15 horas. Viu-os partir. Apetecia-me a deixar tudo e ir com eles. A gente não pode estar onde quer, mas onde deve. Foram raríssimas as vezes em que os não acompanhei. Só me lembro mesmo de uma, mas então outro sacerdote foi com eles. Desta vez, porque era fim-de-semana, não pude. É muito díficil estar sempre a pedir ajuda aos colegas, sabendo que não posso corresponder, porque a paróquia não dá espaço para tal.
Mas estou triste, acreditem. Não cesso de pensar nos "saltariquentos" da Profissão de Fé que estão neste momento em Fátima, a participar na Peregrinação das Crianças. Sei que chegaram bem e que estão felizes. Faltei logo no ano em que iam estrear uma t-shirt e um boné novos, com o logotipo da paróquia! A chefe dos catequistas também me entregou os meus. Vou guardá-los para o ano.
Estou a vê-los em fila indiana a caminho do Santuário entoando alto e bom som: "Nós somos de Tarouca, magnífica Tarouca". Sinto-me no meio deles a explicar-lhes baixinho a razão de ser da Capelinha e da azinheira grande. Rezo com eles no silêncio da noite na Capelinha das Aparições. Que momento mágico, profundo, inolvidável!
Sento-me no meio deles no escadório debaixo de um calor de estarrecer. Vejo-os chegar devarinho ao pé de mim a perguntar o sentido deste e daquele gesto, desta e daquela cerimónia. Ajudo as catequistas a servi-los ao almoço e caminho com eles até à casa de Lúcia, de Jacinta e até ao poço do Arneiro. Já sei que todos querem beber, mesmo que seja para depois dizerem que não presta...Ah! Aqui têm um período para compras e para se refrescarem com o gelado que lhes ofereço. E eu com o "credo" na boca! Tanta gente! Tanto movimento! Pareço um radar. Às vezes lá sai um berro para algum mais distraído. Tem que ser.
Regresso. Cantamos, dizemos anedotas e adivinhas. E gritamos pelos nossos clubes. Normalmente há menos portistas. O que vale é o micro, para raiva deles. Depois, mais descomprimidos, rezamos o terço. Eles põem intenções. Aproxima-se o lanche. Mas antes aparece o concurso sobre a temática da fé. Entre rapazes e raparigas. Claro que quem perde atribui-me a culpa a mim. Que tal e coisa... que fiz as perguntas mais difíceis a estes e mais fáceis àqueles... Brinco com a situação. Mais se enervam. Lá estão os catequistas para amainar os ânimos.
Pronto, está tudo em paz. Os que mais se enervaram, pouco a pouco caem na real. Já estão todos outra vez comigo, eu que nunca deixei de estar com eles. Mas gosto de brincar...
Já é noite. Muitos estão extenuados e já dormem, até porque na noite anterior pouco dormiram nas camaratas, apesar da vigilância apertada dos catequistas. Mas a experiência fora nova. Muitos nunca haviam dormido fora de casa. Compreende-se a excitação da novidade.
Eles são únicos. Mesmo quando nos chateiam e nos fazem perder a paciência, não deixamos de os amar, de nos sentirmos bem ao pé deles.
Estou seguríssimo de que estão bem. Bem sei o grupo fantástico de catequistas que temos. Mas tenho saudades de não ter ido. Penso que compreendem.
Texto sem duvida espectacular... é sem duvida maravilhosa a forma como se entusiasma e inspira quando fala das crianças... e felizmente aos seus olhos seremos sempre crianças... e seremos sempre alguém por quem vale a pena lutar, em quem vale a pena acredita... Obrigado!
ResponderEliminar