Um grupo de cidadãos de Coimbra recordou o 50.º Aniversário do «Pró-Memória» a Salazar, escrito por D. António Ferreira Gomes, Bispo do Porto, com uma homenagem cívica”. “O gesto do bispo do Porto teve um alcance nacional” – disse à Agência ECCLESIA José Manuel Pureza, professor da Universidade de Coimbra e um dos organizadores da homenagem. E acrescenta: “fomos nós, enquanto país, que fomos beneficiados pela coragem cívica e pastoral do bispo do Porto”.
Na intervenção que fez no acto cívico, José Manuel Pureza afirmou que a Carta de D. António Ferreira Gomes (datada de 13 de Julho de 1958) “foi, de alguma maneira, a abertura católica ao «obviamente demito-o» que, também nesse ano, foi lançado sobre o ditador”.
Um documento que questionou os “pilares ideológicos da ditadura” – disse José Manuel Pureza. A carta levanta a questão “da abertura ao pluralismo político dos católicos”. E acrescenta: “um verdadeiro sacrilégio para o salazarismo”. Ao longo das páginas da Carta, o bispo do Porto aponta também os princípios básicos da Doutrina Social da Igreja contra “a organização económica e social que o fascismo nos estava a impor”. Um gesto que fica para a história como “prelúdio” da quebra do salazarismo.
D. António Ferreira Gomes põe por escrito aquilo que é “uma denúncia muito profunda do salazarismo”. E adianta: “não é uma irritação de circunstância, mas um gesto espiritualmente fundado”.
O pluralismo de caminho para semear o Evangelho é a pedra de toque do bispo do Porto. A carta é “um gesto de denúncia e de anúncio” – sublinhou o professor universitário. E finaliza: “este documento dá voz a uma inquietação que estava instalada em alguns meios católicos”.
In ecclesia
Que falta faz hoje à Igreja que está em Portugal um D. António Ferreira Gomes! Numa Igreja anémica de profetismo, o Grande Bispo do Porto é uma saudade e uma necessidade!
No actual panorama nacional, precisamos de gestos de "denúncia e de anúncio" e de profetas que dêem "voz a uma inquietação que está instalada" em muitos meios católicos e sociais.
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