje
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