Trabalhava naquela empresa há 33 anos. A carta chegou como um tsunami arrasador. Fora despedido!
Ele que, embora humilde, se orgulhava do seu brio profissional e da sua dedicação à empresa que considerava como a sua segunda casa.
E agora? Cinquentão, quem lhe dará trabalho? Ficar em casa sem fazer nada, a receber o subsídio de desemprego? Mas isso a sua dignidade de homem que sempre ganhou o pão com o suor do rosto não suporta.
Sabe que o Centro de Emprego acabará por o chamar para um daqueles cursos de formação que promove. Mas ele quer é mesmo trabalhar, não andar ali ao faz-de-conta...
Uma pessoa da família, que me contou esta cena bem real, dizia:
- A gente houve falar em desemprego, em empresas que fecham, em empresários que se deslocam para "paraísos" de mão-de-obra barata, mas pensa sempre que só acontece aos outros. Quando nos entra porta dentro, então o sofrimento, a revolta e o vazios são indizíveis.
Claro que há esperança. Um homem amigo de trabalhar, que percebe a fundo da sua especialidade na construção civil, acabará por encontrar uma empresa do ramo a abrir-lhe as portas.
Quer trabalhar. Levanta mesmo a perspectiva de emigrar. Aí a esposa entra em stress. Sozinho? Naquela idade? Ela para o acompanhar tem que renunciar ao seu trabalho que lhe dá um ordenado baixinho, mas que garante uma reformazinha. E depois a família é isso mesmo: família. Ali existe o mútuo encantamento.
Alguém lhe falou de Espanha para onde golfadas de portugueses estão a partir em busca do pão que Portugal lhes nega. Prefere ficar ao pé da família, mesmo ganhando muito menos. Mas se não puder, parte também. Sem trabalho é que não quer ficar. Ao menos em Espanha, pode visitar a família de 15 em 15 dias, como tantos.
Um caso. Entre milhares!
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