sábado, 22 de dezembro de 2007

Uma multidão interminável caminha, radiante, para o Presépio

Na caminhada para o Presépio há gente que vem a sorrir como quem agradece e louva.

Senhor, eu sou o africano Luenga. O meu país andou em guerra civil durante longos anos. Bombas, minas, ciladas, metralhadoras, fome, miséria, prisões, deportações, estropiamentos, mortes. Há algum tempo acabou a guerra e vivemos em paz. Estamos a aprender a viver como concidadãos. Os nossos governantes, ao contrário de tantos em África, são honestos, incorruptos e próximos do povo. Obrigado, Príncipe da Paz!

Senhor, sou a Ana e tenho 78 anos. Estou numa cadeira de rodas. Os meus filhos e netos cobrem-me de carinho, atenção, disponibilidade. São maravilhosos. E tantas vezes penso que há muita gente a sofrer muito mais do que eu! Gosto de viver e sinto que sou útil e importante para meus familiares e amigos. Por tudo, Senhor, obrigado!

Senhor, eu sou a Catarina e tenho 11 anos. Somos três irmãos e eu sou a do meio. A minha família é fixe. Os meus pais não são ricos, nada disso, mas dão-nos carinho, amor, atenção, presença. Explicam-nos sempre porque devemos ou não devemos proceder desta ou daquela maneira. Não tenho as roupas, os brinquedos e as férias de tantos dos meus colegas, porque os meus pais não mos podem dar. Mas tenho o mais importante, o amor da minha família. Obrigado, Irmão Jesus!

Senhor, nós somos o casal Boaventura. Trabalhámos anos a fio numa fábrica que fechou. Somos quase cinquentões e não foi nada fácil arranjar emprego, até porque temos poucas habilitações literárias. O desespero bateu à nossa porta, pois temos filhos que é preciso acabar de formar. Mas não fomos abaixo. Começámos a estudar as hipóteses de sairmos da situação. Surgiu-nos a hipótese do mini-crédito e criámos a nossa pequenina empresa. As dificuldades, ao início, foram grandes, mas mais uma vez lutámos. Hoje está tudo a correr bem e sentimos-nos felizes. Obrigado, Senhor, pela Tua providência!

Senhor, eu sou o Rolando e tenho 32 anos. Estive algum tempo na cadeia por tráfego, roubo e violência. A cadeia foi uma escola de sofrimento, de solidão, de abandono e de hábitos de trabalho. Aprendi um ofício e abandonei a má vida. Quando saí, olhavam-me de lado e ninguém me dava emprego. Mas não desisti. Sabia o que queria ser. Tinha de conquistar a pulso o respeito dos outros. Hoje trabalho numa fábrica, sou respeitador e respeitado e sinto que sou zeloso na minha profissão. Casei e tenho filhos e esposa admiráveis. Obrigado, Senhor, por nunca desistires de mim!

Senhor, eu sou o Rafa, natural da América Latina. Em nome da minha fé, nunca pude aceitar que uns tantos tivessem quase tudo e uma multidão incontável vivesse na míngua de tudo. Aderi a um movimento pela Solidariedade na Paz. Fui ameaçado e caluniado. Não desisti. Hoje somos um grupo enorme que não tem medo de enfrentar as injustiças pela não violência. Obrigado, Senhor, Salvador de todos!

E a multidão continua, interminável, a desfilar perante o Menino que sorri para cada um. E de todos os cantos do mundo, em uníssono com os Anjos do Presépio, surge o mais belo canto: "Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens que Ele ama!"

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