domingo, 7 de dezembro de 2008

Salvé, ó cheia de graça!

Há muitos séculos que celebramos a Imaculada Conceição de Nossa Senhora, a 8 de Dezembro. Há três séculos e meio (1646) tomámo-la por rainha e padroeira de Portugal. Há cento e cinquenta anos, o bem-aventurado Papa Pio IX definiu dogmaticamente esta verdade. Uma verdade iluminada pela Palavra de Deus, como teria de ser. Ainda nos ressoam as frases escutadas. De Deus à serpente, reprovando o pecado e anunciando a graça: “Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela. Esta há-de atingir-te na cabeça, e tu a atingirás no calcanhar”. A mulher chamou-se Maria, a descendência Jesus Cristo, reconhecemos nós. Recuperou-se assim o plano original de Deus. Pela vitória de Cristo em Maria e em nós, cumprir-se-á o desígnio criador, lembrado por S. Paulo: Deus escolheu-nos em Cristo, “antes da criação do mundo, a fim de sermos, na caridade, santos e irrepreensíveis diante d’Ele”. E fazemos nossa, com um sentimento sempre mais jubiloso e profundo, a saudação angélica à Virgem de Nazaré: “Salvé, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!”.

Salvé! Avé Maria, cheia de graça!”: Não haverá aclamação mais constante, invocação mais espontânea em lábios católicos do que esta mesma, dirigida com o Anjo a Nossa Senhora. E, acreditando nós na acção do Espírito Santo, guiando-nos o coração e a mente no sentido da verdadeira religião, temos de convir que tal insistência nos conduz a uma verdade fundamental, dogma de fé e iluminação da vida.

“Avé Maria, cheia de graça!”: Não só naquela altura, quando o Anjo lhe anunciava e propunha a maternidade divina. Mas como realidade da sua existência toda, desde o momento da sua conceição, por isso mesmo imaculada, sem lugar algum para o que não fosse só de Deus.

“Avé Maria, cheia de graça!”: Revelação do Espírito, que nos demonstra em Maria o que poderíamos ser sem o pecado e o que havemos de ser pela redenção, nela preparada e consentida. A imaculada conceição de Maria é o primeiro e prévio fruto da redenção de Cristo, onde a graça da criação se aumenta com a da nova criação.
D. Manuel Clemente

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