segunda-feira, 30 de março de 2009

Evangelho numa mão e jornal na outra

Foi Paulo VI que trouxe para o seio da Igreja a imagem. Evangelho numa mão, jornal na outra.

Ora neste campo, a comunicação social oferece-nos uma montanha de assuntos a que muitas vezes passamos ao lado, não os reflectindo à luz do Evangelho.

Por exemplo, que importância damos a problemas humanos que encharcam a comunicação social? A violência familiar - escandalosa em Portugal -, o desemprego como praga galopante dos nossos dias, a insegurança reinante, a violência - sobretudo jovem -, o trâfego de pessoas relacionado com a droga e a prostituição, a maneira desumana como são tratados muitos imigrantes,a educação (?) da juventude sem valores e sem projecto, apenas e só mecanicista, o envelhecimento da população, a corrupção e o lucro fácil, os ordenados escandalosos de políticos e empresários, o encerramento (e/ou despedimento) oportunista de empresas, os 20% de portugueses (penso que mais, actualmente) à boca da pobreza, a chantagem dos políticos sobre os eleitores, as falsas promessas dos políticos e a maneira como ocultam a verdade dos cidadãos, rendimentos mínimos de inserção dados a oportunistas e viciosos, etc, etc, etc.

Que a Igreja defenda e se bate até à cruz pela vida no início e no fim, plenamente de acordo. Mas por que não se bate com igual coragem pela mesma vida no durante?

Agora vejamos. Que impacto têm estes problemas que citei e outros nas nossas homilias, nas reuniões dos nossos grupos, nas nossas catequeses, nas nossas famílias, nos nossos contactos pessoais, na nossa impressa???

"Pai, não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal" - Jesus Cristo.

1 comentário:

  1. Esta peça faz-me recordar as aulas do célebre AAA em Teologia da Acção Pastoral: a celebração deve começar por assumir os problemas do mundo e da comunidade, iluminá-los abundantemente com a Palavra de Deus, apresentá-los na Oração Universal e retomá-los, numa perspectiva de síntese e de compromisso, na parte final.
    Era: a Palavra de Deus raramente deveria cair como que de pára-quedas.
    Paulo VI, na linha da "Gaudium et Spes", inaugurou e praticou um dinamismo discursivo novo, ou seja, na convicção de a Igreja também aprende com o mundo e numa perspectiva de acompanhamento de serviço, citava muitas vezes e profusamente autores não eclesiásticos.
    Foi pena esta perspectiva ter sido posta um pouco de lado, com as desculpas de que se devem comentar as leituras e de que a Igreja tem no seu "depósito da fé" tudo o que o homem moderno precisa de saber.
    Já agora, porque não se relativiza a vantagem de as homilias serem preparadas em conjunto, se as comunidades são diferentes? Prepará-las, sim; mas pronunciá-las com igual texto e de igual jeito, talvez não! Pior ainda, será seguir à risca um qualquer manual ou revista, por mais bem elaborados que venham!

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