sexta-feira, 20 de abril de 2007

De olhar voltado para o nosso país


De 16 a 19 de Abril de 2007, reuniu, em Fátima, a 165ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). No Comunidado final, afirma-se que a Assembleia aprovou o seguinte documento, que se divulga nesta data:
- “Nota Pastoral Desenvolvimento e Solidariedade”.

Este documento, situado no âmbito das comemorações dos 40 anos da encíclica “Populorum Progressio”, de Paulo VI e dos 20 anos da encíclica "Sollicitudo Rei Socialis”, de João Paulo II, apresenta a análise dos nossos bispos sobre a situação social do Portugal presente. Os sublinhados são da minha responsabilidade.


"Evoquemos a parábola dor rico avarento e do pobre Lázaro a que faz referência o papa Paulo VI na sua encíclica. Ela retrata muito do que acontece no nosso país onde a pobreza atinge 21% da população. Muito se tem falado da sua erradicação. Alguns especialistas consideram possível atingir, ao menos parcialmente, esse objectivo. Porém, ainda não se encarou a sério esse problema.
Os sintomas parecem apontar o sentido contrário
. Pensemos na exclusão social, no desemprego e no emprego precário, na desertificação do interior, no envelhecimento da população, no isolamento dos idosos, nas deficiências do sistema de saúde, no desenraizamento dos imigrantes, entre outros. Todos eles são problemas complexos e multifacetados que requerem uma abordagem abrangente. Não podem ser equacionados apenas sob o prisma económico, esquecendo a sua componente humana, social e ética.
O consumismo, a globalização, a deslocalização de empresas, a corrupção, o tráfico de pessoas humanas, de drogas e de influências são fenómenos que contribuem para ampliar a distância entre os ricos e os pobres.
Basta pensar que uma escassa minoria da população é detentora da grande parte dos recursos.
Para alcançar um desenvolvimento equilibrado e integral não se pode esquecer a educação, sector que se tem vindo a degradar. Precisa, urgentemente, de ser reabilitado. As novas gerações, garantia do desenvolvimento futuro, precisam de ser educadas para os valores humanos, cívicos e morais, suporte básico do desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade. Entre os valores a promover, destacam-se: o valor da vida desde o seu início até à morte natural; o valor do matrimónio e da família, célula base de uma sociedade equilibrada, capaz de propiciar desenvolvimento harmónico e integral às novas gerações.

Finalmente, dentro do quadro do desenvolvimento propiciado pela solidariedade, queríamos por em evidência a importância do voluntariado. Antes de mais, deixamos uma palavra de louvor e de incentivo ao muitos milhares de voluntários que, ultrapassando a concepção economicista do trabalho e da vida, disponibilizam o seu saber, as suas competências e o seu tempo ao serviço de instituições de saúde, de solidariedade, de serviço cívico ou outros, dando um sentido de valor às suas próprias vidas e ajudando milhares de crianças, de jovens ou de idosos a superar os obstáculos do percurso vital.
Deixamos aqui um desafio a todas as pessoas que têm disponibilidade de tempo e coração generoso a que exercitem a solidariedade, individualmente ou integradas em grupos organizados ou instituições.

Se, como disse Paulo VI, o desenvolvimento é o novo nome da paz, a solidariedade, no dizer de João Paulo II, é o caminho para o desenvolvimento.

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