A comunicação social (televisão, jornais, revistas, rádio) têm muita dificuldade em compreender e transmitir correctamente a mensagem da Igreja. Ou calam ou deturpam, enviesam, suprimem, interpretam à sua maneira. Todos? Há honrosas excepções.
Veja-se a viagem papal a África. Pegou-se numa frase do Papa sobre o preservativo, fez-se disso o "cavalo de batalha" e todo o resto ficou na sombra.
E não só. Qualquer escândalo atinente a pessoas da Igreja - verdadeiro ou suposto - irrompe em vulcão na comunicação social. As maravilhas que a Igreja vive e opera no mundo são silenciadas.
Por parte da comunicação social, haverá só ignorância no que toca à Igreja? Não haverá má fé algumas vezes? Não trabalharão na sombra forças maçónicas, ateias e até políticas?
Claro que a Igreja, como já o tenho referido muitas vezes, tem uma grande dificuldade em comunicar e comunicar-se. Por um lado, temos que ter consciência que o Mistério de que a Igreja é portadora não é comunicável "numa rapinha". Exige algum tempo para que as pessoas a possam compreender. Por outro lado, todos os crentes precisam imenso de melhorar a maneira de comunicar. Não basta ter uma Mensagem sublime, é preciso sabê-la transmitir e transmiti-la às pessoas DESTE TEMPO!
Não há que ter medo de remar contra a maré do tempo. É necessário que o tempo entenda a posição da Igreja.
Não pode a Igreja, nem pelos seus hierarcas nem pelos seus peões de brega, entrar em pânico pelo facto de a comunicação social não lhe entender a linguagem. A Comunicação Social, embora configure um complexo de meios de inesgotáveis possibilidades de que a Igreja pode e deve dispor para levar a bom termo a sua missão, não deixa de ser conduzida e servida por homens e mulheres. E, muitas vezes, os ditames da sociedade de consumo sobrepõem-se à visão da decência.
ResponderEliminarSão as forças de pressão, os interesses económicos, a pretensão hegemónica, as ideologias fracturantes, os estilos de vida facilitistas, são as modas, é o lucro fácil, é a guerra das audiências telvisivas, é a venda dos tablóides com os ditos furos jornalísticos, é o uso de objectos descartáveis, é a reciclagem a esmo! Nada disto se compadece com as exigências de uma mensagem profunda, embora simples, como é a evangélica.
O espectro genérico da comunicação social é mundo; e a Igreja vive no mundo, mas não é do mundo. Compete aos cristãos, para lá do uso de meios próprios, estarem presentes nos órgãos de comunicação social estatais e empresariais privados e exigir a vez e a voz do sério humanismo, que dá testemunho assíduo do Evangelho, quer como denúncia dos caprichos indignos e indignificantes do poder político e do poder económico ou dos desmandos dos sistemas financeiros, quer como acompanhante daqueles que sofrem toda a espécie de agruras originadas na violência da Natureza ou no coração cínico de alguns homens.
Importa que os militantes do Reino de Deus insistam oportuna e importunamente e não passem a vida a lamentar-se como recentemente uma ilustre figura pública fenminina, que se queixava de que ninguém a ouvia nem ao seu partido.
Se tristezas não pagam dívidas, lamentações também não mudam o mundo.
Tudo isto não significa que não devamos tentar perceber a linguagem dos grupos e dos povos e pôr a mensagem a línguagem que se entenda. No entanto, é de notar que já o Mestre verificava que os ouvintes gostavam do discurso, mas não entendiam. E algumas vezes afastavam-se, não porque não percebessem, mas porque o "sermo durus" baralhava-lhes as vidas!
Então o Papa tem ou não tem razão?
ResponderEliminarSuas palavras foram assustadoras… não conhece a África, é um criminoso… está ultrapassado… Não lhe saiu bem… – Foram palavras e expressões que saíram da boca ou da pena de alguns iluminados, como reacção ao dito escândalo das afirmações papais. Já se sabe ao serviço de quem ou de quê andam esses do politicamente correcto. Uma palavra, no entanto, de apreço para quem, em nome da gradualidade, da apreciação moral “post factum” ou da teoria consistente de que é permitido o mal menor para que não advenha um mal maior, justifica o preservativo em muitos casos em concreto.
Mas vozes autorizadas dão cada vez mais razão ao Pontífice. Vejamos:
O especialista em prevenção da SIDA do Centro de Harvard concorda com o Papa Bento XVI acerca do uso do preservativo. Edward C. Green diz que as polémicas declarações do Sumo Pontífice na visita a África estão «correctas».
Bento XVI foi criticado pelo Governo alemão e francês por dizer que a SIDA em África «não pode ser ultrapassada com a distribuição de preservativos». Bento XVI apelou à monogamia como forma de combater a propagação do VIH.
A Federação Internacional de Planeamento Familiar chegou mesmo a dizer que as declarações do Santo Papa são «assustadoras».
O especialista de Harvard considera que a distribuição do preservativo pode conduzir a uma «compensação de risco». Green diz que, uma vez protegidas com o preservativo, as pessoas tendem a assumir relações sexuais de maior risco.
«Não encontrámos nenhuma associação consistente entre o uso do preservativo e menores taxas de infecção pelo VIH, que, em 25 anos de pandemia, deveríamos ter encontrado se esta intervenção estivesse a resultar», afirmou Edward Green em entrevista à revista norte-americana «National Review Online», citada pelo «Times Online».
“Green defende que a redução do número de relações sexuais extraconjugais, bem como a redução da bigamia, combinadas com as relações conjugais de longa-duração são a foma mais eficaz para prevenir a infecção com o vírus da SIDA.
«A melhor e a última evidência empírica mostra que a redução do número de parceiros sexuais é o comportamento mais importante que tem relação com a redução da taxa de infecção por VIH», acrescentou Green, dizendo ainda que a segunda mudança de comportamento mais eficaz é a circuncisão masculina.
In “Portugal Diário, edição on line, de 30 de Março de 2009, 14, 12 horas.