domingo, 14 de outubro de 2007

Que país é este?

Vale a pena ler este artigo do Correio da Manhã.
Aqui fica o endereço:
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=261498&idselect=9&idCanal=9&p=200

Fala-nos de um Portugal que nós já conhecemos. Um litoral superpovoado e de um interior abandonado.
  • 128 freguesias, das 4259 existentes em Portugal, têm menos de 150 eleitores. Cinquenta destas possuem menos de cem eleitores.
  • 56 é o número de concelhos desertificados e com forte tendência de exclusão. Representam cerca de 4,9 por cento da população portuguesa.
  • 20 por cento é a percentagem do território do Continente definido pelo Instituto de Segurança Social como estando envelhecido e desertificado.

Repare só neste testemunho de uma jovem que nasceu numa dessas aldeias isoladas:

"VOU TER DE SAIR DAQUI" (Ana Fruela, 19 anos)

“Foi nesta aldeia que nasci e cresci, mas tenho a noção de que vou ter de sair daqui para ser feliz. Além da minha família não há mais nada que me prenda aqui. Infelizmente, esta aldeia vai acabar por falta de tudo.”

Trata-se de um exemplo paradigmático dos milhares de pessoas que persistem em dar vida a aldeias do Interior do País onde falta quase tudo. Não admira que muitas tenham sido votadas ao abandono, por falta de condições sociais e económicas, mas, sobretudo, de gente. Nestes povoados, muitos sem água canalizada nem rede de esgotos, as estradas não passam de caminhos alcatroados, estreitos e sinuosos, onde os poucos automóveis que ali circulam têm de parar quando se cruzam.
Não têm onde comprar os alimentos que a terra não lhes dá. Não existe farmácia nem cafés onde se possam encontrar, muito menos lojas para comprar roupas. Farmácia ou multibanco são uma miragem.
Duas vezes por semana recebem a visita do padeiro, do peixeiro e do merceeiro ambulante. São eles que lhes trazem novidades do resto do Mundo, alterando a rotina diária de trabalhar duro no campo e tratar dos animais que são o ganha-pão.

Estão longe de tudo: do médico, do padre, dos grandes centros de decisão. “Vivemos à parte do Mundo”. “Vivemos à rasca, longe de tudo e quase sem nada. Não passamos fome porque temos terras. Se não fosse isso, não sei o que seria de nós.”

Até quando vamos manter uma faixa litoral intensamente povoada, com todo o cortejo de inconvenientes que daí decorre, enquanto o resto do território vai ficando às moscas? Quando é que os governos e a sociedade vão tomar consciência disto? Quando é que os responsáveis civis, políticos, empresariais e religiosos do interior vão perder o medo e começar a rebelar-se?

O Interior também é Portugal! Aqui até podemos ter melhor qualidade de vida. Basta que se lembrem e nos lembremos que que também somos PORTUGAL!

Obras megalómanas no litoral, veja-se o TGV e o aeroporto. O indispensável continua à espera no interior. Assim não.

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