segunda-feira, 16 de março de 2009

Os leigos, quando se assumem, são maravilhosos

Integrada na Semana Nacional da Cáritas, que este ano se realizou em Lamego, duas pessoas da Cáritas do Algarve deslocaram-se a Tarouca no último sábado para um encontro com o GASPTA e outros elementos - estavam algumas pessoas de outras paróquias.
Eram dois homens, cristãos leigos. Um deles até no desemprego, pois a empresa onde trabalhava falira...
Um apresentou em termos vivenciais o modo como funcionava o grupo sócio-caritativo da sua paróquia. O outro apresentou-nos um diaporama sobre São Paulo, logicamente centrado nas ideias e vivências de Paulo sobre a caridade.
Marcou-me o avontade, a espontaneidade e a naturalidade da sua intervenção. Sobretudo por não serem padres nem frades. ERAM LEIGOS!
Fascina-me uma Igreja-povo de Deus, onde cada baptizado assuma a sua vocação baptismal. Uma Igreja clerical (estilo: padre/galinha e leigos/pintainhos) é uma reminiscência ante-conciliar que teima em sobreviver.
Uma Igreja onde existe uma igualdade fundamental (TODOS FILHOS DE DEUS) e uma diferença funcional (diversos carismas e serviços).
Uma Igreja onde os leigos (esmagadora maioria dos católicos) assume a sua missão baptismal.
Uma Igreja onde a minoria (bispos, padres, diáconos, religiosos) estimula, respeita e acolhe a especificidade da missão dos leigos.
Na Igreja ainda se nota, mais clara ou mais veladamente, uma certa desconfiança do clero em relação aos leigos.
Na Igreja nota-se ainda mais a dificuldade que os leigos têm em exercer plenamente a sua missão. É-lhes mais fácil criticar os padres do que assumir em plenitude a sua vocação baptismal. E não podemos esquecer que todo o baptizado é um enviado. TODO!
É sintomático: os leigos conhecem muito melhor as "funções" dos padres do que as suas....

Gostei imenso, por tudo isto, da presença e da intervenção daqueles dois irmãos leigos. A facilidade com que falavam dos temas paulinos, a partilha de experiências concretas e o espírito de Igreja são bem a prova que os leigos, quando querem, são maravilhosamente apóstolos.

Aqui deixo, mais uma vez, o endereço do documento conciliar sobre o Apostolado dos Leigos. Como estamos em Quaresma, que tal, amigos leigos, a sua leitura durante este santo tempo???
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decree_19651118_apostolicam-actuositatem_po.html

1 comentário:

  1. Em homilia que se pôde ouvir com a nitidez que a Rádio Renascença põe na transmissão da mesansagem radiofónica para quem viaja, e cuja leitura se tornou acessível na "ecclesia", de 16 de Março, Dom Jacinto, bispo lamecense, fez uma bela excursão teológico-pastoral a emoldural o DIA CÁRITAS. Escorado em citações bíblicas de antologia e evocando a corroboração do sumo pontífice reinante e a autoridade de seu último predecessor, disse o que tinha de ser dito nos dias de hoje, em termos da denúncia da desventura caprichosa da nossa sociedade, bem sentida nos grandes centros populacionais. É de meridiana clarividência o seguinte excerto pronunciado sem papas na língua e com boa entoação, que eu bem ouvi:
    "O momento que vivemos comporta circunstâncias peculiares e problemas sociais decorrentes da tão falada crise que tornam porventura ainda mais premente esta vivência. Felizmente muitos se vão apercebendo, também cada vez com mais convicção, de que a crise moral e de valores é mais grave ainda, e é a causa última da crise económico-social que se experimenta. Entremos no mundo que nos rodeia. Alarga-se o círculo dos que não têm um mínimo indispensável para sobreviver. Cresce o número dos desempregados com a redução drástica de postos de trabalho, e com os despedimentos massivos, eventualmente sem motivo justo e por mero oportunismo económico dos empresários, tudo isto, já com frequência, com a consequente realidade do desespero, porta aberta à violência."
    Não é fácil um bispo estar de parabéns nesta matéria. Mas este está!

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