quinta-feira, 12 de abril de 2007

Os preços em Espanha e em Portugal


Milhares de portugueses, sobretudo os que vivem próximo da raia, são atraídos pelas compras em Espanha. Os preços são mais baixos e ainda há o bónus de se encher o depósito do carro com menos euros. Um cenário alicerçado numa política de impostos menos agressiva do Estado espanhol no IVA e no ISP. Preços mais baixos, para salários mais altos em 2006, o salário mínimo de um português rondava os 437 euros, em Espanha os 631 euros. Jorge Passos, empresário de Viana do Castelo e membro do Conselho Nacional da Associação das PME Portugal, elaborou um estudo que revela uma realidade incontornável os preços dos bens de primeira necessidade em Espanha são muito atraentes em relação aos praticados em Portugal.A discrepância do IVA e, no caso dos combustíveis, do ISP (imposto sobre produtos petrolíferos), estão a cavar um "fosso" cada vez maior entre o custo de vida português e espanhol, e, consequentemente, a arrastar milhares de consumidores para o país vizinho. O empresário efectuou, em Junho de 2006 e de novo em Janeiro deste ano, um estudo com base num cabaz de 77 produtos alimentares, de higiene pessoal e geral, bebidas e parafarmácia. Passos levou em conta um universo de cerca de 80 mil habitantes dos concelhos da raia minhota, entre Caminha e Melgaço. E concluiu que, se um agregado familiar comprar o cabaz que seleccionou, uma vez por mês, em território espanhol (em super ou hipermercados de referência), pode poupar cerca de 151 euros. "Notei, do primeiro para o segundo estudo, um agravamento globaldo preço do cabaz na ordem dos 30%. E de 35,5% se incluirmos a gasolina", diz Jorge Passos. No primeiro estudo, a diferença do preço do cabaz entre Portugal e Espanha situava-se nos 116 euros. Seis meses depois, em Janeiro deste ano, o empresário concluiu que a vantagem de comprar em Espanha já atingia os 151 euros. Mas Jorge Passos fez mais. Supôs que uma família portuguesa com residência em zona de fronteira, ao deslocar-se a Espanha para comprar o cabaz, aproveitaria para abastecer o automóvel. Nesse acaso, a poupança ascenderia, segundo o estudo efectuado em Janeiro deste ano, a 171 euros mensais - 20 por via do preço mais baixo dos combustíveis. Numa análise aos produros do cabaz - que inclui 46 produtos de mercearia, 19 de higiene e limpeza, oito bebidas e quatro artigos de parafarmácia e afins -, o empresário concluiu, por exemplo, que no caso dos produtos para bebés a diferença de preços é "brutal". A explicação reside na percentagem de IVA 4% em Espanha, contra 21% em Portugal. Na maioria dos outros bens do cabaz, os espanhóis cobram 12% de IVA, enquanto o Estado português cobra 21%. Passos concluiu, por outro lado, que se apenas 10% das famílias da região por si estudada fizessem compras em Espanha, isso resultaria numa "transferência de cerca de 1,2 milhões de euros por mês" para os comerciantes do país vizinho. E lembra que, se a mesma estimativa se fizer para as regiões fronteiriças de Chaves, Quintanilha, Vilar Formoso, Monfortinho, Badajoz e Vila Real de Santo António, serão "quase 11 milhões de euros de compras mensais em Espanha que podiam ser feitas em Portugal".


03.04.2007 - Jornal de Notícias

1 comentário:

  1. O Sr. Primeiro Ministro na entrevista dada á SIC, diz que a descida dos impostos não é solução. Claro, a solução é o povo Portugês viver no limiar da pobreza, enquanto os frutos dos impostos são aplicados na OTA e no TGB.Porque isto é que é realmente importante. Alguns Senhores têm que vender os seus terrenos bem vendidos, para justificar o investimento.
    Assim perdemos poder de compra ,ou vamos ao país vizinho, saindo divisas de Portugal. Chama-se a isto uma boa economia. Ou será uma nova cadeira que consta do curriculum do Sr. Ministro?

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