sábado, 14 de abril de 2007

Portugal - o país da União Europeia com maiores níveis de desigualdade

As populações mais pobres foram as que mais empobreceram nos últimos anos, indiciando um falhanço das políticas sociais dirigidas a este sector populacional, segundo dados apresentados hoje na conferência «Compromisso Cívico para a Inclusão», promovida pela Presidência da República.
De acordo com um estudo sobre a «distribuição do rendimento, desigualdade e pobreza em Portugal», apresentado por Carlos Farinha Rodrigues, professor do Instituto Superior de Economia e Gestão, a taxa de pobreza é maior depois de contabilizadas as transferências sociais.
Um dado que deixou «esmagado» Daniel Bessa, presidente da Escola de Gestão do Porto, que moderou o primeiro painel da conferência que hoje reúne em Santarém cerca de um milhar de pessoas, num evento que culmina o Roteiro para a Inclusão, iniciado em Maio de 2006 pelo presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
«Fiquei esmagado com a evidência do relativo fracasso das políticas de transferências sociais», disse Daniel Bessa perante o dado de que a taxa de pobreza é em Portugal superior à média europeia quando se contabiliza o efeito das transferências sociais (20 contra 16%).
A taxa de pobreza antes da aplicação dessas transferências e do valor das pensões é praticamente idêntica à média europeia (42 contra 43%), tal como acontece quando se soma o valor das pensões (26 por cento em ambos os casos).
«Gostava de saber quanto custam essas políticas, cujo mau resultado está à vista», afirmou Daniel Bessa.

Segundo os dados apresentados por Farinha Rodrigues, Portugal continua a ser o país da União Europeia com maiores níveis de desigualdade (41% contra os 31% da média comunitária a 25) e maiores níveis de pobreza.
«Não sendo novos, são dados que não podem deixar de nos envergonhar», disse o investigador, realçando a evidência da «ineficiência» das políticas sociais no combate às situações de pobreza.
Farinha Rodrigues não deixou de relativizar os dados apresentados, sublinhando que, a par da taxa elevada e da persistência da pobreza, há também uma melhoria significativa dos níveis de vida das populações.
Frisando que a pobreza «não é uma fatalidade», o docente do ISEG defendeu a necessidade de «políticas sociais efectivas», com a melhoria do modelo de desenvolvimento, que reduza a exclusão, e políticas sociais «activas, com medidas concretas para a inclusão».
A conferência «Compromisso cívico para a inclusão» decorre ao longo de todo o dia no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas, em Santarém, sendo encerrada pelo ministro do Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva, pelo presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e pelo presidente da República, Cavaco Silva.
Diário Digital / Lusa

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