Um amigo costuma dizer, meio a brincar, que se Portugal não liga ao interior, então que o ceda a Espanha. Ao menos os que cá vivem teriam melhor nível de vida.
Escolas e maternidades fecham por toda a parte. Alguns até já vão nascer a Espanha e outros nascem nas estradas deste país! As estruturas intermédias de decisão vão partindo, umas após outras, para o litoral. A agricultura é um campo esquecido dos decisores políticos. Os incentivos à fixação de pessoas e de empreas no interior são uma miragem. Em muitas zonas, as vias de comunicação deixam muito a desejar.
Então volta o êxodo silencioso dos portugueses. Todos os anos partem milhares em busca de um pão mais farto e de um futuro com algum sol. Nas aldeias, praticamente entregues a si próprios, ficam os idosos, os velhos e aqueles "que nem habilidade têm para emigar", no dizer de alguém.
Entretanto Lisboa absorve os políticos, os decisores, a comunicação social. Ele é eleições para a Câmara Municipal, ele é o novo aeroporto na OTA ou em Alcochete, ele é TGV, ele é as duas novas pontes para a travessia do Tejo... No tempo da "outra senhora", dizia-se que Portugal era Lisboa e que o resto era paisagem. E agora?
Que Lisboa esteja esteja entre as 50 cidades com mais qualidade de vida entre 215 em todo o mundo, é bom. Péssimo é a diferença entre o nivel de vida lisboeta e o da província. Parece que se trata de dois países diferentes! Onde está a tão propalada coesão nacional? Que fazemos da solidariedade entre concidadãos? Não era nestes campos que a política deveria ter um papel que se visse?
Tendo em conta que o interior se diz esmagadoramente católico, é de perguntar: onde estão os profetas do interior que denunciem o abandono do povo pelo poder central e pelos centros de decisão?
A começar pelos senhores Bispos. Muitas reuniões e poucas intervenções a favor dos novos marginalizados, abandonados, descriminados e esquecidos da sociedade portuguesa...
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