sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Será que o cristão está a passar a viver a fé de uma forma light?

Uma volta ao supermercado é o suficiente para encontrarmos dezenas de produtos com a palavra light.
 
Actualmente existe uma grande preocupação na procura de alimentos que permitam praticar uma alimentação saudável, sem riscos inerentes a um excessivo consumo de calorias.

Light é a palavra mágica que hoje está na moda e com a qual se procura vender uma série de produtos de menor valor energético para conseguir uma linha esbelta, como por exemplo a Coca-Cola sem cafeína, a cerveja sem álcool, o tabaco sem nicotina, queijo sem gordura, leites desnatados, marmeladas com pouco açúcar, cremes sem nata, refrescos, maioneses, azeites, entre outros.

O que é afinal um produto light?

É todo aquele produto que apresenta na sua composição pelo menos 30% de valor calórico encontrado no alimento normal, o que significa que existe uma grande diminuição de calorias.

O light leva implícita uma verdadeira mensagem: tudo é ligeiro, suave, leve, débil e tudo tem um baixo teor calórico; poderíamos dizer que estamos ante o retrato de um novo tipo humano cujo lema é tomar tudo sem calorias. Estes alimentos são especiais para o trabalhador dos nossos dias, que, com frequência, come fora de casa, sem ordem e que a longo prazo corre o risco de aumentar de peso e passar a ter um excesso de colesterol (nome já mágico também para os consumidores) e de triglicéridos.

A palavra light, em princípio, tem um ponto de vista positivo no respeitante à alimentação, porém constitui hoje em dia um termo emblemático dos tempos que correm, e que nos reflecte claramente um modelo de vida bastante pobre. A vida light caracteriza-se pelo facto de tudo estar descalorizado, carecido de interesse e já não importa a essência das coisas, sendo cálido só o superficial.

Dá a impressão que o importante é viver bem e consumir, em interessar-se por tudo e, ao mesmo tempo, não se comprometer com nada.
O lema é não exigir demasiado e alcançar uma tolerância absoluta. Já não há desafios, nem metas heróicas nem grandes ideais, porque o importante é viver bem, sem esforços nem lutas consigo mesmo, sendo qualquer resultado tido como bom.

Vemos também uma série de actividades do dia-a-dia que se tornam mais difíceis de controlar: a educação dos filhos, manter um matrimónio estável, saber transmitir uma ordem e uma disciplina ao educar, exercer a autoridade, engordar (ai o drama de uns quilos a mais!), ir de férias, etc.

Perante este cenário há uma questão que ultimamente me vem ao pensamento: Será que o cristão está a passar a viver a fé de uma forma light?
Ir à missa quando apetece; bater à porta da Mãe Igreja só quando há um filho para Baptizar; um casamento na igreja que dá mais show; etc., são atitudes que me levam a pensar afirmativamente.
Vemos também o fenómeno das procissões e dos grandes aglomerados em romarias e na festa do santo xyz. Sabem onde estão e porque é que lá estão? Ou é só porque é costume e o farnel até é melhorado?

Já para não falar na famosa expressão: «sou católico não praticante»; mas se não pratica a fé poderá chamar-se católico?
 As pessoas vivem a fé de uma forma superficial, com muita falta daquelas vitaminas que lhe dão o verdadeiro sabor. Talvez seja mesmo uma fé light!

Perante este cenário, o que fazer?
- Como para tudo, é necessário formação, responsabilidade e compromisso.
- Há que lutar para vencer aquilo que na nossa vida é light, porque conduz a uma existência vazia; e voltar a recuperar o sentido autêntico do amor à verdade e da paixão pela liberdade autêntica.
- O progresso material não pode preencher por si mesmo as aspirações humanas.
- É necessário ter critérios para distinguir entre o bem e o mal; dotar a nossa vida de valores fortes e convincentes; ser comprometido e com perspectivas ante o futuro.

É urgente cultivar em nós um crente que lê, interpreta e vive a realidade a partir de Cristo e do Seu Evangelho; que vive a fé inserido numa comunidade cristã, da qual se sente membro responsável e activo.
 Fonte: aqui

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