sexta-feira, 15 de junho de 2007

"Bem sabemos que aqui é diferente..."

Num dia desta semana, regressava da escola. Pelo caminho encontro um casal de velhos amigos. Amigos mesmo. Foi uma festa!
Disseram que vinham muitas vezes por estes lados, mas, embora gostassem, não me procuravam com receio de me ocupar o tempo, que bem sabiam que tenho muito que fazer. Procuravam e insistiam por que razão não aparecia lá por casa como antigamente. Bem, já sabiam que não está no meu feitio andar a cirandar por paróquias onde já estive. Mas que não percebiam... Não havia mal nenhum ... sentiam a minha falta. Que me ouviam, sempre que possível na rádio à sexta-feira, que liam o jornal. Mas que nada substitui a presença do amigo.

A conversa continuou. Falámos dos filhos, que felizmente só lhes têm dado alegrias, da saúde, que nem sempre é muita, da sua terra, da vida. Recordámos alguns episódios do passado, todos bem agradáveis. A determinada altura, solto uma gargalhada.
- Já tinha saudades do seu riso franco e aberto - disse ela. - Aliás parece-me agora mais pesado, mais tristonho, mas solitário do que antigamente. Será só da idade?...
- Lembra-se como gostava de ir ao café, de alegrar a "malta" com as suas histórias e piadas, de jogar as cartas, de aparecer nas festas? - continou ele. - Bem, jogador de cartas nunca foi grande coisa! Quando jogava consigo, fazia-me sempre perder a paciência... Era cada "calinada!"
- E dançar também nunca dançou - acrescentou ela.
- Pois...

Bem sabemos que aqui é diferente. Tem que se proteger mais. E mesmo assim deve ter que mudar de roupa várias vezes, tal é o "corte" que por aí se ouve.
- Ó mulher, não sejas assim! Sei que tem cá grandes, grandes amigos. Pessoas que o estimam, apreciam o seu trabalho, colaboram e o defendem. E até muita gente que nem pratica por aí além...

Disse-lhes que, acima de tudo, era uma questão de idade. A idade, em princípio, torna-nos mais serenos, mais prudentes. E naturalmente, mais pesados, menos saltariquentos. Que gosto imenso da paróquia. Que problemas há em todo o lado, mas que as pessoas, por regra, são maravilhosas. E depois, " cada terra com seu uso e cada roca com seu fuso"! Há que nos sabermos adaptar à maneira de ser da comunidade se queremos ajudá-la a crescer.

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