Daniela, uma jovem professora, iniciou o ano escolar com uma turma de adolescentes simpáticos e interessados, à excepção de um – o Ricardo – que se mostrava tristonho, sujo, desinteressado e até agressivo.
A professora começou a sentir dificuldade com aquele aluno. Resolveu ler a ficha do aluno e ficou surpreendida. Nos primeiros anos, Ricardo era um dos melhores alunos, estudioso e educado. Sua mãe morrera nova – 32 anos- com um cancro. E seu pai não queria saber do rapaz, dizia a ficha.
Daniela compreendeu então que o que faltava ao seu aluno antipático era carinho. Passou a falar com ele amavelmente e mais vezes. E Ricardo começou a mudar: a estudar, a estar atento, a fazer os trabalhos escolares, a obter melhores notas.
O tempo foi passando, Ricardo saiu da escola e de vez em quando escrevia uma carta simpática à sua professora. Entrou na Universidade e licenciou-se. Convidou a sua professora para a festa da sua formatura.
Esta história simples mostra como cada criança tem duas alavancas na vida: a sua família, que muitas vezes falha. (Uma das grandes lacunas do nosso país é a falha da alavanca da casa paterna). A outra alavanca é a escola que completa a acção positiva da família, ou corrige – ou tenta corrigir - a má educação transmitida por alguns familiares.
Neste caso apresentado, a professora, com o seu carinho, conseguiu fazer que Ricardo reaprendesse a sorrir, a criar amigos e a acreditar na vida.
A jovem professora com a arma do amor evitou que aquele rapaz fosse um drogado, um criminoso, um marginal, um infeliz.
Mais do que o nome dos rios e dos réis e tantas outros conhecimentos do programa, Daniela ensinou-o a amar.
Mário Salgueirinho
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