domingo, 16 de dezembro de 2007

Pensamentos da viagem

Cheguei há pouco de Santa Helena, onde presidi ao terço e à Eucaristia que lá têm lugar no 3º domingo de cada mês.
Pelo caminho, fui assaltado por um pensamento forte, que me deixou inquieto, mas envolvendo-me gustosamente. Não é uma preocupação nova, muitas vezes tenho reflectido sobre o assunto, mas talvez a época de fraternidade natalícia lhe tenha dado outra intensidade. Sei, felizmente, que na zona já existem pessoa que partilham da mesma preocupação.

Há 20 anos, não se via praticamente nenhum estrangeiro por esta zona. Tínhamos e temos muitos portugueses emigrantes, mas imigrantes, não. Hoje há muita gente, das mais variadas partes do mundo, a viver e a trabalhar entre nós. O mundo muda a uma velocidade estonteante, exigindo respostas rápidas e novas. A tal "fantasia da caridade" de que falava João Paulo II. Não podemos é continuar no ram-ram como se nada de novo tivesse acontecido.

Se há povo que tem obrigação de acolher os emigrantes, é o português. Temos perto de 5 milhões de emigrantes espalhados pelos quatro cantos do mundo e desejamos sempre que sejam acolhidos e estimados pelos países que os acolheram. Logo é do mais elementar justiça prestar atenção aos que, vindos do estrangeiro, aqui vivem.

Por essas aldeias, vilas e cidades há hoje muitos estrangeiros. Que se tem feito por eles? Que estruturas de acolhimento, apoio e acompanhamento existem? Sabe-se em que condições vivem? Sabe-se se têm que comer? Não integrarão eles a fila da "pobreza envergonhada" deste país? E os filhos, estão integrados na comunidade, na escola, na Igreja? Quem os defende face a empregadores sem escrúpulos? É-lhes pago o devido salário? Não lhes é imposto o silêncio face à injustiça, com ameaças? E a sua situação diante da saúde, da segurança social, das engrenagens estatais?

Penso que seria de constituir equipas multidisciplinares, que incluíssem pessoas de boa vontade, desde advogados, assistentes sociais, médicos, empregadores, professores, autarcas, Igreja e outras pessoas de boa vontade, que eleborassem um programa a ser cumprido por todos em corresponsabilidade, visando acolher, apoiar e acompanhar os estrangeiros que vivem nas nossas terras. O governo e a sociedade civil só lucrariam em acarinhar e incentivar por todas as maneiras este tipo de equipas de voluntariado.

E entre portugueses, não haverá pessoas que precisam igualmente do apoio da equipa de voluntariado? Refiro-me especialmente aqueles menos aptos para se defenderem dos problemas que a vida tantas vezes acarreta. Viúvos, órfãos, solitários, "simplórios" à mercê dos "chicos espertos", abandonados familiar e socialmente, os que caíram na vida e depois não são aceites...

Inquieta-me a situação. O sofrimento de tantos e a indiferença de muitos mais. Às vezes, lembro-me que a Igreja tem estruturas que podia encaminhar para estes problemas nesta etapa do nosso viver colectivo. Por exemplo, a CARITAS. E porque não há-de cada diocese criar o Secretariado da Inserção?
Mas atenção! A resolução deste problema não pertence só nem predominantemente à Igreja, embora esta possa e deva marcar presença. Ao governo e à sociedade civil cabe todo o empenho em organizar este tipo de apoios.

2 comentários:

  1. Gostaria que altera-se o link da nossa página da Web, actualmente o Arguedeirafut já não funciona como blog. A nossa página agora é http://www.arguedeirafut.com.

    Com os melhores cumprimentos;
    Arguedeirafut
    Guilherme

    Em meu nome e em nome do Arguedeira Um Santo e Feliz Natal.

    ResponderEliminar
  2. Ta mudado.

    Obrigado. Santo Natal para ti e para o Arguedeira.

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.