Já lá vão uns anos. Mas, infelizmente, continuam hoje por todo o lado situações semelhantes.
Aquele sacerdote, pároco de quatro paróquias, tinha há muito esclarecido as suas comunidades de que não poderia presidir ao casamento com Missa aos domingos. Se aparecesse algum casamento para esse dia, só na na Eucaristia normal do domingo.
Apareceu-lhe um casalinho para marcar o seu casamento. Ela foi clara e directa:
- Quero no domingo tal e na capela tal, às tantas horas. E claro, com Missa!
O padre, pacientemente, procurou explicar-lhe aquilo que tantas vezes havia feito à comunidade. Que não podia ser, só se fosse na Missa da paróquia, que tinha quatro comunidades a servir e algumas delas com povoações distantes.
Bom, mas quando se não quer compreender, não há paciência e argumentes que colem. Se os limites do mundo são os do nosso umbigo, nada há a fazer.
Passados uns dias, aparece o pai da rapariga. Que tinha que ser, que mudasse as missas, que o casamento tinha que ser como a filha desejava, que casamento há só um e que missas nas paróquias há muitas. Volta o sacerdote a explicar, apresentando as soluções possíveis. Que presidiria ao casamento na desejada capela, mas noutro dia que não o domingo, que autorizava que pedisse a outro sacerdote... Era realmente alguém a quem custava imenso dizer um não.
Encolerizado, o homem dispara:
- Então quem trabalha na Igreja não tem direito a uma atenção especial? Não se lembra que a minha mulher é catequista e que eu mesmo já fiz parte de uma comissão da Igreja?
- Sei disso tudo- responde o pároco. - Só não sabia era do seu oportunismo e pensava que um cristão já mais chantagearia com base na colaboração dada à comunidade...
- Bom, se o não faz, a gente recorre aos "jeovás"!- conclui o homem, debandando.
Nunca esquecerei a mágoa profunda que bailava no rosto do bondoso sacerdote quando partilhava com os colegas esta situação.
Este caso é uma vergonha. Mas aconteceu.
E hoje continua a acontecer sob muitas formas. Que cristãos temos nós? Como reage a opinião pública católica perante atitudes de tão baixo nível como a referida?
Doem-nos imenso estas situações. Acredito na desolação do sacerdote. Tanto trabalho, tanta formação -que não chega, como se vê! Que fé é a nossa!!!???. Que interesses são os nossos que damos para receber!
ResponderEliminarFormação de adultos precisa-se, Fé adulta e esclarecida, e humilde, é precisa.
FF.
Há, efectivamente, muito cristianismo descafeinado, que se torna exageradamente amargo quando o "folclore" religioso convém a alguns que se fazem amigos e colaboradores por interesse.
ResponderEliminarO reverendo Abade de Tarouca tem razão quando clama que a Igreja é para todos, mas não para tudo!