domingo, 10 de junho de 2007

E se continuasse a ter púlpito...

O Bispo Emérito de Setúbal, D. Manuel Martins afirmou hoje que o povo de Setúbal é um dos mais interventivos e que não se deixa comer, ao recordar o tempo em que barafustava com o governo.
"O povo de Setúbal é considerado o povo de Portugal mais interventivo, porque não se deixa comer. Uma das marcas da cidadania é não se deixar comer, não se deixar manipular, não se deixar gozar", disse D. Manuel Martins.

"O Bispo D. Óscar Romero dizia aos seus fiéis: por favor nunca andem a pedir de chapéu na mão aquilo a que têm direito. E D. António Ferreira Gomes, bispo do Porto, que foi exilado, dizia: diante dos homens sempre de pé; de joelhos só diante de Deus", disse D. Manuel Martins, acrescentando que esta é a grande mensagem da Igreja.

O Bispo Emérito de Setúbal falava aos jornalistas pouco depois de ter sido agraciado pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com a Grande Cruz da Ordem Militar de Cristo, durante as comemorações do 10 de Junho, em Setúbal.
D. Manuel Martins mostrou algumas reservas em relação a este tipo de homenagens, mas acrescentou que não se sentia no direito de recusar a distinção que lhe foi atribuída, prometendo que a Grande Cruz da Ordem Militar de Cristo ficaria na cidade do Sado.

Questionado sobre os motivos que levaram o Presidente da República a agraciá-lo, D. Manuel Martins admitiu que poderia ter sido a "ajuda que deu ao governo" nos tempos em que era Bispo de Setúbal.
"Se analisar profundamente, era capaz de descobrir como razão a contribuição que dei ao governo daquela altura, barafustando, discordando, mostrando o meu desacordo em tantas e tantas coisas. E se continuasse a ter púlpito, eu continuava porque há tanta coisa mal a nível do emprego", disse D. Manuel Martins, que considerou o desemprego como um dos maiores flagelos das famílias portuguesas.

Lusa

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