Efectivamente, o farisaísmo é mais frequente e auto-satisfatório que a autenticidade; a predilecção pelo conservadorismo é mais natural e dá mais segurança; a manutenção do "status quo" é mais apetecível e confortável.
No entanto, o Evangelho, se é de completamento, também exige, por vezes, o movimento de ruptura, de frontalidade, de agitação, de reviravolta. Pena é que habitualmente se atenda mais à instalação das ideias, das atitudes, dos afectos e dos comportamentos que às moções do Espírito, à força renovadora, ao movimento transformador. E estes são muito mais abundantes do que aquilo que somos levados a pensar. A História da igreja está pejada de fenómenos destes, muitas vezes eclipsados pelo supino clima de desconfiança reinante.
Mesmo da alta hierarquia vem o pensamento de que o Papa tem a missão de confirmar os irmãos na fé. Mas parece entender-se essa missão como se fosse de aceitar passivamente ou com encómios a crença estabilizada, quando a Fé é operativa (sem obras é morta), revolucionária (movedora de montanhas) e subversiva - porque fundada na Morte e Ressureição de Cristo - e inconformada - perante a miséria e as atitudes indignas e indignificantes.
É por isso que viver o presente não basta. Importa construir o futuro com as luzes que o passado projecta no presente a "curtir" o percurso do ser humano, que, no seu devir, não pode deixar-se afogar nesta sociedade consumista e corruptora, com os valores totalmente baralhados.
Abílio Carvalho
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