Já lá vão uns anos. Decorria uma visita de estudo e acompanhei os alunos. Os trabalhos exigiam que se andasse um bocado a pé pela serra. Às tantas, um aluno perguntou:
- Sr Professor, para que serviam aquelas casinhas pequeninas de pedra espalhadas pelos campos? Será que são vestígios dos Iberos ou dos Celtas?
Esclareci que não. Apenas humildes edificações em pedra destinadas a apoiar o trabalho agrícola e/ou o pastoreio.
A agricultura e a pastorícia desenvolviam-se ao ar livre - como hoje, embora actualmente haja também as estufas. Ora "quem anda à chuva molha.se." Então os agricultores e os pastores, porque sabiam por experiência da imprevisibilidade do tempo, foram semeando pelos campos estes abrigos para se defenderem dos temporais.
Tais abrigos serviam ainda para arrumar alfaias agrícolas, mormente quando o trabalho no campo se prolongava por mais de um dia...
- E por que razão não fugiam para casa quando vinha a chover' - insistiu o aluno.
Tirando as quintas, as pessoas viviam nos povoados e possuíam terras dispersas por bem longe. Não havia estradas nem caminhos em condições e, muito menos, transportes como hoje. Daí a necessidade de edificarem estes abrigos para se protegerem...
- E não roubavam as ferramentas agrícolas? - pergunta uma pequena.
Rarissimamente. Até nas casas as pessoas dormiam com as chaves na porta. Eram outros tempos. Havia muito mais respeito pelos pertences de cada um.
- Pois, quem dera que hoje fosse assim - comentou a aluna.
E poderá vir a ser se todos quisermos. Basta que todos nos convençamos que aquilo que é dos outros aos outros pertence.
Veja aqui a reportagem fotográfica sobre abrigos agrícolas da nossa zona.
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