domingo, 23 de agosto de 2009

De volta ao berço

Ontem presidi em Cambres ao Matrimónio de meu primo Nuno com a Maria Augusta. Por afazeres paroquiais, não pude passar pelo almoço do casamento.
Hoje na companhia de familiares e com a presença de pessoas amigas do novo casal, participei no almoço em casa da mãe do Nuno (meu tio já está nos braços do Pai há muitos anos). Além de um almoço de homenagem aos recém-casados, foi também uma forma de assinar a festa da terra - Juvandes.
Assinalo e agradeço profundamente a maneira como minha tia Maria e meus primos Nuno e Carlos me receberam. A alegria manifestada, a simpatia e delicadeza sempre presentes, o acolhimento afectivo dispensado não só à minha pobre pessoas como a todos os convidados.
Deixo-lhes também aqui o meu profundo reconhecimento. Obrigado.

Não entrava naquela casa há 30 anos! E foi ali que nasci e passei os meus primeiros 7 anos de vida. Embora remodelada por fora e profundamente modificada por dentro, não deixei de percorrer todo o edifício, explicando aos meus irmãos mais novos, cunhados e sobrinhos como ele era no tempo em que ali vivi. Meus Deus, como o filme se desenrolou no meu coração! Que mundo de recordações, de pequenas/grandes referências! Quantos pormenores, quantas vivências me ocorreram em torvilhão naqueles momentos!
Na mesma casa, viviam então duas famílias. A minha e os meus avós com os meus tios. Só uma estrutura de madeira separava então os dois lares. Quantas vezes de noite meu pai não teve de pegar na escada para subir ao alto da divisão de madeira para me entregar aos meus avós! Já então era reguila e quando entendesse que queria ir dormir com meus avós, nem a bem nem a mal me calava. O que valiam uns acoites quando comparados com a satisfação de ficar a dormir com meus avós!!!

A auto-estrada A24 passa mesmo à beirinha da casa. Só hoje consegui sentir quanto esta via modificou a envolvência do edifício. Pelo movimento de terras que causou, pelo encurtamento dos espaços e pela modificação dos mesmos.
Lembrei-me algumas vezes do pensamento que diz: "O homem é a medida de todas as coisas." De facto aquela casa e aqueles campos que outra me pareciam muito grandes - e era essa a ideia que conservava - hoje senti-os bem mais pequenos. A avaliação dos espaços também ter a ver com a ideia de espaço que vamos aperfeiçoando...

Depois de chegar a casa de meu pai, e a convite de alguns dos meus familiares, foi a um terrenito que possuo em Arneirós, num lugar chamado "A Pia". Objectivo: apanhar uns figos pretos muito saborosos que lá existem .
Primeiro obstáculo: as silvas. Foi o cabo dos trabalhos para lá entrar, tal era a altura e a arrogância das ditas cujas. Só com muito esforça e persistência, ajudados por uma navalhita, conseguimos empurrar o portãozito e abrir caminho, livrando-nos das atrevidas e agressivas silvas.
Segundo problema: os figos. Pareciam já muito pretinhos, mas ainda estavam imaturos e impróprios para consumo.
A desolação cobre o pequeno e simpático terreno. As silvas abraçam por todo lado pereiras, macieiras, cerejeiras, marmeleiros e diospireiro. A charca está rodeada por um silvado mais alto do que a Torre dos Clérigos. Por todo os lados, fetos e ervas daninhas que o Sol vai torrando. A bela ramada de outros tempos está agora prostrada e muitas videiras, desiludidas com o abandono, deixaram de querer viver.
Ainda apanhámos, graças à teimosia em triunfar das silvas, algumas maçãs e pêras, logicamente biológicas por ausência de qualquer tratamento.
Uma vizinha que presenciou as nossas dificuldades em lidar com o silvado, apareceu com uma foice para nos ajudar e não resistiu a comentar:
- Quem viu isto e o vê agora! Era um campinho pequeno mas muito bem situado, viradinho ao Sol, quase uma estufa! Aqui havia de tudo.
Quando me afastei em direcção ao lugar da charca, sempre lançou este desafio aos meus familiares:
- Se o sr. Padre não trata disto, por que razão não o vende?
Pois, o coração tem razões que a razão desconhece...

Ainda me restou tempo para acompanhar familiares meus até a uma leira, propriedade de um deles. Que caminho, Santo Deus! Esmagadoramente em terra batida, com valetas fundas. Só mesmo em carrinha de caixa aberta foi possível lá subir. A ideia deles é boa, as dificuldades são muitas. Captar aí água para depois a canalizar e fazer cair na quinta. É que são mais de 2Km de distância, existindo um rio pelo meio.

Depois do jantar em família, em fraterno convívio e saudável brincadeira (não faltaram umas "alfinetadas" às vitórias do Porto e Benfica...), regressei a casa.
Um dia bonito. De manhã com a comunidade nas Eucaristias. De tarde com familiares e amigos.
Graças a Deus por tudo!

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